Na tentativa de explicar o motivo da revogação do decreto que determinava a desapropriação do terreno da Shell, no bairro Cordeiros, pra construção de uma creche e praça, o prefeito de Itajaí, Jandir Bellini (PP), garantiu que a decisão foi tomada pensando no bem da coletividade. Jandir negou que quisesse beneficiar a si próprio e à família do ex-vice-prefeito Guto Dalçoquio (PSDB), atuais sócios no porto privado. Íamos fazer a praça e a creche, mas depois vimos que o lugar estava contaminado desde a enchente de 1983, por causa do vazamento de combustível. Por isso o terreno não servia e revogamos o decreto, explicou. Ontem, a assessoria de imprensa da Shell, contudo, desmentiu a versão do prefeito.
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Em nota oficial enviada ao DIARINHO, o grupo Dalçóquio não questionou ou contrariou nenhum dos pontos apresentados na reportagem A história secreta publicada nesta segunda-feira. Eles sustentam ...
Em nota oficial enviada ao DIARINHO, o grupo Dalçóquio não questionou ou contrariou nenhum dos pontos apresentados na reportagem A história secreta publicada nesta segunda-feira. Eles sustentam o argumento de Jandir, de que a Shell não descontaminou o solo e que esta teria sido a razão do prefeito ter suspendido todas as promessas de obras públicas praquele imóvel. Apesar do anúncio público da desapropriação, a prefeitura revogou o decreto antes de qualquer pagamento pela área. Em 1998, a prefeitura de Itajaí desapropriou a área ocupada por um terminal de combustíveis líquidos. No local seriam erguidas uma praça e uma creche. Estudos posteriores revelaram que o local tinha um passivo ambiental por contaminação do solo que impedia a construção de uma praça, quanto mais uma creche, justificou o grupo, através da nota assinada por Guto Dalçóquio, que hoje administra a Trocadeiro.
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No entanto, a Shell Brasil, com sede no Rio de Janeiro, desmente a afirmação também através de uma nota oficial. O terreno localizado na avenida Reinaldo Schmithausen foi completamente descontaminado antes mesmo da sua venda, em meados da década de 90. O processo foi protocolado junto ao órgão ambiental do estado de Santa Catarina Fatma.
Depois da afirmação da empresa, a reportagem tentou ouvir o prefeito novamente, mas ele estava com o celular desligado.
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Histórias secretas
O DIARINHO investigou o vai e vem de uma área que pertencia a uma petroleira, chegou a ser desapropriada na primeira administração Bellini pra construção de uma creche e de uma praça pro bairro Cordeiros, mas acabou comprada pelo grupo Dalçoquio, a empresa do vice-prefeito da época. Hoje, o porto Trocadeiro é uma sociedade privada cujos sócios são quase todos políticos, inclusive o prefeito Jandir Bellini.
Ouvido pelo DIARINHO, o Ministério Público afirma que só vai se manifestar caso haja uma representação oficial.
Já o líder da bancada de oposição na câmara de vereadores, Níkolas Reis (PT), disse que ainda não tem uma opinião formada sobre o caso. Temos de ver se há ilegalidades ou só mesmo a imoralidade, comenta o parlamentar, cuja bancada é minoria na câmara.