Em meados do mês passado, o empresário Roberto Sandri, dono do posto Mime da rua Brusque, exibia nas bombas de gasosa o preço de R$ 2,499, independentemente se o pagamento fosse feito à vista ou na base dos cartões de crédito ou de débito. Roberto teve que empurrar o preço pra baixo pra dar conta da concorrência, que chegava a oferecer o combustível a R$ 2,35.
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Esta semana, a situação mudou. Não dá pra guentar aquele preço. A gente tem despesas. Se vende ou não vende a gasolina, as despesas continuam, dispara, justificando o reajuste pra R$ 2,669. Esse é o preço normal da gasolina, não dá pra vender por menos, completa.
Roberto, assim como outros donos de postos, também teve que reajustar o preço do álcool. Na segunda-feira o etanol chegou pra mim mais caro. Tive que aumentar 10 centavos na bomba, conta. Ontem, assim como boa parte dos postos de Itajaí, tava vendendo o suco de cana a R$ 2,299.
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Vai aumentar
O que aconteceu com o posto Mime da rua Brusque é o que tá rolando com a maioria dos comércios de combustíveis de Itajaí, comenta Roque Colpani. Agora tão caindo na realidade. O preço tá voltando aos patamares normais, afirma.
O chefão do Sincombustíveis diz que tão rolando duas situações que fazem com que o preço da gasosa em Itajaí tenha aumentado. Um deles é o fim da guerra de preços, que já é algo comum na cidade. No estado a média da gasolina é de R$ 2,80. Só aqui é que vendiam a R$ 2,35. Não tem como aguentar isso, pondera, cutucando: Não sei que milagre fazem pra vender gasolina a esse preço.
A outra razão, afirma o empresário, é o aumento do etanol. O próprio Roque precisou subir o preço da bomba em seu posto pra R$ 2,29, esta semana. As distribuidoras estão vendendo a R$ 2,05, R$ 2,10, informa.
Na pesquisa que os fiscais da agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustível (ANP) fizeram entre os dias 19 e 25 de junho, em Itajaí, o preço médio da gasosa era R$ 2,521. O menor encontrado foi 2,359, no posto Dagnoni, da rua Heitor Liberato, na Vila Operária. Ontem, o mesmo posto tava vendendo a R$ 2,65. Uma diferença de praticamente 30 centavos em menos de 10 dias.
Porrada vem mesmo em dezembro
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A colheita da safra da cana, que foi menor do que se esperava, seria a causa dos aumentos. Como a gasosa também leva álcool em sua composição, o preço do suco de petróleo reage ao aumento do preço do suco de cana, diz Roque Colpani, chefão do Sincombustíveis.
Além disso, explica o empresário, pra diminuir o consumo de álcool , o governo não tá metendo pressão nos usineiros, como fez em abril, e deixando os preços subirem. Dessa maneira, o governo quer garantir os estoques do produto, porque vai ser em setembro que nós vamos mesmo sentir o problema, anuncia.
A lógica é a seguinte: se houver estoques sem serem vendidos em setembro, o álcool não vai subir aos cornos da lua e, por consequência, o aumento do preço da gasosa será menor.
Fórum
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Donos de postos de gasosa de todo o sul do país estão desde ontem reunidos em Floripa no 10º Fórum Sul Brasileiro de Qualidade e Tributação dos Combustíveis. Combate à sonegação fiscal e à adulteração dos combustíveis são o principal tema do encontro, que conta ainda com representantes da polícia Civil da Santa & Bela, Paraná e Rio Grande do Sul, Ministérios Públicos Estaduais, secretaria de Fazenda, e Procons.
Os empresário também vão meter chiadeira na alta carga tributária que faz com que o preço do álcool e da gasosa fiquem ainda maiores.
Consumidores já sentiram a carcada
O povão já sentiu no bolso a carcada do aumento no preços dos combustíveis. Fui encher o tanque hoje (ontem) e paguei R$ 110. Na semana passada, deu uns R$ 95, compara o advogado Fábio Fabeni. O dotô usa o carro pra quase tudo. Levo esposa no trabalho, o filho na escola, vou pras audiências, conta.
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O publicitário Antônio Carlos Costa, o Cacalo, frequenta um posto da rua Tijucas várias vezes por semana, pra dar conta da visita que faz aos clientes. Esta semana, percebeu que já não paga mais os R$ 2,35 de antes. Se a escalada de preços continuar e chegar perto do que aconteceu em abril, quando a gasosa era vendida a quase R$ 3 na city peixeira, Cacalo já sabe que vai se lascar. Não tenho como diminuir, meus 2500 quilômetros mensais rodados já estão no meu script, lamenta.
Fábio, ao contrário, vai repetir o que fez em abril. Volto a abastecer só R$ 50 por semana. E como? Quando não chover, farei as voltas a pé, afirma. Foi assim, diz, que conseguiu superar a crise do preço da gasosa há dois meses.