Masmorra. Situação desumana. Horror. São expressões como estas que a dotôra Reti usa pra se referir às condições dos presos naquele cadeião. Ela integrou a comitiva da Ordem e de outras entidades que no dia 25 de maio fez uma vistoria ao presídio. As condições são inapropriadas. Há uma grande incidência de doenças como sarna, tuberculose e AIDS, contou ao DIARINHO.
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O fato dos presos viverem amontoados por conta da superlotação e a insalubridade da velha estrutura ajudam na proliferação daquelas doenças, acredita a dotôra. O problema, diz a chefona da OAB da Maravilha, não afeta apenas os presidiários, mas também a sociedade. As pessoas que vão visitar os presos têm contato com essas doenças e podem ser contamidadas. Depois, saem de lá e vão ter contato com outras pessoas na escola, na sua igreja, na sua casa, alerta.
O relatório da vistoria, afirma, será concluído na semana que vem. Depois disso, revela Reti, a direção da OAB vai se reunir com o juiz Roque Cerutti, corregedor do presídio. A intenção é pedir o imediato fechamento do local que, pro pessoal da OAB, não teria condições de abrigar seres humanos. Compreendo que lá não tem nenhum anjo, mas não podemos aceitar uma coisa dessas, argumenta.
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Se a dona justa não der a canetada pra fechar o presídio regional do Balneário Camboriú, o pessoal da OAB vai radicalizar. Pretendem ir à procuradoria da República pedir a interdição do governo federal em Santa Catarina por violação dos direitos humanos. Sei que não terá resultado, mas vamos fazer o governo passar vergonha, admite a presidenta da ordem.
A situação realmente não é confortável, diz diretor do presídio
Leandro Kruel, diretor do presídio regional do Balneário Camboriú, admite que o local não tem estrutura pra abrigar os 262 presos que até ontem se amontoavam pelos corredores e 20 celas do cadeião. A capacidade oficial é para apenas 104 detentos. A situação realmente não é confortável, afirma. É tanta gente por lá que todas as celas do pátio interno ficam abertas e somente há separação das alas feminina e masculina.
O chefão do cadeião garante que não há epidemias entre os detentos nem a proliferação descontrolada de tuberculose. Temos seis ou sete presos com tuberculose, informa. Leandro garante que todos recebem tratamento e são medicados na frente dos agentes. Ele faz questão de dizer que a partir do momento em que o doente começa a se medicar, deixa de existir o risco de contaminação. O problema é quando o preso ganha a liberdade, vai pra rua e aí deixa de se tratar, comenta.
Doenças como sarna, comenta ainda o diretor do presídio, costumam ser comuns no verão, por conta do calor e da umidade das celas e que, nesta época do ano, não são consideradas como um problema. Leandro informa ainda que há um médico que faz o acompanhamento da saúde dos presos.
O diretor do presídio da Maravilha do Atlântico disse que não sabia da intenção da OAB de fechar o cadeião e preferiu não se manifestar sobre o assunto.
Adércio José Velter, diretor do departamento Estadual de Administração Prisional (Deap), não foi encontrado ontem à tarde no órgão e não atendeu ao telefone celular. Teria passado parte da tarde em reunião a portas fechadas com a abobrona Ada de Luca, secretária da Justiça do governo da Santa & Bela.
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Túnel, pistola e brigaceira
O cadeião do Balneário Camboriú passou por três perrengues há menos de um mês. No primeiro, em 20 de maio, uma briga se generalizou entre os presos e quatro foram parar no hospital, furados por espetos. No dia seguinte, durante um pente-fino, agentes prisionais e policiais militares encontraram uma pistola com silenciador, dentro do presídio. Até hoje ninguém sabe como a arma entrou lá. O terceiro bafão rolou em 8 de junho, quando um túnel pra fuga foi descoberto.