VACINAÇÃO
Maioria das mortes está ligada a pessoas sem vacinação completa em SC
85% das pessoas abaixo de 60 anos, vítimas da doença em outubro, não tinham tomado a segunda dose
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]
Levantamento preliminar da diretoria de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina (Dive-SC) mostra que a maioria das pessoas abaixo dos 60 anos, que morreram por covid-19 entre 14 de setembro e 13 de outubro, não tinha completado o esquema vacinal. De 104 mortes do grupo registradas, 85% (88 pessoas) não tinham tomado a segunda dose. A situação fez a secretaria de Saúde alertar sobre a importância da imunização completa.
No período analisado, o estado registrou o total de 431 mortes por covid, 327 (76%) de idosos e 104 (34%) de pessoas abaixo de 60 anos. Entre os idosos, 35% não tinham completado o esquema vacinal, representando 116 pessoas fora da imunização total. Dos idosos que já tinham recebido duas doses ou a dose única, apenas 2% tinham recebido a dose de reforço. Entre as vítimas não idosas, só 16% estavam com o esquema vacinal completo.
Na quarta-feira passada, o estado encaminhou 227.296 doses de vacina da Pfizer e Astrazeneca para os municípios aplicarem a segunda dose pra população em geral, e também a dose de reforço para os idosos. A região da Amfri seria atendida com quase 20 mil doses. Uma nova remessa de 189.540 doses da Pfizer, recebida na quinta-feira, seria destinada pra dose de reforço e para a primeira dose em adolescentes.
A distribuição busca ampliar a cobertura da imunização completa, ainda abaixo do ideal no estado. O superintendente de Vigilância em Saúde, Eduardo Macário, lembra que, para um maior controle da doença, é necessário vacinar pelo menos 85% da população. Atualmente, 67% pessoas que receberam a primeira dose completaram o esquema vacinal, com a segunda dose ou dose única.
Além da entrega de novas remessas, o estado alerta pra que os moradores não se atrasem pra buscar a segunda dose após o intervalo entre as aplicações. Balanço até a última segunda-feira mostrava que 465.431 pessoas que tomaram a primeira dose ainda não tinham retornado, no tempo correto, pra receber a segunda dose.
Mais de 90% da população catarinense acima dos 12 anos já recebeu, ao menos, a primeira dose no estado, representando 5,5 milhões de pessoas. Do total, conforme dados do estado até semana passada, 99,5% dos idosos alcançaram a imunização total. Entre os adultos de 40 a 59 anos, a cobertura era de 87%, e entre a população de 18 a 39 anos, o índice era de 52% com esquema vacinal completo.
De acordo com a melhora nos índices de vacinação no estado, o governo de Santa Catarina estuda afrouxar as regras de uso de máscaras neste mês. As regras ainda estão sendo elaboradas e devem constar em novo decreto. A publicação, porém, só será feita após revogação da lei federal que obriga o uso de máscaras em todo o país, em ambientes abertos e fechados.
Vacinação incompleta traz mais riscos
Eduardo Macário destacou que as pessoas, em atraso na aplicação da segunda dose, têm maior risco de desenvolverem formas graves da covid. Outra preocupação é com o baixo índice de idosos que receberam a dose de reforço, necessária pra aumentar a produção de anticorpos. O estado já recomendou que os municípios antecipem, de seis pra cinco meses, o intervalo pra aplicação da dose reforço aos idosos.
“Na medida em que envelhecemos, nosso sistema imunológico vai perdendo a capacidade de combater novas infecções e de produzir memória imunológica, deixando os idosos mais vulneráveis a diversas doenças, como a Covid-19”, disse.
Sobre o elevado número de mortes de pessoas que ainda não tomaram a segunda dose, a secretaria Estadual de Saúde ressalta que a situação serve de alerta aos jovens e adultos sobre a importância de completar o esquema vacinal pra evitar quadros graves da doença.
De acordo como secretário Estadual de Saúde, André Motta Ribeiro, a atual cobertura vacinal provocou melhora nos indicadores, mas é preciso superar a meta de 85% da população totalmente imunizada. “É de extrema importância que a população catarinense compreenda que o maior nível de proteção ocorre 14 dias após completar o esquema vacinal, com a segunda dose ou a dose única”, ressaltou.
A média móvel de mortes por covid-19, no estado, teve uma leve alta na semana passada, mas o número de novos casos segue em desaceleração. Foram 61 óbitos, na última semana, com média de nove por dia. Em outubro, 70% das cidades catarinenses não registraram óbito pela doença. A média de casos de infecções indica queda no estado, sendo que duas regiões – Planalto e Foz do Rio Itajaí – tiveram as taxas mais altas de casos confirmados.
Maioria das vítimas de outubro, em Itajaí, não tinha tomado vacina
Em Itajaí, foram 11 óbitos no mês passado, sendo cinco idosos. Conforme a vigilância Epidemiológica do município, do total de mortes, em sete casos (63,6%) as vítimas não tinham tomado a vacina, dois tinham recebido uma dose e duas estavam com o esquema vacinal completo.
“É importante avaliar o contexto geral da pandemia, no qual a vacinação tem impactado a redução de óbitos e internações pela doença no município. No entanto, mesmo vacinada, a população deve seguir todos os demais cuidados preventivos contra a Covid-19”, orientou o órgão em nota.
Na sexta-feira, Itajaí passou a marca de 300 mil doses de vacina aplicadas, entre D2, D2, dose única e reforço. A cidade tem 183 mil moradores atendidos com, ao menos, uma dose e quase 120 mil pessoas (68,87% da população) totalmente imunizadas.
Em Balneário Camboriú, foram 14 mortes por covid em outubro, sendo 12 idosos, segundo dados do estado. O município informou que a situação vacinal das últimas mortes dependeria de um levantamento específico, que ainda não feito na cidade.
Até quinta-feira, a prefeitura tinha aplicado mais de 210 mil doses de vacina, com quase 89 mil moradores totalmente imunizados.