Foi por água abaixo um esquema de trambicagem de empresários que tentavam se dar bem em licitações da prefeitura de Itapema. Ricardo Moraes, 31 anos, de Itajaí, e Carlos Felipe Deolindo, 28, de Tijucas, foram presos em flagrante ontem à tarde no pátio da prefa da Capital do Ultraleve. Eles ofereceram dinheiro pra que representantes de empresas interessadas numa concorrência pública saíssem da disputa. A oferta foi feita a uma policial disfarçada, que investigava o esquema.
Foram abobrões da própria prefeitura que descobriram a sacanagem e informaram a polícia. Disfarçados de concorrentes, os policiais chegaram perto da salinha onde haveria a reunião pra disputa da ...
Foram abobrões da própria prefeitura que descobriram a sacanagem e informaram a polícia. Disfarçados de concorrentes, os policiais chegaram perto da salinha onde haveria a reunião pra disputa da licitação pra compra de móveis de escritório, orçada em R$ 180 mil.
Ricardo, que representava a empresa Dompel, e Carlos Felipe, da Tina, eram o alvo dos policiais. E não deu outra. Na caruda, a dupla se aproximou de uma policial disfarçada e ofereceu R$ 1,5 mil pra que ela desistisse da concorrência e fosse embora. A tira e seus colegas deram o teje preso nos dois empresários.
O delegado Celso Pereira revelou ao DIARINHO que outros dois empresários que tavam por lá admitiram que receberam a proposta indecente de Ricardo e Carlos Felipe. Eles teriam oferecido R$ 2 mil, mas ninguém aceitou, contou o dotô. Ricardo e Carlos foram autuados em flagrante por corrupção ativa. Terão que pagar R$ 3 mil pra responder em liberdade. O advogado da dupla, Luiz Ricardo Flores, disse que só falará sobre o caso depois que apresentarem a defesa pra dona justa. Até ontem à noitinha, os representantes da Dompel e da Tina continuavam enjaulados.
Concorrência cancelada
Com o flagra dado, a decisão do prefeito Sabino Bussanello (PT) foi cancelar a concorrência. Gilberto Otávio Rigo, pregoeiro da prefa, confirmou que a licitação ficará suspensa até que os abobrões tenham informações detalhadas sobre como funcionava o esquema e ter a certeza de não terá mais sacanagem entre os concorrentes. Essa prática de oferecer valores tem sido corriqueira no Brasil, mas sem a polícia não conseguíamos comprovar, comentou o pregoeiro.
Rodrigo Macciolli, procurador do município, disse ao DIARINHO que tentará encontrar formas legais de impedir que a Dompel e a Tina voltem a participar de concorrências na prefa. Vamos aguardar a conclusão do inquérito para verificar se é possível torná-las inidôneas, afirmou. A empresa Tina já havia participado e ganhado uma licitação na city. O procurador não soube informar datas, valores ou se os serviços serão cancelados.
O esquema
A suspeita é que os dois empresários ofereciam pros concorrentes entre R$ 1,5 mil e R$ 2 mil pra que não participassem do pregão. Com o caminho livre, botariam os valores das mercadorias bem acima do que é praticado no mercado. Depois dividiriam o dinheiro entre si. A polícia e os abobrões da prefa vão tentar descobrir se a sacanagem teria rolado no pregão anterior em que a Tina ganhou como fornecedora.