Escotismo

Grupo Lauro Müller volta renovado após quase dois anos de incertezas

Retomada de atividades ao ar livre deve recuperar a baixa que a atividade teve durante o auge da pandemia

Galera está cheia de disposição depois de um ano de atividades virtuais (FOTOS: Renata Rosa)
Galera está cheia de disposição depois de um ano de atividades virtuais (FOTOS: Renata Rosa)

Se teve um grupo duramente afetado pelo distanciamento social exigido para evitar a transmissão de coronavirus foi o de escoteiros, criado há mais de um século para integrar crianças e jovens à natureza, despertando suas potencialidades físicas, cívicas e intelectuais. No Brasil estima-se que 100 mil pessoas façam parte do movimento e Itajaí conta com quatro grupos. O Lauro Müller, do bairro Fazenda, fez aniversário no dia 27, com a esperança que o controle da pandemia possibilite a volta de todas as atividades. O grupo foi fundado em 1983.

“Tivemos que nos reinventar porque a maior parte de nossas atividades exige contato”, explica o novo presidente do grupo, Paulo Marcelo Eng, 51 anos. Ele assumiu em outubro do ano passado após o falecimento de Paulo Sérgio Cerzino. Chefe Marcelo relata que logo na primeira reunião de 2020, eles foram pegos de surpresa com a notícia de que um vírus letal estava se alastrando pelo globo, bem quando planejavam o primeiro acampamento.

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“Fizemos uma reunião com os pais e a maioria optou por cancelar, logo em seguida teve a decretação estadual do lockdown, o que nos obrigou a criar alternativas para que as crianças não ficassem sem atividades e perdessem os laços com o grupo”, relembra. As tarefas eram passadas por e-mail e palestras se transformaram em lives. Mesmo assim, quase metade dos 108 membros acabou desistindo. “Na verdade ninguém aguentava mais ficar em casa. As crianças sentiam muita falta de correr e encontrar os amigos”, descreve.

Na volta às atividades, em maio, crianças e adolescentes devidamente paramentados com máscara e fazendo distanciamento para cantar o hino nacional, encontraram uma sede reformada e um local coberto para reuniões de planejamento e outras atividades. A reforma só foi possível com a arrecadação de eventos realizados em 2019, que fazem parte do calendário oficial: um churrasco em abril no Dia do Escoteiro, uma festa junina em novembro, no aniversário do grupo. Mas no ano passado os eventos tiveram que ser cancelados.

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Mudança da criança à fase adulta

Quando o DIARINHO chegou a sede do grupo Lauro Müller, registrou a cerimônia de mudança de escoteira para sênior da estudante Camila Albanez da Silva, 14 anos, que entrou para o movimento aos 7 como lobinha. O termo é inspirado no “O livro da selva”, de Rudyard Kipling, que conta a história de Mogli, o menino lobo. Nesta primeira fase, os chefes ensinam tarefas que estimulam a autonomia, como amarrar os sapatos, lavar louça, separar o lixo e viver em grupo em harmonia.

Ao se tornar escoteira, aos 11 anos, o pré-adolescente aprende a cozinhar, manter limpo seu uniforme, organizar seus pertences e fazer a manutenção de utensílios e ferramentas que fazem parte do arsenal de todo escoteiro, como cordas para montar as barracas. No estágio que Camila acabou de ingressar, é a vez de orientar os pequenos através de sua experiência colocando em práticas as habilidades desenvolvidas ao longo dos anos. Cada habilidade é reconhecida com uma insígnia, que eles lutam bravamente para conquistar.

Mas antes de ingressar no grupo sênior, Camila passou por uma cerimônia em que só seus pais são convidados a participar. O chefe dos escoteiros, Felipe Fortes, 42, disse para não olhar para trás. O mundo adulto apresenta muitos desafios, e é preciso ter auto-confiança para encará-los.

 

Tempo de voltar a correr ao ar livre

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Giovani (esquerda) faz parte da geração de lobinhos pós-quarentena

Lobinho e escoteiro são unânimes em afirmar que o que mais sentiram falta durante a quarentena foi suar e serem recompensados por uma providencial água fresca. Os adultos podem ter esquecido, mas brincadeiras com água são as mais apreciadas pelas crianças, que têm energia para dar e vender. E felizmente não se contentam só com games, ainda mais depois da overdose de 2020.

“Meus olhos doem de tanto olhar para a tela, por isso quando o grupo voltou pedi pra minha mãe me inscrever”, conta Giovanni Oldoni, nove anos. Ele faz parte da nova geração de lobinhos, que ressurgiu após o confinamento. Giovanni conta que adora atividades com água, assim como canto e dança. Livros também são outra paixão, tanto de ficção, quanto os históricos. “Eu fico fascinado quando vou à casa de minha avó e vejo vídeo-cassete, vitrola, quero saber a origem de tudo”, afirma. Sem contar o amor pelos animais. “Quando o chefe pediu sugestão falei em aprender a cuidar de animais. Adoro gatos”, revela.

Valentina Mafra, 10 anos, está no grupo desde os seis e conta como foi difícil se adaptar ao meio online. “Foi muito tédio. A gente não podia se encontrar, não podia correr nem brincar com água, que é tão refrescante”, lamenta. Entre as áreas de interesse de Valentina está o curso de primeiros socorros e cuidar de bebês. “A gente aprende a trocar fralda com boneca”. A irmã Sofia, de 14 anos, é escoteira e gosta de fazer trilhas. Já os acampamentos só voltam no ano que vem por causa da regra sanitária de uma pessoa por barraca.

 

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Grupo é reconhecido por sua utilidade pública

O grupo Lauro Müller também passou por várias fases ao longo de 38 anos de história. No início, os encontros eram realizados em um antigo galpão cedido pela Rede Ferroviária Federal. Depois, o grupo passou a se reunir em cima da loja Big Star, na rua  Hercílio Luz e depois, numa sala do Centro Social Urbano do bairro da Fazenda.

O atual espaço verde fica nos fundos do Centro Social, e foi cedido em 1986. Lá foi instalada a Aldeia Escoteira, onde são realizadas inúmeras atividades, além de campanhas sociais, cursos e adestramentos. O grupo foi reconhecido como de utilidade pública municipal em 1989, e pelo governo do Estado em 1998. Atualmente faz parte da comissão municipal de defesa civil do município.

O homenageado Lauro Severiano Müller foi um itajaiense engenheiro e diplomata, que chegou a ser Ministro dos Transportes e de Relações Internacional, e membro da Academia Brasileira de Letras, em 1917.

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