Itajaí

Carlos Alberto Rebelo

O objetivo da Festa do Colono não é econômico, é honrar uma profissão

Itajaí tem o porto, a universidade, indústrias e um comércio forte. Mas não podemos esquecer que, além da BR-101, avançando para a zona rural, a agricultura peixeira também se demonstra uma importante fonte de renda para milhares de itajaienses, colaborando substancialmente pra alavancar nossa economia.

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Há 29 anos Itajaí exalta o trabalho do campo e mostra aos moradores da área urbana a força da área rural através da Festa do Colono. Para conhecer mais sobre esse universo, o DIARINHO foi ouvir ...

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Há 29 anos Itajaí exalta o trabalho do campo e mostra aos moradores da área urbana a força da área rural através da Festa do Colono. Para conhecer mais sobre esse universo, o DIARINHO foi ouvir o secretário de Agricultura, Carlos Alberto Rebelo. Rebelo contou aos jornalistas Hyury Potter e Raffael do Prado as novidades da festa do Colono. Pra ele, o evento será o melhor desde 2008, quando a população foi profundamente atingida pela águas que inundaram nossa região. Os cliques são do repórter fotográfico Minamar Junior

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DIARINHO – A festa do colono tem shows nacionais a cinco reais. De onde vem o dinheiro pro pagamentos desses shows?

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Carlos Alberto Rebelo – Cinco reais entre aspas. Porque, na verdade, cobramos também o estacionamento. Os recursos vem através de projetos para o governo estadual. Tudo é recurso público. Temos algumas entidades privadas que participam. A gente busca parceria com o governo federal, através do ministério do Turismo, com projetos técnicos, assim como os shows, que aprovamos projetos no governo estadual, no conselho da SDR [secretaria de Desenvolvimento Regional de Itajaí] em dezembro do ano passado. Do governo federal, foram aprovados R$ 250 mil. Mas entre aprovado, tramitado e liberado são caminhos diversos. A gente luta para que aconteça. Da mesma maneira com a verba estadual. É aquilo que o prefeito Jandir Bellini (PP) pede sempre: que a gente busque recursos, projetos bons. Eu acho que o projeto da festa do Colono é um projeto bom. É um projeto de um evento que eu considero totalmente diferente do que a gente tá acostumado a ver por aí. É um evento que busca as raízes da terra, que são as nossas raízes, de uma forma ou outra, todos nós viemos dali. Ele prioriza homenagear, de fato, e não só no nome, o agricultor. Então homenagear o trabalhador rural, a pessoa que está no dia a dia na lavoura. Não são como nós que temos salário no final do mês. Essas pessoas trabalham pra fazer uma safra, pra esperar que cresça pra vender e com esse valor pagar seus compromissos. Essas pessoas têm um valor inestimável e nós precisamos dar sempre uma atenção especial ao meio rural. Principalmente na agricultura que temos aqui, que é uma agricultura familiar.

DIARINHO – O que o público vai encontrar de novo nesta Festa do Colono? Quais são as novidades?

Rebelo – Estamos dando à festa do Colono, a cada ano que passa, uma priorização. Todos os anos a gente vem fazendo investimentos. Em 2009, quando nós chegamos aqui, vou dizer uma coisa bem honesta pra você. Nós tivemos quase que, no jargão popular, nos ajoelhar na frente dos empresários que fazem as exposições industriais, dos criadores que fazem o gado pra exposição, pra que eles viessem a Itajaí. Além do que foi um ano difícil, pois a gente sabe como foi 2008 na questão das águas [referindo-se à enchente de novembro de 2008], e foi difícil trazer essa gente pra cá. E, mesmo assim, 2009, com a gripe suína, com Itajaí detonada, conseguimos fazer uma festa praticamente bonita. Mas faltou o público. Enquanto estávamos com a festa, também estávamos com carro de som na rua pedindo pro povo evitar aglomero por causa da gripe suína. E ousamos sugerir ao prefeito Jandir Bellini que não fizesse a festa em 2009. Ele disse que não. Que seria uma desfeita muito grande para o agricultor, para o povo de Itajaí, para a região, não fazer o evento. Mesmo que não tivesse todo aquele investimento. E esse evento foi realizado com sucesso, pois nós conseguimos resgatar muita coisa da festa. Exposição agroindustrial boa, que interessa ao agricultor. Conseguimos resgatar exposições mais qualificadas, assim como a exposição de ovelhas. Não se investiu em atrativos artísticos de ponta, porque o momento não era pra isso. E nós não tínhamos projeto pra isso, o que era verdade. Então, já em 2010, a situação melhorou muito pra nós em termos de recuperação econômica do município. O porto voltou a funcionar. Começou todo um processo de reativar o trabalho. E a festa então veio no bojo. Em 2010 fizemos projeto, conseguimos recuperar um pouco mais o prestígio da festa, que foi um evento mais qualificado, o público entendeu isso. [Então a festa em 2011, depois da de 2008, será a melhor?] Eu entendo que sim. A gente sobe a escada degrau por degrau. Eu tenho conversado com os empresários que expõem aqui. Itajaí, hoje, num raio de 100 quilômetros, se você observar, nós temos um grande centro, um grande centro comercial. Você pega Joinville, Blumenau, médio Vale, você pega todo Balneário Camboriú, até Florianópolis, São José, Biguaçu, São José. Não tem outro local, como nós temos a festa do Colono, que consiga reunir um grupo tão grande de empresários em uma feira comercial e industrial como é aqui. Isso dá um horizonte muito grande pra alavancar a festa do Colono, não só como uma festa, mas também como uma feira comercial. Tanto na área agropecuária, quanto na área industrial. Pela primeira vez, já que você perguntou das novidades, teremos maquinário da indústria pesada. Teremos três mostruários New Holland [empresa Italiana que fabrica tratores, caminhões e afins pra agroindústria e construção civil], teremos a Case [empresa americana Case IH, do mesmo segmento], com máquinas pesadas, e uma empresa de equipamentos chineses. Isso é sinal de credibilidade do evento. Da mesma forma, todos os revendedores de caminhões do nosso município, com a exceção de um, estarão aqui. Eu vejo a festa do Colono hoje como uma agrofeira importante para o setor econômico de Itajaí e região. Não é só uma festa. Os paradigmas da festa do Colono estão mudando. Não é mais uma festa de final de semana.

DIARINHO – Secretário, a festa do Colono é a única expofeira, como o senhor disse, num raio de 100 quilômetros. Essa situação é valorizada pelos itajaienses? É valorizada pela administração municipal?

Rebelo – Eu acho que sim. Estamos caminhando passo a passo. São contatos que a gente faz, busca de parcerias. É o que o prefeito Jandir sempre fala: nós temos que buscar parcerias. Nenhum expositor vem aqui se não tiver interesse econômico. Nem o agropecuarista, nem o agroindustrial. Todo mundo vem aqui pra mostrar seu produto, pra vender e fazer contatos importantes. O que interessa ao agricultor nisso tudo? Ele vê animais com potencial genético que pode usar pra melhorar o rebanho, ele pode ver equipamentos que venha a usar e adquirir pra humanizar e incrementar o trabalho. Temos as palestras técnicas dirigidas ao agricultor, o encontro da família. De maneira alguma priorizamos algo para deixar o agricultor de lado. A festa do Colono é uma festa de raiz, de família.

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DIARINHO – Secretário, por que a festa do Colono não entra no calendário da Santur?

Rebelo – Não entra? Olha, você está me contando uma novidade. A festa do Colono está inserida, por exemplo, no calendário de eventos da secretaria de Agricultura do estado. No meu modo de ver, automaticamente, deveria estar no calendário da Santur. Talvez, possa até ser uma falha nossa. Você está me dando uma informação que nós temos que buscar a razão disso e talvez não seja por problemas da Santur. Quando falei em mudar paradigmas eu falei disso, nós temos que ver a festa com outra visão, visão mais horizontal e inseri-la no calendário da Santur.

DIARINHO – Os bombeiros exigiram melhorias na estrutura montada para o café colonial. O que aconteceu com o antigo prédio?

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Rebelo – De novo, estou voltando ao ponto inicial que conversamos antes. A quebra de paradigmas. Eu entrei aqui pra qualificar esse evento. E procurei ajuda dos bombeiros, da polícia Militar, da polícia Civil; o apoio necessário pra fazer um evento qualificado. O cidadão que vem na festa do Colono busca um atendimento qualificado, segurança, boa alimentação, busca ver coisas diferentes. Vem trazer o filho pra mostrar que o leite não sai de caixinha. Aqui eles adquirem cultura e informações. Então, o antigo café colonial, essa estrutura montada aqui, deu pra ele, como diz o jargão popular. Pode ser usado para outras coisas, pois é rústico. Sob certo aspecto é até positivo. Mas, para o café colonial, é uma estrutura extremamente acanhada. Além da questão da segurança. E isso exigiu que se tomassem providências. Conversei com o prefeito Jandir Bellini, mostrei pra ele o projeto e ficou determinado que fosse construída uma nova estrutura. E, pra mim, é um dos prédios mais bonitos e bem construídos que essa prefeitura já fez.

DIARINHO – A festa atrai muitas pessoas e o acesso é bem complicado. Todos os anos registramos filas quilométricas em dias de shows nacionais para se chegar e sair da festa. Como a prefeitura pretende melhorar essa situação?

Rebelo – Eu identifiquei, no ano passado, que um dos problemas ocorridos foi o chamado efeito dominó. O estacionamento interno foi mal feito. Não foi bem executado pelo vencedor da licitação. Eles priorizaram cobrar ingresso, mas não priorizaram orientar o estacionamento na parte interna. Então nós tínhamos um grande transtorno na rua e dentro do parque. Não houve um casamento adequado entre a orientação da Codetran [coodenadoria de Trânsito e Transporte de Itajaí] e com a equipe do estacionamento. Este ano eu modifiquei a licitação. Não só no quesito estacionamento, mas também na parte de segurança e limpeza. Mudei as licitações estabelecendo critérios já no edital. Então, o estacionamento tem que ter tantas pessoas. Especifiquei as vagas internas, quantas pessoas têm que trabalhar na rua tal pra orientar. Com rádio, uniforme, bastão de iluminação pra orientar da entrada até na saída. Com isso, o grande desafio do vencedor da licitação é fazer os carros entrarem. É fazer as pessoas se localizarem. O que aconteceu no ano passado? Quando acumulou na entrada, o que o cidadão faz? O primeiro lugar que ele encontra, para e dane-se. Ele botou o carro do jeito que deu. O cidadão é assim: quer parar no lugar mais fácil, mais conveniente pra ele. E isso trancou a entrada do parque no ano passado. Não quer dizer que não teremos filas este ano. Mas, dessa vez, o licitante, uma empresa com know-how, fez todo um projeto com o Zé da Codetran [José Alvercino Ferreira, coordenador do órgão]. O trabalho vai ser integrado também com a polícia Militar.

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DIARINHO – Hoje, o parque do agricultor, na zona rural, é o único lugar da cidade capaz de abrigar o evento. Já se pensou em levar a festa pra outra localidade?

Rebelo – Não. A festa do Colono, quando começou, já começou itinerante. Quando não tinha esse espaço físico, a festa era feita nas comunidades. E era uma festa, de fato, rural. Festa do interior de Itajaí. Pouca coisa maior que uma festa de igreja. E com o tempo, afinal, são 29 anos, e, em 1997, quando entrei aqui, nós demos o primeiro grande passo pra tornar o que é hoje. Na época, nós fomos bastante combatidos. Mas a gente tomou uma decisão de mudar o panorama da festa com a tradição dos shows nacionais. Em 97, trouxemos Leandro e Leonardo, que era o que estava de maior na mídia. Tomamos uma bronca danada da mídia, da população. A gente fez uma coisa legal. O projeto passou na câmara de vereadores. Eu entendi na época que as viúvas do governo anterior começaram a fazer todo aquele barulho. Mas a festa foi um sucesso absoluto. Marcou no coração e na história do município. Nós só tínhamos a rua de baixo e trancou isso tudo, até a BR-101, que na época não era duplicada. Foi quando surgiu a ideia de fazer esse segundo acesso por onde vocês vieram. A gente não tem que ter medo de ousar, de fazer melhor.

DIARINHO – As 18 comunidades rurais peixeiras reconhecem e participam da festa? Como?

Rebelo – Nós temos o morador do meio rural e o agricultor. Itajaí, por ser uma cidade com forte porto pesqueiro, indústrias e cidades vizinhas geradoras de emprego, como Brusque, Navegantes, Gaspar e Balneário Camboriú, tem a facilidade de trabalho. Então temos o agricultor de tempo integral, parcial e o que faz subsistência. Pra nós, todos, sem exceção, são importantes. Ele está deixando de ganhar dinheiro pra gastar no seu produto. Tratamos todos com igualdade. Sobre a participação na festa, nós liberamos uma área para os colonos assarem a carne deles. O que eles quiserem fazer aqui, eles são bem vindos. Como é uma festa, eles não precisam vir e participar ativamente pra vender ou comercializar algo. Eles nem querem, porque ofertado é. Eles querem, como qualquer outro cidadão, vir com a família e ver a parte musical, os animais, o equipamento, um show nacional, que é um direito que lhes assiste. Mas nós temos os eventos da festa que são dedicados ao agricultor. Por exemplo, os pratos típicos e os jogos apenas entre as comunidades rurais. É bem regrado. E isto, hoje, a fundação de Esportes faz com muita competência, porque, às vezes, dava umas confusões. Inclusive para os idosos, nós temos jogo de canastra. Este ano, experimentalmente, quero trazer a competição de lenhador. Fui a Pomerode e levei o diretor da fundação de Esportes junto. Parece que estamos acertados. Se vocês quiserem vir aqui, podem fazer uma dupla de serra, mas é experimental, não uma competição premiada.

Também temos o encontro da família, que é na quinta-feira (21). A gente chama as famílias do meio rural e já faz a abertura, quando a gente traz uma palestra que não é técnica, mas na área da saúde, da relação familiar, auto-estima, auto-ajuda. Faço uma apresentação cultural junto. Este ano eu quero trazer uma dança alemã. Ano passado teve uma dança italiana, porque não custa lembrar: Itajaí não é portuguesa. Itajaí foi criada pela colonização alemã e italiana, que daqui migrou pra outras regiões.

Temos também um encontro técnico dos agricultores, onde são tratados assuntos do interesse deles, principalmente os rizicultores, que formam a maior parcela da economia do município em termo de agricultura. Temos uma competição dedicada às mulheres, mas não quer dizer que os homens não possam participar, que é o de pratos típicos, que também é uma competição bastante regrada. É uma competição tanto de quem quer ver quanto de quem quer degustar. São pratos doces e salgados. A competição também é voltada apenas pras comunidades rurais e de produtos naturais.

DIARINHO – Em Londrina/PR há uma exposição que atrai milhares de pessoas todos os anos e tem reconhecimento estadual e nacional. Ela é muito parecida com a festa do Colono. O que falta pra festa de Itajaí ter esse reconhecimento do público e dos poderes instituídos?

Rebelo – Tempo. Eu acho que nós estamos crescendo e acho que esse reconhecimento está acontecendo. Você tem aqui uma presença de público muito grande, como tem acontecido nos últimos anos. Eu acho que hoje o crescimento está acontecendo. É uma grande feira agroindustrial. O que se precisa pra festa ser reconhecida é tempo, é divulgação; que as pessoas venham aqui e vejam que temos um espaço hiperadequado pra fazer um grande evento. O poder público tem que ver isso. Às vezes, nós mesmos do poder público, temos que ver a festa com outros olhos. Agora nós temos que divulgar bem e mostrar que a partir de um determinado momento temos que avançar. Isso é bom para Itajaí, isso é bom para a região. Todo crescimento de um evento como esse aqui se torna economicamente viável. Não a festa, porque ela sempre vai dar prejuízo porque não cobra ingresso. Mas o prefeito Jandir Bellini diz que nós temos muita coisa agregada ao evento. É o público que vem de fora e se hospeda em Itajaí, por exemplo..

DIARINHO – Os agricultores de Itajaí passam por muitas dificuldades. O que a secretaria de Agricultura faz pra ajudar esse povo?

Rebelo – Os rizicultores já estão sofrendo há dois anos seguidos, mas este ano foi o mais pesado para eles. Houve uma queda na produtividade em razão de um tempo inadequado. Eles plantam e dependem de vários fatores. Entre eles, o tempo pra que a planta naquele momento certo desenvolva o produto. O rizicultor teve um baque no preço. O valor recebido pela saca de arroz foi sofrido. É possível que vá inviabilizar alguns produtores. Alguns, inclusive, deixaram a lavoura. Aqueles que sempre foram bons administradores estão sofrendo, mas ainda conseguem aguentar.

O agricultor está sujeito à lei da oferta e da procura. O preço cai pra ele, mas não pro consumidor. Onde foi a demanda e oferta? Foi justamente do governo [federal] que comprou muito arroz dos países vizinhos em função dos compromissos do Mercosul. O nosso produtor pagou o pato. O que podemos fazer por esse agricultor? A maioria usa tratores da nossa patrulha mecanizada pra fazer sua lavoura. Alguns dependem totalmente e outros parcialmente deles porque têm seu equipamento. Por determinação do prefeito Jandir Bellini, nós temos uma lei municipal da patrulha mecanizada. Nela, há um artigo que diz que no caso de intempéries que causem perda da lavoura, como enchentes ou chuva de granizo, o produtor pode requerer, desde que tenha um laudo da Epagri [empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina], a isenção de pagamento das horas da patrulha mecanizada que ele usou. Então nós passamos para o conselho municipal. Nós consideramos a queda de preço bruta como uma tragédia. Com a lei, o conselho isentou todos os produtores do pagamento da patrulha mecanizada da safra 2010/2011. E aqueles que já tinham pago, vão ter direito a crédito para este ano. Esse foi o limite que o governo municipal pôde fazer pra ajudar. É muito? Talvez não, mas é o que é possível legalmente fazer.

DIARINHO – Qual o incentivo da prefeitura para os homens do campo hoje?

Rebelo – Nós temos um contrato com a Epagri pra fazer todo o trabalho de assessoria em assistência técnica ao nosso produtor. A secretaria ainda tem um técnico agrícola, um engenheiro agrônomo e um veterinário que fazem a prestação do serviço de assistência técnica aos produtores rurais. Nós também temos, talvez, a melhor estrutura do estado de Santa Catarina de mecanização agrícola para dar suporte ao produtor.

Nós compramos em 2010 dois tratores agrícolas, e mais três este ano. Compramos no ano passado duas novas rotativas, que são muito utilizadas pelos arrozeiros. Recentemente, compramos oito máquinas pra servir o agricultor de Itajaí. São investimentos que o município faz pra subsidiar o trabalho do agricultor. Quando eu falo que essas obras são cobradas, elas são sim. Está na lei. Mas são muito baratas em relação às obras honradas pelos agricultores. É um trabalho de suporte pra essas pessoas permanecerem no campo, que é o ideal.

DIARINHO – O DIARINHO fez várias reportagens sobre a qualidade da merenda escolar dos municípios da Amfri [Associação dos Municípios da Foz do Rio Itajaí]. Nas cidades onde a merenda era melhor, era utilizada a horta do próprio município. Itajaí tem uma zona rural grande, por que não se aproveitar disso para oferecer uma merenda melhor aos alunos?

Rebelo – Faz sim. No ano passado nós reativamos uma cooperativa, a Cooperar, e nos reunimos com a secretaria de Educação e colocamos os produtores de Itajaí, filiados à cooperativa, pra atenderam a uma chamada pública, pra fornecer produtos para a merenda escolar. O que, pra nós, é muito bom. É um preço bom que é determinado pela Conab [companhia Nacional de Abastecimento]. Eles começaram com muito medo, mas nós estimulamos muito. Hoje eles estão contentes, estão participando, estão crescendo porque nós temos pelo menos 17 mil consumidores em potencial todos os dias, que são os alunos da rede escolar. Então o agricultor de Itajaí está participando da rede escolar com seus produtos. A educação mudou. Antes, as escolas tinham espaço pra fazer horta. Hoje, poucas escolas têm espaço pra isso. Elas priorizam uma quadra de esportes, uma sala de informática. Aquele perfil antigo mudou bastante. Eu não vou dizer se é melhor ou pior, mas há uma perda na arte do aluno trabalhar a terra.

DIARINHO – Na sua visão, o que falta hoje para as comunidades rurais de Itajaí? Há escolas, creches, postos de saúde e infraestrutura suficientes para se viver bem no campo?

Rebelo – Talvez o maior número de pessoas que tem no meio rural não seja de agricultores, mas, sim, de moradores. Nenhum lugar do mundo vai suprir a necessidade de creches com o crescimento populacional e o advento das mães tendo que trabalhar. E o meio rural tem a mesma demanda também. Eu acho que precisamos investir na área de esporte e lazer. E também um centro esportivo no parque para as comunidades do entorno. Fala-se muito em estrada e asfaltamento de ruas. Nós temos um mapeamento pra alguns trechos a serem asfaltados. Eu acho que alguns postos de saúde, como o do Brilhante I [bairro], que é acanhado e atende quatro comunidades. O prefeito já fez uma reforma no ano passado, mas é necessário que se faça uma estrutura maior. Alguns falam que faltam novos horários no sistema de transporte coletivo. Talvez tenham razão. Precisa-se um estudo técnico pra saber se há a necessidade. Tudo o que chega para nós via conselho municipal ou via conselhos rurais, procuramos solucionar. Independente de ser uma atribuição da secretaria de Agricultura ou não. Nós somos secretaria de Agricultura e também somos poder público, então temos que ter a responsabilidade de atender bem a população.

DIARINHO – A Marejada é uma festa que todos os anos dá prejuízo e ainda não encontrou seu foco. E a festa do Colono? O que fazer para ela não dar prejuízo aos cofres públicos?

Rebelo – A festa do Colono nunca vai dar lucro nem ser autossuficiente por uma razão muito simples: o fato de não cobrarmos ingresso. Isso já tira uma importante parcela de contribuição. Eu acho que o foco da festa é exatamente os motivos rurais. É priorizar os interesses dos agricultores. Eu segmento a festa do Colono em alguns fatores principais. Uma boa exposição agropecuária, que nós estamos mantendo e cada vez lutando pra ser melhor. Não estou falando em quantidade de animais, mas em qualidade. Uma boa exposição agroindustrial...

A área da alimentação nós estamos melhorando com a construção do café colonial. Fiz uma cozinha nova pra churrasco. Quero fixar na festa uma comida colonial típica. O que é a comida colonial? Aipim, galinha, suíno...Minha meta para o próximo ano é fixar um prato típico da festa colonial. Não deu este ano, pois alguns fatores impediram, mas ano que vem é uma meta fixada por mim e eu vou persegui-la.

Outra questão importante é a parte artística e cultural. Nós temos uma tenda pra ter uma apresentação cultural decente, que antes era feita no asfalto. Há uma tenda bonita e típica. Eu acho que é muito importante salientar que o festival sertanejo e o palco alternativo já propiciaram muitos artistas locais a alavancar carreira. O Israel Lucero [morador de Itajaí vencedor do programa Ídolos 2010, da Record] é um exemplo disso. Ele começou a cantar na festa com cachezinho de 200, 300 reais. A festa serve de plataforma pra muitos artistas locais e regionais se lançarem. Tem gente que se oferece pra vir cantar na festa de graça, mas a gente sempre dá um cachezinho. Temos um artista este ano, o Hildo, que vai lançar um CD aqui. Pra nós é motivo de orgulho. É o pessoal da terra que está tendo a oportunidade de mostrar o seu trabalho. Junto a isso, temos os shows nacionais, este ano terá o Israel Lucero, de novo, mas agora com um pouquinho mais de cachê; o Gaúcho da Fronteira, que é um nativista e tem tudo a ver com a festa; e o Almir Sater, que foi um pedido meu. Curiosamente tem muita gente ligando pra perguntar, não pelo Bruno & Marrone [vão tocar domingo, às 19h], mas pelo Almir Sater.

Outra coisa que chama a atenção das pessoas é o lado familiar, pois todas as atrações são num horário que a família pode assistir. Todo mundo elogia isso porque dá a oportunidade do cidadão curtir o evento com a família e voltar cedo pra casa e poder trabalhar tranquilamente no outro dia. Então, 21h [de domingo] nós já estamos com o evento encerrado. A nossa prioridade é cada vez mais qualificar o evento. O objetivo não é econômico, é honrar uma profissão que está cada vez mais difícil. Somos nós que temos que prover isso e valorizar essas pessoas.

Eu me lembro em 1997, quando eu tomei um pau. As pessoas me xingaram dizendo que eu tava gastando dinheiro do povo, que deveria ser gasto em casa popular e saúde. Mas são coisas diferentes, cada setor tem a sua verba.

DIARINHO – O que a prefeitura tem feito pra incentivar as pessoas a morarem na zona rural? Até o prefeito Bellini, cuja família era moradora tradicional da Itaipava, resolveu migrar para o centro...

Rebelo – Eu acho que já veio mais gente do meio rural pra cidade. Eu moro no centro da cidade. Às vezes, eu saio na rua e fico espantado com o número de prédios que cresceram à minha volta. Hoje, há uma grande preocupação geral que é a segurança. Antes, muita gente ia morar no meio rural pensando que era mais tranquilo, mais sossegado. Hoje, já não é tanto. Uma das necessidades que o pessoal pede na área rural é segurança. Mas tem muita gente indo pro campo também. Na frente do parque da Festa do Colono já tem mapeamento de condomínio e em outras regiões também.

“Ousamos sugerir ao prefeito Jandir Bellini que não fizesse a festa em 2009. Ele disse que não. Que seria uma desfeita muito grande para o agricultor, para o povo de Itajaí, para a região”

“O cidadão que vem na festa do Colono busca um atendimento qualificado, segurança, boa alimentação, busca ver coisas diferentes. Vem trazer o filho pra mostrar que o leite não sai de caixinha”

“O que se precisa pra festa ser reconhecida é tempo, é conhecimento, é divulgação, que as pessoas venham aqui e vejam que temos um espaço hiperadequado pra fazer um grande evento. O poder público tem que ver isso”

RAIO-X

Nome: Carlos Alberto Rebelo

Naturalidade: São João Batista/SC

Idade: 56 anos

Estado civil: casado

Filhos: três

Formação: médico veterinário

Trajetória profissional: Exerceu a medicina veterinária por 31 anos na Epagri. Foi secretário de Agricultura na primeira gestão de Jandir Bellini (1997/2004) entre 1997 e 1998. Entre 1999 e 2002, foi gerente regional da Epagri do governo Espiridião Amim (PP). Em 2009, voltou para o governo Bellini, novamente como secretário de Agricultura.




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