Os técnicos em enfermagem que trabalham no hospital Santa Inês, em Balneário Camboriú, têm que se virar nos 30 pra sobreviver. A situação tá tão feia que tem gente trampando em outros dois empregos pra garantir o sustento. Os baixos salários e a falta de funcionários são apontados como os principais perrengues e foram a gota dágua pros 120 trabalhadores da área ameaçarem paralisar parte do atendimento no hospital a partir de segunda-feira (13).
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Segundo uma das líderes do comando de greve, a técnica de enfermagem Jussara Pinheiro, as discussões sobre reajuste começaram ainda em 2010, mas até agora nada foi feito pela classe. Desde o ano ...
Segundo uma das líderes do comando de greve, a técnica de enfermagem Jussara Pinheiro, as discussões sobre reajuste começaram ainda em 2010, mas até agora nada foi feito pela classe. Desde o ano passado, nós tentamos um acordo com a direção do hospital. Em maio, uma bonificação de R$ 100 foi prometida, mas não foi cumprida. Depois que decidimos pela paralisação, eles prometeram de novo essa quantia, mas agora queremos 40% de aumento, afirma Jussara, que trabalha no Santa Inês há dois anos.
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Hoje, os técnicos de enfermagem do hospital recebem mirrados R$ 660 mensais. Eles pedem cerca de R$ 220 de acréscimo no faz-me rir. Além disso, segundo Jussara, as condições de trabalho iriam melhorar se mais funcionários fossem contratados. Em um departamento onde deveriam trabalhar quatro técnicos de enfermagem, há apenas dois ou até um. Ou seja, há uma sobrecarga de trabalho para os trabalhadores, afirma.
Caso role a paralisação, cerca de 70% dos técnicos em enfermagem do Santa Inês vão cruzar os braços a partir de segunda-feira. Apesar da greve, eles ficarão em frente ao hospital e atenderão casos de emergência. Somos conscientes que trabalhamos num hospital e lidamos com vidas, então, em caso de emergência, nós iremos atender, finaliza Jussara.
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Jornada tripla
Com carga de 40 horas semanais e salário que não condiz com a responsabilidade da função, 90% dos técnicos têm mais de um emprego. A técnica de enfermagem M.S., que preferiu não ter o nome revelado, tem três trampos. Ela trabalha em dois hospitais e também numa clínica particular, pra poder pagar as contas. Somos obrigados a viver assim. Agora, por exemplo, estou trabalhando há 36 horas sem dormir. Mas esta é a única forma de ganhar um salário para podermos viver com dignidade, conta a moça, que esconde as olheiras embaixo de muita maquiagem.
M.S. lembra que há um tempão a categoria vem pedindo aumento de salário, mas até agora a única coisa que recebeu foi o dissídio coletivo da classe, que as empresas são obrigadas por lei a pagar. Eu saio de um plantão de 12 horas e entro em outro de mais 12 e depois ainda vou até o outro emprego. Como uma pessoa vai estar 100% para atender doentes, calcular medicação e prestar um bom atendimento nessas condições, debulha. A gente trabalha por amor, temos responsabilidades, mas está muito difícil.