Navegantes
Enfrentamento à pandemia é desafio
Até o ferry boat teve que se adequar
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]



A gestão da pandemia em Navegantes é o grande desafio para o poder público. Até 15 de abril, o município registrava 6053 casos e 125 óbitos desde o início da crise de saúde pública. No entanto, o número de casos positivados pode ser bem superior, devido à subnotificação ocorrida até o final do ano passado. A falta de informações com relação às ações e programas de prevenção e atendimento aos pacientes de covid teria sido um dos fatores limitantes para os órgãos municipais de saúde. A falta de transição da antiga para a atual administração impediu continuidade nas estratégias.
“O município não tinha grandes ações para o enfrentamento da covid e também não tivemos acesso a grande parte das informações da pasta. Navegantes contava apenas com um centro de triagem montado em um ginásio de esportes e as ações eram praticamente limitadas àquele espaço”, analisa a secretária de Saúde, Luciane Nottar Nesello. Ela é doutora em Ciências Farmacêuticas.
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Outro ponto negativo apontado pela secretária foi o atendimento de pacientes suspeitos de covid no Ginásio Municipal, local com ambiência ruim e, portanto, insalubre tanto para os pacientes quanto para os profissionais que ali atendiam. Diante da realidade encontrada, a nova gestão do município buscou viabilizar um local apropriado. O atendimento aos casos suspeitos foi transferido para a Unidade de Saúde São Domingos, com atendimento das 7h às 22h. No novo local, a média de tempo de espera passou de duas horas para nove minutos.
Além de um espaço físico mais adequado, os pacientes com sintomas respiratórios que passam pelo centro de triagem recebem atendimentos de enfermagem e médico, realizam a coleta do material para exames no próprio local e saem da unidade já com a medicação em mãos. “É importante ressaltar que a Policlínica de Machados também atende pacientes sintomáticos respiratórios no período das 7h às 24h, nos mesmos moldes”, destaca Luciane.
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A contratação de mais profissionais de saúde também contribuiu para um melhor atendimento da população, assim como a ampliação no horário de atendimento.
O aumento na testagem é outro ponto que, segundo a secretária, tem contribuído para o bom andamento das ações. Hoje são realizados outros tipos de testes, mas o PT-PCR é feito em maior quantidade. A desvantagem desse exame é ele ter que ser encaminhado para o Laboratório Central do Estado (Lacen/SC) e o resultado pode demorar até uma semana. Já o teste rápido é feito nas unidades do município e o resultado sai em 30 minutos, mas é usado apenas quando o paciente apresenta mais de 10 dias de sintomas característicos da doença.


Ferry-boat implanta ações para proteger
A NGI Sul, empresa que faz a travessia entre os municípios de Itajaí e Navegantes com dois pontos de ferry-boats na foz do rio Itajaí-Açu, também precisou se adaptar ao novo normal. A empresa cumpre os protocolos de segurança sanitária do governo do estado desde março do ano passado. No entanto, enfrenta muita resistência por parte dos usuários. Diariamente, a média é de 10 mil passageiros que utilizam o meio de transporte.
A empresa está operando com capacidade reduzida, e desde março do ano passado todas as estações passaram por modificações. Entre as medidas implementadas para garantir a segurança sanitária dos passageiros estão a disponibilização de álcool em gel nas áreas de embarque e pré-embarque. Nos pisos dos salões de pedestres foram afixadas marcações horizontais para que os pedestres respeitem o limite de 1,5 metro de distância. Já no interior dos ferry-boats foram delimitadas áreas exclusivas para os usuários que fazem a travessia a pé. Nesses espaços há também marcações horizontais no convés.
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“Faixas e placas de orientação alertam para o uso da máscara e do álcool em gel, o número de assentos foi reduzido e as poucas cadeiras que ficaram nos terminais são para atender preferencialmente idosos, pessoas com deficiência e gestantes”, informa a empresa. “Também são emitidos alertas cada vez que as balsas saem”, diz o diretor Paulo Henrique Weidle.
Mesmo com a implementação das medidas, que são fiscalizadas pelos departamentos de vigilância sanitária dos dois municípios e pela Agência Reguladora de Serviços Públicos de Santa Catarina (Aresc), é comum o descumprimento das regras, principalmente dentro das embarcações. “Nos deparamos com isso todos os dias. Ou as pessoas não têm noção da gravidade do quadro da pandemia, ou se preocupam apenas com elas próprias. Falta empatia e respeito ao próximo”, aponta Weidle.
Segundo o executivo, a maior parte dos problemas de descumprimento dos protocolos é causada por pessoas na faixa etária entre 20 e 25 anos. “São pessoas que se acham imunes à covid-19 ou que já pegaram a doença e acham que não correm mais riscos. Esses usuários desconhecem a gravidade da situação e não lembram que podem, além de se contaminar, levar a doença para outras pessoas com quem convivem”, completa.
Dever de casa
O uso da máscara de proteção facial de forma incorreta [no queixo ou com o nariz desprotegido] também é flagrado nos funcionários da empresa que operam no chão das balsas durante as travessias. O diretor confirma que a empresa recebe denúncias diárias pelas redes sociais, e-mail, WhatsApp e por telefone; e faz a checagem pelos vídeos das câmeras de segurança. Confirmada a infração, os colaboradores são punidos com perda da cesta básica, suspensão e até demissão, caso haja reincidência. “Nossos colaboradores recebem capacitação constante para que se protejam e auxiliem os usuários. Eles têm que cumprir os protocolos, fiscalizar e orientar os usuários no cumprimento”.
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“Nosso compromisso como serviço de utilidade pública de ligação entre os polos portuários, turísticos e econômicos da região é estar atento às transformações sociais, tão necessárias no combate à pandemia do coronavírus. Estamos fazendo nosso dever de casa e é fundamental que os usuários façam sua parte”, conclui.
