Praia Brava
Abandono das obras de passeios revolta moradores e comerciantes
Síndico de condomínio conta que vizinhança não tem informação sobre andamento da reurbanização
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]

O projeto de reurbanização da avenida Delfim de Pádua Peixoto, na praia Brava, em Itajaí, está provocando polêmica pelas obras nas calçadas e o alargamento da via que deixou os postes de energia no meio das vagas de estacionamento. A falta de planejamento e organização nos serviços e os atrasos também geram reclamações de lojistas, empresários e moradores do bairro.
Um dos sócios da loja Santa Costa, Christofer Stoner, denuncia que as obras para as novas calçadas pararam há pelo menos três semanas. Ele conta que o passeio que construiu na frente da loja, que era pintado, com guias para cegos e bem mantido, foi destruído. O empresário mesmo teve que improvisar o acesso à loja com a colocação de brita enquanto a obra da prefeitura segue parada.
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Em outros trechos da rua, onde também havia calçadas com guias de acessibilidade, o passeio também sumiu. Com a paralisação dos trabalhos, os passeios ficaram largados, com restos de materiais, buracos e obstáculos, fazendo com que pedestres e ciclistas tenham que andar no meio da rua. A avenida também está recebendo a troca de pavimentação, com colocação de pavers, mas o trabalho não avança.
Christofer relata que os operários sumiram e que o local já está há 70 dias em obras. A colocação dos pavers na rua demorou quase três meses pra chegar ao trecho da loja, no início da avenida, perto da sociedade Guarani. “Quanta paciência ainda é preciso ter? A calçada está assim há três semanas, no mínimo”, questiona.
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Ele ainda observa que a construção do passeio está vindo desde a esquina do clube Habbitat, na beira-mar, o que não era previsto no projeto original. Outro problema é que a avenida foi alargada e ganhou nova pavimentação, mas os postes foram deixados no meio das vagas de estacionamento.
Condomínios e comércios prejudicados
O comerciante Johnny Clai, do restaurante Melanina, destaca que mulheres, crianças e idosos têm dificuldade de caminhar pelo trecho, que tem movimento intenso de carros e turistas. Nas últimas chuvas, os passeios ficaram enlameados. “São três meses de poeira, barro e lama. O projeto não tem coordenação nenhuma e a prefeitura não tem interesse em coordenar as mudanças”, afirma.
Para Felipe Becker, que é síndico de dois condomínios perto da loja Santa Costa, o motivo do abandono das calçadas teria sido uma adequação no projeto, conforme justificativa que ouviu. Detalhes da mudança, cronograma das obras e prazo de retomada não foram informados. “Os condôminos pedem uma posição e a gente tenta ir atrás de informações, mas não sabemos das mudanças e não temos previsão de conclusão”, lamenta.
Calçadas sem guias para cegos
A secretaria de Urbanismo, responsável pelo contrato da obra na Brava, diz que a execução do projeto na avenida está em andamento e não teve interrupção. Segundo o órgão, os trabalhos estão “concentrados” na pavimentação em paver. “As calçadas foram retiradas, mas nos próximos dias serão iniciadas as obras nos passeios”, informa.
Conforme a secretaria, as calçadas no local seguirão as novas normas de acessibilidade com desenho universal, como nas obras de reurbanização em ruas do centro de Itajaí. O novo modelo prevê piso com textura e excluiu as guias tácteis para cegos. O piso táctil é só previsto em pontos de risco, como cruzamentos, pra orientar os deficientes em travessias e desníveis. A novidade já foi criticada no centro de Itajaí pela associação de deficientes visuais, que alega que não foi consultada sobre as mudanças.
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A secretaria afirma que não há nenhum problema com a empresa que toca a obra, apenas que as calçadas tiveram a alteração no projeto pra atender a normas mais modernas de acessibilidade. Sobre a questão dos postes, a realocação foi solicitada à Celesc e o serviço é aguardado pelo município.
As obras na Delfim de Pádua Peixoto começaram em fevereiro. A drenagem e pavimentação já chegaram até a rua Luci Canziani e seguirão pelos próximos cruzamentos até a conclusão. O projeto de reurbanização envolve toda a extensão da avenida, de 1,7 quilômetro, além de trechos das avenidas José Medeiros Vieira (Beira-mar) e Carlos Drummond de Andrade. A obra é de R$ 4 milhões, com prazo de um ano pra terminar.