Olhar pro lixo e ver lixo é normal. Agora, olhar pros entulhos e ver arte é pra poucos. O artista plástico Daniel Pickler tem o dom de transformar. Com as chuvas fortes dos últimos dias, muita nojeira veio parar na praia de Navegantes. Pra Daniel, a sujeira virou a principal matéria-prima. Os pedaços de madeira, troncos de árvore e restos de móveis jogados na beira do mar viraram esculturas impecavelmente detalhadas.
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Quando as pessoas olham pra esse tipo de material, a primeira coisa que vem à cabeça é que se trata de lixo, que é preciso jogar fora. Muitas pessoas veem as coisas pelo lado negativo e não conseguem ...
Quando as pessoas olham pra esse tipo de material, a primeira coisa que vem à cabeça é que se trata de lixo, que é preciso jogar fora. Muitas pessoas veem as coisas pelo lado negativo e não conseguem transformar esses entulhos em algo útil pra elas mesmas. Eu faço exatamente o contrário, transformo em oportunidade tudo que vejo, afirma o artista plástico dengo-dengo.
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Num surto de modéstia e agradecimento, Daniel Pickler diz que quem faz as obras não é ele, mas a mãe-natureza. Quando vou à praia, observo os galhos e os troncos de árvores. Cada peça já vem com uma forma definida, apenas dou o acabamento sem utilizar produtos químicos e o trabalho sai de forma natural, explica o artista. Ele garante que o material recolhido nas praias é melhor do que o que é vendido em lojas. Encontro muita madeira de lei, produto de primeira qualidade, coisa que você não encontra no comércio. Muita coisa que é considerada lixo pode ser aproveitada, comenta Daniel.
Das sujeiradas que estragam a beleza da praia, o artista cria peças que vão embelezar outros ambientes: quadros, estantes, figuras abstratas, móveis e decorações em geral. Pra dar uma bizolhada no trampo de Daniel mais de perto, é só dar um pulinho no ateliê dele, na rua Adelina Leal Nercíso, 460, bairro Meia Praia.
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Quem é o cara?
Daniel Pickler tem 33 anos, nasceu em Blumenau, mas se diz dengo-dengo de coração. Foi cabo do exército e quando ia ser promovido a sargento, tirou a farda pra se dedicar às artes plásticas. Desenhista nas horas vagas, hoje Daniel vive das pinturas e esculturas que produz. O artista desenvolve também trabalhos alternativos com sucatas de ferro, pintura personalizada com aerógrafo, entalhe em madeira, produção e restauração de móveis e execução de carros alegóricos pro Carnaval de Navega, onde mora há 10 anos. A diversidade no uso dos materiais e as técnicas usadas por Daniel fizeram com que algumas de suas obras ultrapassassem fronteiras. Além de ter peças espalhadas por várias citys do Brasil, Daniel já exportou algumas peças pra outros países.