As roupinhas e o berço são alguns dos presentes que Maria Eduarda ganhou, mas nunca poderá usar. Tudo ainda está na casa de Odevaldo Olímpio, 46 anos, e Thaís Gomes, 20, no bairro Cidade Nova, em Itajaí. Eles aguardavam com muita ansiedade o nascimento da filha, mas, infelizmente, os sentimentos foram substituídos por muita revolta e tristeza depois que a mamãe perdeu a pequena Duda antes do parto, no sábado. A família acusa o doutor Vendelino da Rocha, que estava de plantão no hospital Marieta Konder Bornhausen, de erro médico e de ameaçar Thaís, ao saber que seria processado. O homem de branco nega as acusações e afirma que o bebê já chegou morto na unidade de saúde. O Marieta, por meio da assessoria de imprensa, garantiu que abrirá sindicância pra apurar as denúncias e só vai se pronunciar depois de apurar todos os aconte-cimentos.
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A tragédia começou às 9h da ma-nhã de sábado, quando Thaís chegou no Marieta pra fazer um exame de rotina e foi atendida por Vendelino. De acordo com Vanessa, irmã da mamãe de primeira viagem, o ...
A tragédia começou às 9h da ma-nhã de sábado, quando Thaís chegou no Marieta pra fazer um exame de rotina e foi atendida por Vendelino. De acordo com Vanessa, irmã da mamãe de primeira viagem, o dotô fez um exame e disse que estava tudo bem com o bebê. Ele fez um eletrocardiograma e conferiu os batimentos do bebê às 9h30 e disse que estava tudo bem, mas que a Thaís ia ficar em observação. Então eu desci pra preencher a papelada pra internação. Quando retornei pro quarto, às 11h, vi que a barriga dela estava muito dura, então chamei o médico. Ele fez outro eletro às 11h15 e disse que o bebê estava morto, relata Vanessa.
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A partir daí é que começa a revolta da família. O pai e outros familiares passaram a tarde recebendo informações desencontradas. Conversei com vários médicos e eles não sabiam dizer nada. Uma enfermeira, que também estava grávida, foi a única que nos atendeu com atenção e falou que a cirurgia [pra retirar a bebê morta da barriga da mãe] só iria ser realizada às 23h. Foi aí que eu explodi, desabafa Odevaldo. Após a confirmação da morte, a criança só foi retirada do corpo da mãe nove horas depois, por meio de parto induzido. Durante esse tempo, a mulher recebeu medicamentos pra realização do parto forçado e teria corrido até risco de morte. O bebê foi sepultado no cemitério da Fazenda, no domingo de tarde.
Laudo controverso
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Após a liberação do corpo, começou outra novela. A certidão de óbito do natimorto quando um recém-nascido morre na barriga da mãe ou durante o parto tinha como causa da morte hipoxemia fetal, restrição de crescimento e insuficiência placentária, apontando como causa o tabagismo materno. A família admite que Thaís fuma cerca de quatro cigarros por dia, mas ainda assim as acusações provocaram dúvida. Eles pediram que fosse feito um exame na nenezinha. O laudo constatou perfeita formação de todos os órgãos, ao contrário do que estava na certidão de óbito. O exame ainda teria revelado que a falta de oxigênio se deu porque o parto foi realizado depois da hora, já que a placenta parou de enviar oxigênio para o feto. Conseguimos autorização para ir até o IML fazer este exame. A sensação é que ninguém queria fazer para não comprometer o hospital. O bebê tinha 2,750 kg e media quase 40 cm após 41 semanas de gestação. Era perfeitamente saudável, então fizemos um boletim de ocorrência na 1ª DP no domingo de tarde conta o pai.
E as broncas não param por aí. Ontem, antes de Thaís ser liberada pelo hospital, o médico Vendelino foi até o seu quarto e teria feito uma ameaça. Minha irmã recebeu alta às 12h. Antes de ela ser liberada, o Vendelino foi até o quarto e disse que estava sabendo que ela iria processar ele. E afirmou que ela devia ter cuidado, pois isso iria abalar a relação médico-paciente dos dois e que ela não seria mais atendida no Marieta e em nenhum hospital da região, lascou Vanessa. Após receber alta, Thaís e a irmã foram até a delegacia da Mulher e fizeram outro boletim de ocorrência contra o médico Vendelino da Rocha, por causa da ameaça o primeiro tinha sido logo após a morte da criança, por suposto erro médico.
Cigarro pode prejudicar gravidez
O obstetra Delmo Dumke, que tem consultório na Maravilha do Atlântico, informa que o uso de cigarro durante a gestação pode causar baixo peso e nascimento prematuro de bebês. Não posso avaliar esse caso específico, pois não sou o médico da paciente, mas após 41 semanas de gestação, o normal seria um recém-nascido ter pelo menos uns 3,300kg de peso e 50cm de tamanho, explica o sabichão, que ainda ressaltou que, durante a gestação, mulheres não deveriam fumar ou ficar perto de pessoas que estão fumando. Cigarro já faz mal naturalmente para um ser humano normal, imagina para uma gestante, alerta o dotô.
Médico do Marieta sisplica
Contrariando o relato da família, o dotô Vendelino da Rocha informou que o bebê já chegou morto no hospital e que só foi conversar com a mãe antes da alta. O bebê já chegou morto no hospital e não posso falar nada além disso, pois as informações de um paciente são sigilosas. Na segunda, eu apenas fui conversar com ela e disse que minha relação com ela de médico e paciente seria prejudicada caso ela me processasse. Só isso. Não houve nenhuma ameaça, sidefende.
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