O navio Ary Rangel, da Marinha do Brasil, partiu ontem pra Antártida levando a bordo uma tecnologia inovadora fabricada pela empresa Arxo, do Balneário Piçarras. Quatro enormes tanques pra um gerador movido a álcool serão usados pra experimentar o uso de etanol em condições extremas e de baixa temperatura. Essa será a primeira produção de energia limpa que já pintou no continente gelado do sul do mundo, informa a direção da Petrobras, que toca o projeto em parceria com a Marinha do Brasil e a Vale Soluções em Energia (VSE).
A Arxo já é uma das maiores fornecedoras do país de tanques combustíveis. Os galões gigantes produzidos especialmente pro projeto na Antártida, foram montados sobre trenós, que é a única maneira ...
A Arxo já é uma das maiores fornecedoras do país de tanques combustíveis. Os galões gigantes produzidos especialmente pro projeto na Antártida, foram montados sobre trenós, que é a única maneira de transportar os monstrengos sobre o gelo. Para nós, é muito importante ver que estes equipamentos serão utilizados em um projeto inovador, que contribui para a redução de emissões e utilização de recurso renovável, além de contribuir tecnológica e cientificamente para o mundo todo, sigaba em nota oficial Cidemar Dalla Zen, gerente comercial da fábrica piçarrense.
Cada tanque construído pela Arxo tem capacidade pra 10 mil litros, que vão fornecer o combustível pra um motogerador com capacidade de 250 quilowatts. A Petrobras vai fornecer 350 mil litros pro projeto, que foi criado pelos cientistas da VSE, braço tecnológico da mineradora Vale (antiga estatal Vale do Rio Doce).
O projeto todo tá orçado em R$ 2,5 milhões. A ideia dos cientistas brazucas é demonstrar que o álcool, sem qualquer aditivo, pode movimentar motores pesados que em geral funcionam com diesel ou carvão. Além disso, também querem provar que o etanol funciona bem até mesmo em temperaturas abaixo de zero.
O navio da Marinha chega na Antártida no comecinho do mês que vem. A intenção é botar o gerador movido a álcool pra funcionar no máximo em duas semanas.
O que o Brasil faz na Antártida
Cientistas e militares brasileiros fazem parte das poucas equipes mundiais que pisam na Antártida. Desde 1961, há tratados internacionais que consideram o continente patrimônio internacional e uma reserva mundial ambiental e de paz. Pelo último acordo, firmado em 1998, até 2047 lá não pode haver exploração de qualquer recurso econômico e tá proibido o uso de equipamentos de guerra. Oficialmente, somente rolam pesquisas na Antártida.
Ao Brasil, cabe estudar o tal efeito estufa. Por isso, os tanques construídos pela catarinense Arxo são importantes, já que o álcool é considerado uma energia limpa e que não detona a camada de ozônio, aquela que protege a terra dos raios ultravioletas emitidos pelo sol.
O continente é considerado o ambiente mais inóspito da terra. E não é por menos. É o mais frio, mais seco, com a maior média de altitude e de maior índice de ventos fortes do planeta. A temperatura mais baixa da terra foi registrada por lá: -89,2 graus centígrados. As ventanias, que são constantes, costumam ter em média uns 100 km/h, mas há registro que chegam a 320 km. A média de altitude é de 2 mil metros acima do nível do mar.
É por conta disso que a Antártida nunca teve povos nativos. Mas como há muitos minérios por lá, tá todo mundo de olho. Sete países - Argentina, Austrália, Chile, França, Noruega, Nova Zelândia e Inglaterra - reivindicam a posse do território. Atualmente, entre 1000 e 4000 cientistas e militares batem perna pelo maior deserto de gelo da terra.
Era de Itajaí
A Arxo era uma empresa de Itajaí. Foi criada em 1967, como Soldas Pereira. Depois se transformou em Sideraço. O que era uma serralheria e metalúrgica especializada em soldas, acabou se transformando numa grande fornecedora da cadeia produtiva do petróleo e gás. Em 2007, por conta de incentivos fiscais e pra aumentar a estrutura física, a fábrica se mudou pras margens da BR-101, no Balneário Piçarras.
Em agosto desse ano, a Arxo já foi matéria do DIARINHO, por quebrar preconceitos e botar a mulherada pra trampar no chão de fábrica.