Governo federal tira ipês de lista de proteção internacional

O governo federal tirou o ipê de uma lista internacional de proteção de espécies da flora ameaçadas pelo desmatamento, exploração e comercialização ilegal de madeira. A lista da convenção Internacional de Espécies da Fauna e da Flora Selvagem Ameaçadas de Extinção (Cities) monitora o comércio entre países e criaria regras e licenças específicas pra exportação do ipê, que é uma das madeiras mais nobres e cobiçadas no mundo. Árvore simbólica do Brasil, o ipê pode ser encontrado em estado nativo por todo o país. O exuberante ipê-amarelo é o nome popular de algumas espécies mais comuns das regiões Sul e Sudeste, com variedade de flores na cor branca, roxa, rosa ou lilás. Em outras regiões, as árvores são conhecidas por outros nomes. A madeira dos ipês é valorizada pela sua resistência, beleza, dureza e flexibilidade. A comercialização em Santa Catarina estaria mais ligada às arvores vindas da floresta Amazônica e do Mato Grosso. Devido à exploração ilegal, a árvore estava numa lista de espécies ameaçadas da convenção internacional. Em agosto do ano passado, o governo federal pediu que o grupo tirasse o ipê da listagem, em decisão que contrariou relatório técnico do Ibama, que alertava para a necessidade de preservação. Matéria do jornal O Estado de S. Paulo da quinta-feira passada mostrou que o ipê está sendo vendido com uma espécie comum, sem restrições. O relatório do Ibama, de 2018, apontou que 92% do ipê comercializado é vendido para o exterior, sem qualquer tipo de fiscalização, segundo a reportagem. A espécie foi incluída na lista pra evitar o comércio ilegal por produtores clandestinos e pra se criar regras de proteção. O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, teria decidido deixar a espécie de fora após pressão de madeireiros. A alegação seria que a restrição afetaria o comércio internacional. Até que a lista seja atualizada, o ipê segue desprotegido de corte. A posição oficial do ministério do Meio Ambiente foi que não houve consulta ao setor produtivo nacional sobre a inclusão na lista, sendo necessários mais estudos sobre a exploração do ipê. A convenção pela proteção de espécies é um acordo internacional assinado por 183 países, incluindo o Brasil. Outras árvores brasileiras, como o mogno e o pau-brasil estão na lista. Flexibilização das normas intensifica exploração ilegal de madeira De acordo com a professora da Univali, Rosemeri Marenzi, doutora em engenharia florestal, a decisão do governo federal coloca em risco também outras espécies de árvores devido ao afrouxamento nas regras pra exportação de madeira e à dificuldade de monitoramento. Desde fevereiro, madeiras nativas podem ser exportadas sem autorização formal do Ibama, uma exigência que vigorava desde 2011, bastando o documento de Origem Florestal, preenchido pelos próprios madeireiros. Entidades ambientais entraram na justiça pra tentar derrubar a mudança. “O afrouxamento na fiscalização do comércio internacional intensifica muito mais o problema de exploração intensiva e comércio ilegal”, destaca a Rosemeri. A professora analisa que a ineficiência de fiscalização se dá já no próprio manejo florestal, que deveria ser sustentável, sem corte raso e sem corte de árvores novas e em idade de produção de sementes, além de preservar espécies ameaçadas. “Mas dificilmente são atendidos os critérios técnicos necessários. Portanto, a fiscalização na comercialização da madeira tem que ser rigorosa para não se ter tantas perdas ambientais”, afirma. Apesar de fornecer madeira de qualidade e grande durabilidade, sendo resistente às intempéries climáticas, o ipê é uma espécie de crescimento lento, frisa a engenheira ambiental. “O reflorestamento dela não é atrativo comercialmente, dependendo muito dos exemplares que ocorrem naturalmente na floresta. Portanto, florestas maduras, que demoram muito pra se desenvolver”, alerta.



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