Empresária de Itajaí denuncia negligência de pais de criança que teria sido vítima de estupro
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]
Empresária de Itajaí, de 36 anos, que pediu que a reportagem preservasse seu nome, denuncia a suposta negligência dos pais de uma criança de quatro anos que teria sido vítima de estupro em Barra Velha, em caso registrado em boletim de ocorrência pelos pais em julho, ainda em investigação. O acusado do crime é V. A., de 81 anos, tio da denunciante. Ela também relata ter sido vítima de abuso pelo tio quando criança. Sabendo do passado do idoso, a sobrinha argumenta que tem preocupação porque V. ainda estaria convivendo com a criança. O idoso vive numa clínica particular de repouso na região, administrada pelos pais da menina. Mesmo com a denúncia de estupro feita pelos pais, o idoso permanece na instituição porque seria uma dos clientes que paga mais caro pelo serviço, segundo alega a sobrinha. Ela se envolveu na situação após levar a mãe pra visitar o irmão idoso na casa dos donos da clínica, em Barra Velha. Na ocasião, a clínica funcionava em Barra Velha e estava em reforma. O idoso, num acordo com a família, ficou morando na residência dos proprietários por cerca de um mês, durante a reforma do lar. “Uma das vezes que eu estive lá, percebi alguma coisa de errado e aí eu conversei com os pais da criança. [Disse] ‘gente não deixa a criança tão perto dele assim, não deixa entrar no quarto dele, ele é um senhor idoso que fica sozinho [no quarto]’”, narra a sobrinha. Alguns dias após o alerta, ela disse que os pais da menina a procuraram pedindo ajuda e falando do estupro. Em boletim de ocorrência registrado no dia 22 de julho, em Itajaí, M.F., de 46 anos, pai da menina e dono da clínica, relatou que, enquanto o idoso morava em sua casa, “o mesmo molestava a sua filha de quatro anos, em formas de beijos e passando a mão”. Um dia antes do BO, conforme ele registrou na polícia, a mãe da criança notou uma irritação na genitália da filha ao trocar a menina. Em exame com uma pediatra, a médica teria apontado vestígios de uma “possível manipulação da genitália”. A sobrinha do acusado afirma que pagou o exame médico que teria comprovado o estupro. Ela diz que os pais também acreditam que houve o crime. “Porém, eles não querem manchar o nome da clínica e não querem perder o paciente que é o que mais paga hoje na clínica”, acusa. A sobrinha afirma que decidiu trazer o caso à tona pra que a criança seja tirada da convivência com o tio. Ela também está cobrando uma medida do ministério Público. Mônica diz haver um jogo de empurra na justiça porque o estupro ocorreu em Barra Velha e os pais hoje moram em outra cidade, sendo que nenhuma comarca toma providências. “Eu só quero que o pedófilo não fique impune mais uma vez, que a justiça seja feita e que ele não faça nunca mais isso com ninguém”, completa. Dono de clínica diz que está sofrendo perseguição Após saber da divulgação da denúncia, o dono da clínica encaminhou áudio pra filha do idoso, que é madrinha e prima da empresária. Nas mensagens, encaminhadas pela denunciante, ele rebate as acusações e promete processar a sobrinha do idoso, “que não estaria interessada em punir o tio, mas em prejudicar a clínica”. Ao DIARINHO, M. preferiu não passar nenhuma informação sobre o andamento do caso porque o procedimento corre em sigilo e envolve dois incapazes – a criança e o idoso. Ele disse que teve reunião com a promotora nessa semana e que o caso está tendo o devido acompanhamento dos órgãos competentes. M. ressaltou que não há provas das acusações e que está sofrendo uma perseguição por suposta vingança. “Ela está querendo me prejudicar”, afirma. O pai da menina ainda destacou que nunca deixaria seus filhos em situação de vulnerabilidade. “Jamais deixaria alguém abusar deles”, frisou. A situação de suposta vulnerabilidade da criança é apurada em procedimento do ministério público, na curadoria da Infância e Juventude, após a denúncia da empresária. Depois de seguidos pedidos de informações pela empresária, a promotoria respondeu, em despacho de setembro, que o acompanhamento é feito numa comarca em relação à proteção da criança e, em Barra Velha, é apurada a questão criminal ligada ao estupro. “A Constituição e o Estatuto da Criança e do Adolescente também preservam a intimidade da infante envolvida, não se podendo permitir acesso ao andamento à pessoa que não possua nenhum vínculo familiar com a pequena interessada ou que não seja integrante de órgão da rede protetiva”, explicou a promotora no despacho. Denúncia de estupro está em investigação De acordo com o delegado Eduardo Ferraz, da polícia Civil de Barra Velha, o inquérito criminal está em andamento. Ele informou que já solicitou a entrevista da vítima através de psicológa e que, por ser criança, a pequena deve passar por atendimento com a psicóloga policial, pela delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (Dpcami) em Itajaí. “A gente já fez a solicitação, já está agendado mas ainda não foi realizado. Entra na fila de espera do pessoal da Dpcami de Itajaí”, informa. “Depois do relatório da psicóloga, do atendimento da criança, a gente vai dar sequência na oitiva do suspeito e nas outras apurações que forem necessárias”, completou. O DIARINHO pediu informações da promotoria sobre o procedimento administrativo, mas ainda não obteve resposta.