O estacionamento da recém inaugurada loja da Havan, em Itajaí, virou o heliponto particular do empresário Luciano Hang, proprietário da rede de lojas da Marrecolândia. É ali que, quando precisa vir à city peixeira, o homem resolve pousar com seu avião de rosca. A prática, que é classificada pela agência Nacional de Aviação Civil (Anac) como legal, é no mínimo perigosa e não é vista com bons olhos por um ex-controlador de tráfego aéreo que já trampou nos aeroportos de Porto Alegre/RS, Recife/PE e Fortaleza/CE. Na quarta-feira de manhã, o homi flagrou o helicóptero parado enquanto pessoas passavam perto e até tiravam fotos da aeronave.

O militar reformado Carlos André Franco foi controlador de voo por 25 anos e encerrou a carreira em 1998. Ele mora perto da Havan e conta que foi a segunda vez que viu o empresário pousar seu helicóptero na maior cara dura, sem preocupar-se com pedestres. Segundo Franco, o problema maior é com as crianças que, curiosas por natureza, podem acabar se aproximando demais do enorme pássaro e isso pode causar um grave acidente.

Além disso, lembra Franco, por ali existe uma grande circulação de pessoas e animais, o que ajudaria a potencializar qualquer perrengue que viesse a acontecer com o avião de rosca. “Eu acredito que não seja adequado o pouso de helicópteros ali. Eles deveriam é ter feito um heliponto em cima do prédio, com uma estrutura reforçada”, opina, acrescentando que isso também poderia ser feito numa área demarcada, com sinalização, dentro do próprio estacionamento.

A afirmação de Franco se baseia nas leis de pouso e decolagem que vigoraram até o ano de sua aposentadoria. A reportagem conversou com o coordenador de tráfego aéreo do aeroporto Internacional de Navegantes, José Hélio Possebon, e ele disse que tá tudo certo, baseado no instituto de Controle Aéreo (Ica), órgão do ministério da Defesa que regula os pousos e decolagens de aviões de rosca no Brasil e data de 2007. “Ele [o dono da Havan] pode pousar ali porque isso é um pouso eventual”, falou.

Sobre o fato dos pousos e decolagens do empresário em Itajaí não serem tão eventuais assim, tendo em vista que outras pessoas relataram os casos ao DIARINHO, José Hélio respondeu que essas aterrissagens até podem ser feitas frequentemente, desde que sigam as normas de segurança. “O pouso ou a decolagem em locais não homologados ou registrados podem ser realizados, como operação eventual, sob total responsabilidade do piloto que comanda a aeronave, pois é ele quem vai responder juridicamente nesse tipo de caso”, explica.

Boquinha de siri

A assessoria de imprensa da Havan ficou de dar uma resposta sobre os motivos do empresário não ter construído um heliponto no estacionamento, como ocorre na loja que fica na BR-101, em Barra Velha, e também falar se Luciano Hang vai seguir usando o lugar reservado pra carros como estacionamento de helicóptero, mas não se pronunciou até o fechamento da edição.