[caption id="" width="800" align="aligncenter"]Suely, 60 anos, é presidente de uma ONG que recolhe e castra gatos de rua em Miami [/caption]UUm total de 26 gatos e dois cachorros. Boa parte deles recolhidos de forma emergencial das ruas de Miami, na Flórida. Esse foi o motivo da brasileira Suely Caramelo, 60 anos, desobedecer o alerta das autoridades e ficar em casa durante a passagem do furacão Irma. Suely mora há 36 anos nos Estados Unidos. Atualmente reside em Bay Harbor Islands, bairro no norte de Miami, região atingida pelo furacão, o mais devastador dos últimos 10 anos.
Ela contou o drama que passou à BBC Brasil. “Fiquei três dias na mais completa escuridão com 26 gatos e dois cachorros. Parte deles recolhi das ruas apenas por causa do furacão. Os outros eram meus ...
Ela contou o drama que passou à BBC Brasil. “Fiquei três dias na mais completa escuridão com 26 gatos e dois cachorros. Parte deles recolhi das ruas apenas por causa do furacão. Os outros eram meus e de amigos, que deixaram a cidade. Nunca os abandonaria aqui à própria sorte”, afirmou.
A decisão de ficar em casa, mesmo sob o risco de destruição completa da residência, é que não teria como cuidar dos animais. “Tenho quatro gatos e nenhum abrigo me aceitaria - o limite é de dois animais por pessoa”, explicou.
Segundo ela, uma parente do Brasil chegou a sugerir que ela escolhesse os dois animais preferidos e deixasse os outros dois para trás. “Fiquei chocada. Não faz o menor sentido. Se você tem quatro filhos, levaria dois consigo e deixaria os outros dois para trás?”, questiona.
“Aterrorizante”
Ela chama os momentos da passagem do furacão de “aterrorizantes”. “O vento batia muito forte. Moro no quarto andar de um edifício com cinco andares. Coloquei compensado em todas as janelas, menos na do banheiro”. E completou: “Apenas três moradores do meu prédio resolveram permanecer aqui. Em dado momento, me vi sozinha, com todos os gatos e os cachorros, sem eletricidade, no meio daquele furacão. Da janela do banheiro, via as árvores se arquearem, quase tocando o solo. Foi impressionante”.
Suely é presidente da ONG Friends of Surfside Cats (‘Amigos dos Gatos de Surfside’), que recolhe e castra gatos que vivem nas ruas. Alguns animais que Irma salvou já foram devolvidos aos donos, informa.
Em todo o Caribe, o Irma matou 27 pessoas por onde passou. Centenas de cidades foram destruídas. “A situação ainda é de calamidade pública, ainda estou sem luz. Também não posso sair do meu bairro porque ainda há muitas árvores caídas e existe o risco de eletrocussão. As autoridades também alertaram para o roubo”, conta Suely.