Crime esclarecido
Marido e amante planejaram a morte de Mariane
Acusados foram presos na manhã de quinta-feira. Menor envolvido no assassinato está desaparecido
Franciele Marcon [fran@diarinho.com.br]
Mariane Quele Carmo dos Santos, de 35 anos, assassinada com 27 facadas, teve a morte planejada pelo marido, Joedison dos Santos, o pastor Jota, de 40 anos. Ele contou com a ajuda da amante, a popular Tatá, e de dois parentes dela para executar o crime que chocou pela brutalidade e frieza.
O caso foi esclarecido pela polícia Civil nesta quinta-feira, com a prisão de três dos quatro envolvidos no assassinato. O quarto acusado pelo crime, um menor de idade, fugiu para o estado de Pernambuco e ainda não foi localizado pela justiça. Os nomes dos acusados não foram divulgados pela polícia.
Segundo a investigação, foi o genro de Tatá quem deu os golpes de faca fatais em Mariane. Estavam no carro Tatá, que é amante de Jota, amiga de Mariane e vizinha da família, além do genro da assassina e um sobrinho dela (menor de idade).
O pastor Jota, embora tenha bolado a trama, não participou da execução, explicou a polícia Civil.
Jota ficou em casa na noite do dia 9 de abril e deu largada ao plano de dizer que a mulher tinha desaparecido ao entrar num carro de aplicativo, na saída do trabalho, numa cafeteria de bairro.
O pastor Jota foi preso na quinta-feira, abrigado na casa de um outro pastor evangélico, no bairro Cordeiros, em Itajaí. Já os outros acusados do crime foram presos em Recife, no estado de Pernambuco, onde estavam escondidos desde a semana do crime.
Segundo o delegado Sérgio de Sousa, da DIC de Itajaí, Mariane recebeu golpes de faca no momento que entrou no carro da vizinha. Os golpes foram pelas costas, assim que a vítima entrou no carro. Ela teve as mãos e as pernas amarradas e o corpo foi jogado no rio Itajaí-açu.
Vítima levou facadas ao entrar no carro
Segundo o delegado Sérgio, as imagens das câmeras de segurança mostram que Mariane não estranhou quando a vizinha apareceu para buscá-la no Corsa, no final do expediente, do dia 9 de abril. “Ela já estava acostumada a pegar carona com a vizinha ou com o marido que também usava o carro”, contou.
Mariane sentou no banco da frente no carro que era dirigido pela vizinha. O genro da mulher e o menor estavam no banco de trás. Mariane achava que ganharia uma carona para casa, mas foi surpreendida por golpes pelas costas. Ela chegou a cair ferida no ombro da motorista.
Uma testemunha contou à polícia que Mariane, já bastante ferida, perguntou o motivo das agressões. O genro da assassina teria respondido: “Você ainda está viva?” e dado novos golpes de faca no pescoço da vítima até ela perder os sentidos.
A polícia Civil descobriu que o pastor Jota e a amante queriam assumir o relacionamento amoroso, mas não queriam que o casal se separasse. Eles acharam mais cômodo que Jota ficasse viúvo e herdasse a casa e o dinheiro que juntou com a mulher durante o casamento de cerca de 20 anos.
Para executar o crime, eles contrataram o genro de Tatá e combinaram um pagamento em dinheiro. O homem receberia R$ 2500 pelo assassinato. O menor, sobrinho de Tatá, daria apoio ao assassinato e também iria receber R$ 2500.
A polícia não sabe há quanto tempo o pastor e Tatá tinham um caso. Esse fato ainda será investigado pela polícia.
Jota e Mariane moravam no bairro Cordeiros há cerca de 10 anos. Eles têm uma filha de 16 anos. A família é natural da Bahia.
Comoção atrapalhou os planos dos criminosos
Segundo o delegado Sérgio de Sousa, o plano dos assassinos começou a dar errado pela grande comoção que o desaparecimento de Mariane provocou. “Eles não imaginavam que iria ter tanta repercussão e tanta mobilização atrás dela”, explicou o delegado na coletiva à imprensa.
Pelo que a polícia apurou, os assassinos pretendiam simular que Mariane tinha desaparecido ao entrar em um carro de motorista de aplicativo. Eles achavam que o corpo desapareceria ao ser jogado no rio. Mas corpo da vítima boiou e foi localizado 20 horas após o crime.
Percebendo que poderiam ser presos a qualquer momento, a assassina, amante do pastor Jota, o sobrinho e o genro pegaram um ônibus para São Paulo, logo após o abandonar o Corsa usado no morro do Leiteiro, em Navegantes.
De São Paulo, os três seguiram pra Recife, onde se esconderam na casa de parentes. O único que permaneceu na região foi o pastor Jota. Como ele tinha um álibi para o dia do crime, estava em casa na companhia de um pedreiro que fazia uma obra na casa da família, Jota acreditou que não seria desmascarado.
O delegado informou que os outros dois acusados foram presos em Recife. Tatá e o genro confessaram o assassinato. Já Jota continua negando o envolvimento no homicídio. “O pastor não se mostrou arrependido. Ele foi bastante dissimulado e há bastante pontos divergentes nos depoimentos prestados à polícia. Ele demonstrou uma frieza extrema e é uma pessoa bastante dissimulada”, analisou o delegado.
A prisão dos três foi autorizada pela 2° Vara Criminal de Itajaí. O delegado agora pedirá a conversão das prisões em preventivas. Os envolvidos responderão por homicídio qualificado, ocultação de cadáver e corrupção de menores. O delegado deve concluir o inquérito nos próximos dias e enviar à justiça, junto com o pedido de internação do menor envolvido no assassinato e que continua foragido.