Manobras radicais
Galera da bike reclama da falta de espaços para rolês na região
Grupo que curte "empinar e arrastar para-lamas das bikes" denuncia perseguição de moradores e das forças de segurança
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]
Grupos de adolescentes e jovens de bicicletas que tomaram o molhe da praia da Atalaia no sábado, em Itajaí, foram denunciados por aglomeração no local e falta de uso de máscaras. A guarda Municipal foi chamada pra verificar a situação. Segundo o órgão, não foi constatado nada irregular, pois a gurizada estava apenas se divertindo e não haveria restrição de permanência no local.
Os participantes responderam às críticas de moradores feitas contra o grupo pelas redes sociais. Eles explicaram que o movimento é um encontro anual de bikes, com a participação de diversas equipes da região e organizado pelas redes sociais. O evento é tradicional e ocorre sempre no 1º de maio. Em 2019, mais de 500 participaram. A galera das bikes destaca que a pista do molhe é mais apropriada para manobras por ser extensa e pavimentada.
Os membros dos grupos ainda levantaram a queixa de que falta um espaço liberado pra realização desses encontros. Os grupos costumam se reunir em diversos pontos, mas enfrentam as reclamações de vizinhos e abordagens da polícia ou da guarda municipal mesmo quando têm autorização. As bicicletas são preparadas pra realização dos rolês e muitas manobras. As equipes costumam descer ladeiras e empinar as bikes até arrastar a parte traseira no chão.
Um dos coordenadores da equipe Grau Camboriú (EGC), de Balneário Camboriú, Maicon Luiz da Silva, diz que o encontro costumava rolar na estrada da Rainha, em Balneário Camboriú. Mas a pista usada virou via de tráfego de veículos, enquanto a outra pista do morro está fechada devido às obras de contenção da encosta.
Fora o encontro anual, os grupos costumam organizar rolês aos sábados ou aos domingos. As equipes reúnem praticantes de Balneário Camboriú, Itajaí, Navegantes e Itapema. Em Balneário, já houve encontros com mais de 80 pessoas, conta Maicon, mas a liberação de locais adequados é a principal reivindicação dessas equipes.
Em Balneário, o grupo já usou uma rua perto da Avantis, mas vizinhos se queixaram e chamaram a polícia Militar. Agora os ciclistas também estão usando a área de um loteamento no bairro da Barra, mas temem que em breve não poderão acessar o local se houver queixas de alguns moradores que estão construindo as casas. Maicon relata que alguns encontros foram realizados com a autorização do município, mas, mesmo assim, foram denunciados por moradores para a polícia Militar e a guarda Municipal.
Rolêzinho no molhe da Atalaia causou polêmica
O leitor que registrou o aglomero dos grupos no sábado não se conformou com a passividade da fiscalização, que manteve os grupos no molhe sem fazer o uso de máscaras de proteção à covid. “Minha maior indignação é a guarda se acomodar com a situação de ir ao local, não ter modificado nada, nem solicitar apoio da PM. Simplesmente deixaram acontecer”, desabafou.
A abordagem dos guardas após a queixa foi criticada por participantes do encontro. “Baladinha de boy no centro, pode né”, cutucou um deles, fazendo referência às baladas que rolam nos fins de semana e não são fiscalizadas na cidade.
Inicialmente, conforme a guarda, o grupo estava na Beira Rio, em ocorrência que foi atendida pela polícia Militar. Depois, os ciclistas foram para o molhe, quando a denúncia chegou à GM. O órgão ressaltou que não havia motivo pra abordagem dos adolescentes e que o decreto estadual já liberou a permanência de pessoas em locais públicos, como parques, praças e praias. O decreto, no entanto, continua proibindo aglomerações.
Luiz Pereira, que é outro líder do grupo EGC, conta que o pessoal do passeio foi avisado das normas. “Mas tem alguns piás que não colaboram no grupo. Avisamos e colocamos como regras respeitar todos e levar máscaras em todos os encontros”, ressalta. Entre as regras aos participantes também estava a proibição de brigas e de uso de drogas.
Em Itajaí, as equipes já fizeram rolês num local conhecido como “morrão”, no bairro Fazenda, mas houve denúncia de vizinhos e a gurizada teve que ir embora. O DIARINHO questionou a fundação Municipal de Esportes e Lazer se há algum projeto de área específica que possa ser destinada aos grupos na cidade, mas sem resposta até o fechamento desta matéria.
Os skatistas de Itajaí têm uma proposta pra que a área de estacionamento no aterro do molhe possa abrigar um parque multiesportivo, prevendo espaços pra várias modalidades e atividades de lazer. O uso da área dependeria de autorização do porto.