23 de agosto de 2011. Chega ao fim meu tratamento contra o câncer descoberto há nove meses na mama esquerda. Foram longos nove meses entre diagnóstico, cirurgia, quimioterapia e radioterapia. A última parte do tratamento foi realizada em Blumenau, na clínica de radiologia Corb, porque na região de Itajaí e Balneário Camboriú ainda não existe clínica que faça o procedimento que evita o crescimento de um novo tumor.
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Esta lacuna no tratamento deve ser preenchida ano que vem, com a abertura de uma filial da Corb perto da maternidade Santa Luiza, mas até lá, quem precisa de radiação ainda precisa enfrentar os ...
Esta lacuna no tratamento deve ser preenchida ano que vem, com a abertura de uma filial da Corb perto da maternidade Santa Luiza, mas até lá, quem precisa de radiação ainda precisa enfrentar os 70 km que nos separam de Blumenau ou 100 km até Floripa, em idas diárias pra receber o procedimento que leva poucos minutos.
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O tratamento de radioterapia varia de paciente pra paciente, mas, em média, leva um mês e meio. Tempo necessário para a radiação quebrar o DNA de células cancerosas (mutação de uma célula normal), impedindo sua multiplicação. Quem não tem carro, nem dindim ou nervos pra encarar as rodovias de trânsito pesado, pode se valer dos veículos das prefeituras, que são obrigadas pelo ministério da Saúde a levar os pacientes para outros municípios quando não dispõem de tratamento especializado nas próprias cidades.
O serviço é essencial pro povão, pois 33 viagens a Blumenau, contando consultas e retornos, ida e volta, custam R$ 1336 em gasosa ou R$ 1237 em passagens de ônibus intermunicipal e urbano, já que, no final, os pacientes rodam quase cinco mil km, maior que uma viagem até o Oiapoque, o ponto mais ao extremo norte do país, no Amapá.
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Comigo viajavam cinco senhores aposentados entre 62 e 75 anos com câncer na próstata, a causa mais comum entre os homens. Mais um caminhoneiro de 57 anos com câncer no esôfago e uma mulher de 49 anos com câncer no colo do útero, caso mais comum em mulheres. Eu, representante do câncer de mama, era a única que tinha convênio médico, os outros eram pelo SUS. O carro nos pegava às 15h e às 16h30 já estávamos na Corb, se não rolasse nenhum perrengue na estrada. No início, voltávamos às 19h, mas com a chegada de um paciente que é atendido no hospital Santa Isabel, passamos a chegar às 21h, 22h, com a bunda quadrada, as costas doendo e estressados de tanto ver imprudências absurdas na estrada.