Ele é um homem de cerca de um 1,70 metro de altura, magro, educado e aparentemente tranquilo. Pedro Rodrigues Filho, 56 anos, o Pedrinho Matador, parece estar acima de qualquer suspeita. Grande engano. Ele é acusado de 100 assassinatos, inclusive o do próprio pai, passou mais de 30 anos na cadeia, participou de motins e matou uns 50 colegas de cela. Nos últimos três anos vivia e trampava em Camboriú. Considerado um dos maiores matadores do Brasil, foi apresentado ontem à tarde na delegacia do Balneário Camboriú e, bem humorado, fez piadinhas.
Apesar de uma centena de vidas tiradas, Pedrinho estava livre, leve e solto. Ele já cumpriu 34 anos de jaula na cadeia de Franco da Rocha, em São Paulo, e não devia mais nada pelos assassinatos. ...
Apesar de uma centena de vidas tiradas, Pedrinho estava livre, leve e solto. Ele já cumpriu 34 anos de jaula na cadeia de Franco da Rocha, em São Paulo, e não devia mais nada pelos assassinatos. Sua prisão, ontem, teve outro motivo. Este ano foi condenado pelos motins que promoveu na época em que estava na prisão, quando até manteve carcereiros como reféns.
A delegada Luana Cervi, da divisão de Investigações Criminais (DIC), informa que Pedrinho foi condenado a quatro anos e oito meses de jaula e mais dois anos no regime semi-aberto. Ontem a equipe da DIC soube que o cara tava numa chácara da estrada geral dos Macacos, em Camboriú. Ele nem resistiu. Já levantou as mãos e foi dizendo onde estava a arma, conta a dotora. Foi encontrado um trabuco calibre 38 no quarto onde dormia. Pedrinho afirma que nunca usou a arma, mas a guardava pra se defender. Tadinho do meu revólver. Vão levar ele, brincou, ao ver os tiras recolherem o trezoitão.
Pedrinho afirmou que mora na Capital da Pedra há três anos, desde que ganhou liberdade do xadrez paulista. Vim porque tenho parentes. Pra trabalhar, disse. Ele trampava como chacreiro e jura que não cometeu mais assassinatos depois que saiu da cadeia.
O matador revelou que não se arrepende de nenhuma das mortes e garantiu que nunca assassinou mulheres. Fez questão de dizer ainda que só matou desafetos, a maioria com faca ou estrangulados.
Ao ser apresentado à imprensa, praticamente deu uma entrevista coletiva. Foi quando soltou que só mata se receber a ordem pra isso. Apesar da afirmação, negou que fosse assassino de aluguel ou que recebesse dinheiro. Ele não quis dizer de onde ou de quem viria a tal ordem pra matar. Quando eu fazia não sentia nada. Tinha que ser feito, declarou.
A polícia faz boca de siri sobre o local onde Pedrinho ficará trancafiado, até que seja transferido prum presídio em Sampa.
Só na cadeia, matou uns 50 colegas de cela
Nascido em Minas Gerais, aos 14 anos matou o vice-prefeito de Alfenas/MG, que despediu seu pai do trampo de vigia de uma escola. Quatro anos depois, assassinou o próprio pai a facadas. Ele matou minha mãe dormindo. Ele mereceu, mas meu pai é outra situação que eu não quero falar, disse aos jornalistas. Há um boato de que teria arrancado o coração do pai e comido, mas a informação não é confirmada por ele.
Despachado e falador, Pedrinho não tem vergonha de admitir que matou umas 100 pessoas. Muitos na época em que sijuntou com uma trafica paulista. Depois, já preso, ficou conhecido por exterminar os colegas de cela. Teve sujeito que até teria sido assassinado por roncar muito.
Muitos dos pesquisadores em psicologia que estudaram Pedrinho relacionaram o comportamento violento dele ao fato de ter nascido com uma lesão na cabeça provocada por chutes que o pai teria dado na barriga da mulher na época em que estava grávida. Falaram que tenho problema na cabeça, mas não é nada disso. Só fiz o que tinha que ser feito, repetiu.