Nada de fantasia de princesa ou de alguma heroína de filme ou desenho animado. O que a pequena Alícia Müller, de quatro anos, quis mesmo foi se vestir de gari. E foi assim, tendo como tema a coleta de lixo, que neste final de semana a família, que mora em Planaltina, no Distrito Federal, fez a festa da garota. A festa inusitada ganhou a imprensa nacional. “A festa é dela. Ela que escolhe”, disse o pai, o engenheiro agrônomo Juliano Müller, 36, para os jornalistas. “É uma profissão como qualquer outra, que eu vejo como normal, sem preconceito”, afirma a mãe, a professora Marina Müller, 29. Alícia é fã dos trabalhadores que passam várias vezes por semana na frente de sua casa para recolher o lixo. Já chegou a fazer os pais comprarem pizza para os garis. Ela é tão querida por eles, que já ganhou até uma voltinha na quadra no caminhão de lixo e um boné. Os garis foram, claro, convidados para a festa de aniversário da menina. Segundo a mãe de Alícia, o caminhão de lixo passa de manhã e à noite em frente à casa da família. Em condições normais, os garis passariam de costas, mas, sabendo que a criança fica à espera na janela, já vêm virados para acenar e distribuir sorrisos. Como nenhuma empresa de festas infantis tem fantasia de gari, a família passou um bom bocado para confeccionar tanto o uniforme laranja que Alícia fez questão de usar, quanto a decoração da casa para receber os convidados. A festa de Alícia chamou a atenção da imprensa, porque recentemente algumas escolas particulares promoveram festas chamadas de “E se nada der certo”, onde menosprezavam algumas profissões, como diarista e garis, por exemplo. “É bonito ver que a criança não tem preconceito, que somos nós que vamos colocando coisas nas cabecinhas delas”, comentou dona Márcia Caetano, uma das avós da menina.