A tão falada crise econômica mundial já começa a respingar nas micro e pequenas empresas brazucas. Levantamento da empresa Serasa Experian, especialista em análise de créditos, apontou que em julho diminuiu o nível de pontualidade do pagamento dos compromissos do empresariado miúdo. De cada mil pagamentos, 51 deixaram de ser pagos à vista ou com atraso máximo de sete dias. O resultado é 0,2 ponto percentual maior que em relação a junho e 0,4 ponto se comparar com julho do ano passado.
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Inhacas pra justificar o aumento no atraso dos pagamentos não faltam. As empresas têm enfrentado uma queda no faturamento, há a alta na taxa de juros e também a inflação, lista João Ferreira Marques ...
Inhacas pra justificar o aumento no atraso dos pagamentos não faltam. As empresas têm enfrentado uma queda no faturamento, há a alta na taxa de juros e também a inflação, lista João Ferreira Marques, presidente da associação das Micro e Pequenas Empresas (Ampe) de Itajaí. Em julho, afirma ainda João Marques, rolou uma brochada nas vendas de praticamente todos os setores. E isso dificulta mais ainda a quitação dos débitos, afirma.
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Pro chefão da Ampe, parte desses problemas tem a ver com a crise internacional, que desaquece a economia. E aí, a corda sempre arrebenta do lado mais fraco, diz. A lógica apontada por João Marques é a seguinte: menores vendas significa queda no faturamento, o que faz com que os empresários busquem nos empréstimos de capital de giro e, por conta disso, se enrolem depois para o pagamento das dívidas, já que os juros cresceram. Aí vira uma bola de neve. Tira de um lugar pra pagar outro, analisa.
Sabichões concordam
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A análise do presidente da Ampe não é diferente daquilo que apontam os economistas do Serasa como causa da queda da pontualidade nos pagamentos das micro e pequenas empresas. O atual processo de desaceleração econômica, a alta dos juros e o consequente aperto nas condições de crédito estão produzindo efeitos adversos sobre o custo financeiro e o caixa das micro e pequenas empresas, diz a nota oficial da Serasa.
Inflação tá ajudando a piorar as coisas
Pra piorar a situação das micro e pequenas empresas, o valor médio dos pagamentos tem aumentado. Das dívidas quitadas em julho, esse valor foi da média de R$ 1.716,70 em todo o país. Se comparar com o mês anterior, houve uma elevação de 3,8%. No acumulado do ano, o aumento do valor médio das dívidas quitadas foi de R$ 1.589,06, que representa 6,2% a mais que no mesmo período do ano passado.
Pra João Marques, da Ampe, esse é um problema adicional pro empresariado miúdo. Aumentam as coisas e, em muitas vezes, o empresário não consegue repassar isso no produto final e aí tem que absorver esse aumento, reclama. Isso acaba também ajudando a aumentar a inadimplência, o que cria uma reação em cadeia, avalia o dirigente da Ampe. Quando o pequeno empresário atrasa pagamentos, passa a ter mais dificuldades em conseguir dinheiro, conseguir créditos para investir, e também mais dificuldades de conseguir matéria-prima para produzir. É uma cadeia, aponta.