Em Itajaí, o IML tem deixado muito a desejar, pois falta de tudo no IML que atende sete municípios da região. Não dá pra acreditar que o local foi reformado em abril deste ano. O diretor do instituto de Geral Perícias (IGP), responsável pelas geladeiras de defunto da Santa & Bela, admite os perrengues. Já a vigilância Sanitária da city peixeira só ficou sabendo da situação através da reportagem do DIARINHO.
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Após uma denúncia anônima, a reportagem entrou em cada sala do instituto e sentiu o cheiro de morte e fossa do local. A situação é decadente e indigna tanto para os funcionários quanto pros cidadãos atendidos. A lista de problemas é extensa.
Falta sensibilidade
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Na sala de necropsia a respiração precisou ser trancada. Nela, foram encontrados vários cigarros jogados no chão. A sala de conjunção carnal, onde o exame dos menores violentados é feito, mais parece um depósito. Tem tudo quanto é tipo de tralha. Pra subir na maca, as crianças contam com a ajuda de uma pilha de resma de papel sulfite. Não existem materiais cirúrgicos e nem quaisquer equipamentos que auxiliem no atendimento. Brinquedos, carrinhos ou bonecas pra distrair as crianças só em sonho. Tudo é feito a grosso modo, sem o mínimo de sensibilidade.
Constrangimento
A situação não melhora quando os serviços são pros adultos. Aqueles que precisam fazer exame de corpo de delito têm que despir-se na sala principal. O IML de Itajaí não conta com uma sala para tal finalidade. Humilhante e constrangedor. Há, pros funcionários plantonistas, uma sala exclusiva pra descanso. Mas não tem sequer uma cozinha pra fazer um café. Nada. O vazio é comum no instituto peixeiro. O clarão do sol invade sala adentro e o que exerce a função de cortina é um pedaço de papelão colado com esparadrapo.
Cadeira quebrada, gaveta estragada, porta emperrada. Estas são as condições de trabalho do IML.
Dos dois banheiros abertos ao público, um está trancado porque tem vômito por todos os lados e não tem quem limpe. O outro não tem papel higiênico. Sabonete e toalha, então? Artigos de luxo. Em todos os cantos é possível avistar sujeira amontoada.
É com essas condições que o atendimento no instituto Médico Legal de Itajaí é feito. Além da city peixeira, moradores de Navegantes, Penha, Balneário Piçarras, Barra Velha, São João do Itaperiú e Luís Alves dependem dessa prestação de serviços.
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Leitor ficou dicara com IML do Balneário
Cheiro forte de defunto. Apenas um banheiro. Rachaduras. Lâmpadas pra lá de acabadas. Esses são alguns dos problemas identificados no IML de Balneário Camboriú por um atento leitor do DIARINHO. A reportagem foi atrás pra conferir. O pessoal do IML disse que tem alguns problemas isolados, mas garante que tá consertando tudinho.
A denúncia partiu do eletrotécnico R.T., 35 anos. Quinta-feira da semana passada, ele foi até o instituto da Maravilha do Atlântico fazer um exame de corpo de delito e reparou na estrutura física do local. Pra ele, precária.
Antônio Carlos, responsável pelo IML do Balneário, admitiu alguns problemas, mas disse que todos eles já estão sendo resolvidos. Só há realmente um banheiro disponível pra funcionários e pro povão, mas ele é bem higienizado porque o instituto precisa de limpeza rigorosa pelo fato de lidar com mortos, afirma. Antônio Carlos deixou claro que o outro já tá sendo ativado. Assim, um vai ficar pro pessoal de fora e outro pros trabalhadores.
Num sei
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Segundo o cara, vão ser colocadas duas novas lâmpadas fixas pra acabar com o problema de falta de iluminação. Antônio também disse desconhecer as rachaduras no prédio e comenta que o cheiro de defunto é normal quando chega algum cadáver pra ser periciado e depois liberado pra família.
Apesar do IML do Balneário admitir os problemas isolados relacionados à estrutura do prédio, o Instituto Geral de Perícias (IGP), que cuida dos IMLs do estado, não tá sabendo de nada.
Rodrigo Tasso, diretor-geral do IGP, confessa que a estrutura de Itajaí tá mesmo precária e vai passar por nova reforma. Em relação ao da Maravilha do Atlântico, Tasso afirmou desconhecer qualquer problema.
Vigilância Sanitária peixeira fará vistoria hoje no IML de Itajaí
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O diretor da vigilância Sanitária de Itajaí, Luiz Antônio Spinosa, jura de pés juntos que não sabia de nenhum dos problemas do IML peixeiro. Garante, inclusive, que desde a entrega da reforma não recebeu nenhuma reclamação. Nós não podemos ir atrás do que os outros falam, precisamos verificar pessoalmente, justifica o abobrão.
No entanto, garante que hoje pela manhã enviará um fiscal para dar uma geral no instituto. Se houve alguma irregularidade, vamos tomar as providências, promete. O relatório da inspeção ficará pronto na manhã de quarta-feira.
De novo!
No início do ano, a vigilância ficou apavorada com a situação no IML. O instituto foi notificado dia 31 de janeiro e obrigado a siagilizar na questão de higiene imediatamente. Na ocasião, foram listados outros problemas a serem resolvidos, mas que continuam por lá até hoje.
A limpeza do local deveria ser diária. A colocação de saboneteira e papel higiênico no banheiro utilizado pelo povão deveria ter sido feita há tempo. A climatização e impermeabilização das paredes foram feitas. Pros trampos mais pesados, foram estipulados 45 dias pra conclusão.
Sem verba do governo do estado, o IGP pediu prorrogação do prazo e a obra foi entregue, a muito custo, em 29 de abril. No entanto, é mais fácil acreditar que um furacão passou pelo IML do que ele tenha sido reformado há menos de três meses.