Mesmo com a promessa de que trabalhariam com o freio de mão puxado, os conferentes mudaram de ideia e cruzaram os braços de vez, em protesto à pedida de redução salarial da diretoria da APM Terminals, empresa que administra berços de atracação no porto de Itajaí. Os conferentes estão acampados na frente do terminal e prometem só sair de lá após terem um acordo firmado. A direção da APM informa que tentou de diversas formas negociar, todas sem sucesso. Enquanto isso, a superintendência do porto já calcula prejuízos e espera por um desfecho da bronca o mais rápido possível.
Os conferentes completaram neste sábado duas noites seguidas acampados na frente do porto. O plano era fazer uma operação padrão, trabalhando de forma mais lenta. Mas, em assembleia, acabamos decidindo ...
Os conferentes completaram neste sábado duas noites seguidas acampados na frente do porto. O plano era fazer uma operação padrão, trabalhando de forma mais lenta. Mas, em assembleia, acabamos decidindo pela greve por tempo indeterminado. Eles querem reduzir nosso salário em 30%, e outros benefícios também. Não vamos aceitar e só vamos sair da frente do porto após um acordo, afirma Laerte Miranda Filho, presidente do sindicato dos conferentes.
Outros sete sindicatos apoiam o protesto da classe. O estivador sindicalizado Sandro Martins tá do lado dos colegas de trampo. Os estivadores já entraram em acordo, mas o que eles [APM] estão fazendo com os conferentes agora podem fazer com a gente no futuro. Os trabalhadores precisam se unir, afirma o estivador.
Enquanto isso, a superintendência do porto calcula o prejuízo que a bronca gera. Dois navios que estavam atracados tiveram que sair por causa da paralisação. Além disso, três outros navios mudaram de rota para não atracar aqui. Por causa da paralisação durante a enchente, perdemos 32 navios, e ainda estávamos normalizando as contas. Agora, vai atrasar tudo de novo, lamenta Antônio Ayres, superintendente do terminal peixeiro.
Já ganham muito bem
Em nota, a APM informa que, desde dezembro do ano passado, tenta um acordo com os conferentes, mas, ao contrário do que houve com outras categorias, não conseguem bater o martelo. Segundo a empresa, atualmente, a média salarial de um conferente pra um trabalho de 40 horas por mês é de R$ 8 mil, o que torna inviável a competitividade e sustentabilidade. Ainda segundo a nota, o porto de Navegantes, Portonave, se colocou à disposição pra receber os navios de Itajaí quando possuir berço pra atracação disponível.