Ruth Cardoso
Mãe acusa enfermeira de mandar dar a descarga em feto morto
Direção do hospital nega versão da mãe e diz que seguiu procedimentos corretos
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]

A moradora de Bombinhas, F.A., acusa o hospital Ruth Cardoso, de Balneário Camboriú, de negligência no caso da morte do seu bebê de 23 semanas, na última quinta-feira. Em uma postagem no Facebook, F. diz que uma enfermeira mandou o marido dela dar a descarga no feto após ele cair na privada, quando a mãe foi ao banheiro. Ela também reclama que a família não pôde ficar com o corpo pra realizar o enterro. Em nota, a direção do hospital nega as acusações.
Segundo a postagem, a mãe deu entrada no hospital na quinta porque o bebê não estava se mexendo e também não foi possível identificar os seus batimentos no atendimento que fez em Bombinhas. Após uma espera de cerca de três horas no Ruth Cardoso, o ultrassom confirmou a morte na barriga da mãe.
Segundo a mãe começou uma sucessão de erros. “Começou o inferno na minha vida, além de estar em choque por estar com um filho morto, fui mal tratada pelo hospital”, diz. Ela permaneceu internada e tomou comprimidos pra induzir o parto, já que não era possível fazer uma cesariana. Por volta de meio-dia de sexta passada, F. sentiu muitas dores e acionou a enfermeira, que fez o exame do toque e disse que o bebê não tava saindo.
A mãe foi até o banheiro e o corpo do bebê caiu na privada. “Entrei em desespero, meu marido também. Não sabíamos o que fazer, ele começou a gritar e chamar alguém, ela voltou, me levantou e disse as exatas palavras: ‘dá descarga pai, dá descarga’, meu marido sem entender e em choque com tudo, eu chorando desesperada, ele fez o que ela mandou, narra.
Um médico foi chamado e uma discussão entre a família e a equipe de enfermagem aconteceu, com a enfermeira acusando o pai de ter tomado a atitude de dar a descarga. Foi necessário quebrar o vaso pra retirada do feto. F. conta que permaneceu no hospital por mais seis horas pra ultrassom e curetagem. “Eu vi um médico só na hora que eu dei entrada e na hora que meu filho estava dentro do vaso sanitário, e ainda veio só pra gritar que iam todos pra cadeia (por ocultação de cadáver). Estou postando isso pra que não aconteça com mais nenhuma mãe. É uma dor inexplicável, além de ter meu filho morto, tive que passar por tudo isso”, relata.
Ela conta ainda que chegou a ver o bebê, que já estava bem formado, e pediu pra enterrá-lo, mas não foi atendida. F. reforça que não recebeu a certidão de óbito, nem informações como o motivo da morte.
Hospital nega acusações
A versão do hospital Ruth Cardoso, repassada em nota oficial, é diferente. Segundo o hospital, após a constatação de que o bebê estava morto, F. foi orientada a ficar em repouso, mas contrariando a recomendação, foi ao banheiro sem o acompanhamento de um membro da enfermagem. “Ao ser chamada, a enfermeira constatou que o vaso sanitário estava cheio de água e orientou para não darem descarga, chamou o médico e a equipe responsável para retirar o concepto do local”, diz a nota.
Segundo o hospital, a mãe recebeu suporte da enfermagem, psicologia e serviço social, bem como foi orientada sobre os procedimentos. “Segundo a legislação brasileira, é considerado aborto a expulsão ou extração de um embrião ou feto com peso inferior a 500g ou estatura menor que 25 cm ou idade da gestão inferior a 20 semanas. Como não houve manifestação dos familiares dentro das 24h no desejo de retirada do concepto, foi dada a destinação conforme normas do Ministério da Saúde e Anvisa”, completa o hospital.