Agosto é o mês do desgosto, diz o velho dito popular. E foi mesmo para 32 famílias que viram seus entes queridos morrerem por causas violentas e passarem pelo instituto Médico Legal (IML) de Itajaí. O mês passado bateu o recorde no número de cadáveres que passaram pelo órgão peixeiro nos últimos 19 meses. Pela estatística oficial do IML, que atende as citys de Itajaí, Navegantes, Luís Alves, São João de Itaperiú, Penha, Piçarras e Barra Velha, pintaram na salinha de necropsia pra dissecação um total de 32 corpos.

A maioria dos cadáveres foi recolhida em Itajaí. Pra se ter uma ideia, é mais que o dobro do número registrado em agosto do ano passado, que foi de 14. Em julho, o IML peixeiro recebeu 25 corpos. Já em fevereiro deste ano, mês mais tranquilinho até o momento em 2011, deram entrada 19 mortos no órgão.

A triste estatística também revela que os oito primeiros meses de 2011 tiveram cinco registros de mortes violentas a mais em relação ao mesmo período do ano passado. Até agosto, foram 185 cadáveres examinados pelos técnicos do IML peixeiro. De janeiro a agosto de 2010, o número foi de 180.

Trombadas provocaram maioria das mortes

Das 32 mortes, 14, quase a metade, foram em consequência de acidentes de trânsito ou atropelamentos. Outros oito coitados morreram com tirombaços, um a facadas, três por suicídio, três por queda, um por afogamento e um anjinho devido a um aborto.

Ainda pelas estatísticas do IML, foram 15 ocorrências em Itajaí, 11 em Navegantes, quatro em Barra Velha, uma em Luís Alves e uma em Penha.

Números elevados como o de agosto, informa Simone Cadore Rocha, funcionária do IML peixeiro, só foram registrados em março e setembro do ano passado, quando chegaram, respectivamente, 29 e 28 corpor por lá.

O IML integra o instituto Geral de Perícias, da secretaria de Segurança Pública do governo da Santa & Bela. Uma das suas funções é apontar oficialmente o que tirou a vida de pessoas que morreram por causas violentas.

Jovens são os que morrem mais cedo

Garotada tá precoce no mundo do crime e por isso tá indo mais cedo pro além

Simone Cadore Rocha revela outro dado preocupante. Oito dos nove assassinatos na região tiveram como vítimas jovens entre 15 e 25 anos. Boa parte desses adolescentes, garante Simone, visitou o IML semanas antes de aumentar o quadro de estatísticas de morte para fazer exames por conta de alguma agressão sofrida. “Cansei de receber meninos que vinham fazer o exame de corpo de delito e, pouco depois, apareciam mortos. Têm uns que você vê a maldade estampada no rosto”, comenta a barnabé.

Simone costuma sempre dar o mesmo conselho à molecada que chega pro exame de corpo de delito depois que é presa: “Digo que o próximo passo é a mesa de necropsia. E eles respondem: ‘Não dá nada, tia. Vou preso e saio logo. Vou matar de novo’”.