Era de dentro do cadeião do Matadouro, em Itajaí, que o traficante Alberto Pereira, o Betinho, comandava a distribuição de cocaína e crack vindos da Bolívia para os três estados do sul do Brasil. Ontem, a polícia Federal concluiu a operação chamada Gato Preto, que desmontou o esquemão comandado por Betinho e grampeou outras 10 pessoas – sete delas em Itajaí.

A ação da PF começou às 6h da matina de ontem, simultaneamente em Itajaí e em Foz do Iguaçu, no Paraná. Dos 27 federas mobilizados, 23 deles atuaram na city peixeira. Betinho, que teve sua cela vasculhada ontem cedinho por um grupo de agentes federais, foi oficialmente informado de mais esta bronca: a de formação de quadrilha e tráfico internacional de drogas. Ele já está preso no cadeião há nove anos também por tráfico.

As investigações começaram em fevereiro deste ano e ao todo 22 pessoas foram acusadas de integrar a quadrilha. Pelas contas do delegado Geraldo Barizon, da PF de Itajaí, o grupo movimentava cerca de 360 quilos de droga por mês. O bando também seria responsável por trazer ao país armamento ilegal, diz o dotô.

A droga era encomendada ao trafica Osmar de Souza Júnior, o Pitão, que é foragido da dona justa brazuca e passa a maior parte do tempo na Bolívia. É naquele país que ele compra o crack e a coca pra revender.

Antes de entrar aqui, a porcaria passava pelo Paraguai, nas mãos do também brazuca Marlon José Brandalise, o Tio. Ele era o responsável por botar os carregamentos de pó e de pedra em caminhões ou nos ônibus da empresa paraguaia Boquerón, que vinham pra Santa Catarina. Dois motoristas da empresa faziam parte do esquema. Um deles foi preso. Tio também foi em cana e, ontem de manhãzinha, entregue oficialmente à PF pelas otoridades paraguaias.

Comandava o esquema por celular

Depois de chegar em Itajaí, a droga encomendada de Pitão era distribuída para cidades de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul.

Todo o esquema, revela uma fonte da PF, era gerenciado de dentro do cadeião do Matadouro por Betinho, através de um telefone celular. Os federais não informaram se recolheram algum aparelho ontem com o chefão do tráfico, mas o diretor do cadeião, José Luís Santos de Araújo, o Carioca, revela que já pegou celular na cela do bandido durante uma revista.

Desde que a operação começou, a PF apreendeu 100,5kg de drogas (entre crack e cocaína), cinco carangos e uma motoca usados no transporte das porcarias, além de R$ 157 mil em dinheiro vivo.

As maiores baixas da quadrilha

25 quilos de cocaína

A apreensão rolou em 23 de junho, no pedágio de Araquari. Foram presos os itajaienses Bruno Alves dos Santos, 20 anos, e Cláudio Luiz Santos, o Boquinha, 38.

10 quilos de crack

Rodrigo Fernandes de Souza, 25 anos, caiu com 10 quilos de crack na rua Américo Meinick, no Brejo, bairro Cordeiros, em Itajaí, em 2 de agosto.

10 quilos de pedra e 7 de branca

A PF interceptou na BR-101, em Floripa, um busão da empresa paraguaia Boqueron. O latão tava recheado. Um motora gringo foi preso e o outro fugiu. Isso aconteceu em 12 de agosto.

43 quilos de crack

Essa foi a maior apreensão de todas. Os itajaienses Oziel Oliveira e Sílvio Lutchemberg, o Quinho, comandados diretos de Betinho, foram presos em São José dos Pinhais, na grande Curitiba/PR, em 21 de agosto, com toda a droga escondida em dois botijões de gás.

Betinho foi transferido pra Criciúma

José de Araújo, o Carioca, diretor do cadeião do Matadouro, informou que Betinho foi transferido ontem pra penitenciária de Criciúma, no sul do estado. O trafica, contou, era tranquilaço e não costumava aprontar no xadrez nem pros agentes prisionais e nem pros outros presos. “A mim, ele nunca incomodou. Recebia visitas normalmente, como os outros. Mas há pouco tempo o peguei com celular”, revelou.

Carioca garante que jamais desconfiou que Betinho fosse um comandante do tráfico. “Entra preso e sai preso o tempo todo. Quando o preso chega, fica lá dentro, e a gente não sabe de mais nada”, afirmou.