Polêmica
Acionista de universidade é acusado de xenofobia nas redes sociais
Claudio Picolli, que assumiu a vice-presidência da Uniavan, chamou presidente da instituição de “forasteiro lageano” e “libanês”
Franciele Marcon [fran@diarinho.com.br]




O empresário Claudio Picolli assumiu o cargo de vice-presidente do Conselho de Administração da Uniavan em meio a muita polêmica nas redes sociais. Para anunciar a nomeação na terça-feira, conseguida através de uma decisão judicial, Claudio chamou Mohamad Hussein Abou Wadi, presidente da universidade, de “forasteiro lajeano” e “libanês”.
A declaração gerou uma avalanche de comentários e desagravos acusando o post de “xenófobo”. Claudio apagou o post no dia seguinte e publicou uma nota de retratação no Instagram.
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“Primeiro dia entrando na nossa empresa como vice-presidente do conselho Adm. Deus está no comando e só Deus sabe quem idealizou e projetou toda a área da saúde da @uniavan, junto com Artenir Werner. Quem projetou todo o bloco da saúde e aprovou os projetos de execução da obra junto a prefeitura. Com certeza não foi nenhum forasteiro ´lajeano´ ou libanês. A verdade vai ser contada a partir de agora. Obrigada, família Werner”, escreveu Claudio, marcando na publicação familiares do fundador e todos os centros acadêmicos da instituição.
Acusado de preconceito
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Após a publicação, começaram os comentários negativos nas redes sociais. “Para um primeiro pronunciamento de um vice-presidente, começou muito mal”, disse um internauta. “Primeiramente, xenofobia é crime, mas você “doutor” com todo conhecimento que se intitula ter, deve saber disso!”, escreveu outro.
O pessoal de Lages também se ofendeu com a postagem. “Forasteiro ´lajeano?´ Por acaso ser lageano e libanês agora é insulto? Não, isso se chama xenofobia! Que vergonha! Uma empresa que oferece educação ser tão má representada e ter um vice-presidente dessa índole! Vem para Lages, a gente te ensina o que é caráter e educação de verdade, já que é a verdade que você quer!”, disse um morador da cidade.
O jornal do Líbano também repercutiu a postagem em uma reportagem afirmando que Mohamad sofreu crime de xenofobia por ser descendente de libanês. “Eu sou brasileiro e tenho muito orgulho das minhas origens libanesas. Os libaneses ajudam muito na economia do país. O Brasil e o Líbano são irmãos e não podemos aceitar esse tipo de crime aqui. Quero agradecer todo o apoio recebido pela comunidade libanesa no Brasil”, respondeu o presidente da Uniavan ao periódico.
Ouvido pelo DIARINHO, Mohamad afirmou que está na presidência da instituição há 14 anos e frisou que ajudou a construí-la. “Ele [Claudio] poderia me atacar de maneira profissional e não pessoal, pois essa situação atinge minha família, minha origem e minha raça”, afirmou. O presidente também fez uma ata notorial em cartório registrando o post antes de ele ser deletado. Mohamad disse que seus advogados entrarão com as medidas necessárias. “Ele será processado. Já está sendo criminalmente e agora também será por xenofobia”, concluiu.
Retratação pública
Após a polêmica no Instagram, o vice-presidente apagou a postagem original e publicou um texto com uma retratação. “Em nenhum momento tive o intuito de praticar ato de xenofobia. O meu comentário está estritamente ligado à conduta adotada pelo diretor presidente da Uniavan, em obstar a formação do Conselho de Administração por mais de seis meses, inclusive proibindo a entrada dos demais acionistas na sede da companhia. É importante ressaltar que tal situação gerou um estresse psicológico a todos os envolvidos. Por fim, quero pedir desculpas a qualquer pessoa que tenha se sentido ofendida ou insultada com meu comentário”, escreveu Claudio Picolli.
Desde a morte do fundador Artenir Werner, os acionistas da Uniavan disputam o comando da instituição na justiça. Isabel Regina Depiné Poffo foi exonerada do cargo de reitora recentemente. O jornalista André Gobbo foi nomeado para a função.
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"O Centro Universitário Avantis – UniAvan - repudia os atos praticados nesta data e declara que não se trata de um posicionamento oficial da empresa, mas sim um ato isolado e pessoal do acionista," disse Gobbo sobre o post de Picolli. Ele informou que o autor da mensagem não ocupa atividade pedagógica na universidade, sendo apenas acionista e membro do conselho administrativo da Uniavan.