Gilberto Gadotti (PSDB), gerente da coordenadoria de Desenvolvimento Ambiental de Itajaí (Codan), a popular Fatma da city peixeira, recebeu um pé na bunda do governo da Santa & Bela. Na sexta-feira passada, ele foi exonerado do cargo que ocupava desde janeiro deste ano. O fato rolou um mês depois da polícia Federal e o Ministério Público Federal descobrirem uma montoeira de irregularidades nos licenciamentos ambientais da Fatma de Itajaí. Por enquanto, ninguém quer assumir quem pediu o boné do homem e nem quais os motivos pra saída. Gadotti também garante que não sabe os motivos, mas acredita que a motivação talvez seja política porque o cargo pode deixar de ser da fatia do PSDB.

O tucano foi informado da exoneração pelo deputado estadual Dado Cherem (PSDB), na sexta-feira. Mas antes de levar o pé na bunda, o próprio partido já havia pedido pra ele se afastar do cargo. “O antigo gerente [Gabriel Santos de Souza] também era do PSDB, daí eles [PF e MPF] fizeram uma série de acusações e o Pavan se indispôs com isso. Ele começou a ir pra cima, começou essa confusão e pediram pra eu me afastar”, conta Gadotti, que não acatou o pedido do partido e seguiu no cargo. “Eu achava por bem não sair. Não tinha motivos para isso, os problemas com licenciamentos aconteceram antes de eu assumir”, se defende.

Gadotti comenta que, até agora, não foi avisado da sua exoneração pelo presidente da Fatma, Murilo Flores. O tucano não sabe se assumirá outro cargo no governo ou se partirá pra iniciativa privada. O ex-coordenador da Fatma conta que está há mais de 20 anos na vida pública e que foi o secretário de Turismo da primeira gestão de Leonel Pavan em Balneário Camboriú. Depois, foi chefe de gabinete do tucano e também participou da equipe do governador Pavan.

Mais mistério

Ainda é um mistério quem assumirá a Fatma de Itajaí, mas Gadotti acha que o cargo não será mais dos tucanos. “Não sei se o cargo permanece sendo do PSDB, eu acredito que não. Quando assumi já havia vários partidos brigando pela vaga”, explicou.

Até o fechamento desta edição, ninguém informou ao DIARINHO quem pediu a exoneração de Gadotti. Na presidência da Fatma, a assessoria disse que eles não estavam sabendo oficialmente da saída do tucano. A informação é que as nomeações e demissões seriam feitas pelo governo da Santa & Bela. Já a assessora de imprensa do governador Raimundo Colombo (PSD), Cláudia de Conto, falou que a exoneração não foi publicada no Diário Oficial e que o governador está em viagem pro Japão, por isso ela não conseguiu contato com ele.

O secretário de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável, Paulinho Bornhausen (PSD), secretaria da qual a Fatma faz parte, disse que não pediu a exoneração de Gadotti e não sabe os motivos pra saída dele. “Ele deve saber os motivos”, lascou. O secretário diz que se passou algo por sua secretaria foi apenas a parte burocrática. O DIARINHO tentou ainda conversar com o deputado Dado, mas ele não atendeu o celular.

Bafão na Fatma peixeira

O ex-governador Leonel Pavan (PSDB) e outras cinco pessoas foram indiciadas pela polícia Federal por envolvimento na liberação de licenças fraudulentas na Fatma de Itajaí. Pavan é acusado de facilitar e autorizar obras irregulares em áreas de preservação na região de Itajaí, quando era governador da Santa & Bela.

De acordo com a investigação, várias licenças teriam sido liberadas sem documentação ou parecer técnico. Segundo o procurador da República Pedro Nicolau Moura Sacco, que acompanha as investigações, o número de licenças dadas desta maneira é impossível de ser calculado. Há empreendimentos construídos com base em licenças fajutas de Balneário Piçarras a Porto Belo.

Por conta do bafão, o presidente da Fatma, Murilo Flores, abriu uma auditoria pra verificar as licenças dadas pelo órgão peixeiro. Até agora, já foram constatados problemas em 25 processos de licenciamentos. Algumas obras foram embargadas, empreendedores autuados e eles terão 30 dias pra se explicar. A Fatma acredita que até o final do mês a auditoria será concluída.