Marcelo Werner garante que não vota nenhum projeto sem ler tudo através do computador, que tem programa adaptado pra ele driblar a deficiência visual. Entretanto, quando o documento não vem digitalizado ou chega às pressas, o vereador do PCdoB conta com o auxílio dos assessores. E foi assim que ele soube da confusão no texto do orçamento. Percebemos o erro grotesco. Além do nome do município trocado, também observamos que alguns algarismos eram diferentes dos números por extenso que estavam entre parênteses, comenta o comunista.
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O presidente da câmara já foi procurador geral da prefa peixeira. Ele sabe como funciona o trampo na pasta. É praxe copiar o formato do orçamento anterior do próprio município e atualizar os dados, ressalta. Mas, neste caso da lei orçamentária que vai valer pro ano que vem, a procuradoria foi longe, copiou de uma city da outra ponta do mapa brasileiro. Na dúvida, Pissetti resolveu suspender a tramitação do projeto de lei. Ninguém vota enquanto não chegarem as explicações oficiais da Procuradoria. Acho que foi um mero erro, mas não posso supor isso. Não vou arriscar, tenho minha responsabilidade com a cidade, discursa.
Pissetti garante que assim que soube do erro no nome da city, colocou o projeto na geladeira do legislativo. Eu tinha duas saídas: uma era esconder, outra denunciar publicamente, que é o meu dever, destaca o chefão da casa do povo. Ele disse que não havia como analisar cada detalhezinho do texto, por ser um calhamaço de papéis, mas que confiava no pessoal da prefa. Não há como abrir a lei e ver folha por folha. A gente confia, já que o executivo tem um monte de advogado. Agora, a minha maior preocupação é se eles não copiaram os números também, confidencia.
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O outro lado da moeda
Itajaí tem uma secretaria que trata especificamente da questão orçamentária. Ontem à tarde o abobrão do Planejamento e Orçamento, João Omar Macagnan (DEM), contou à reportagem do DIARINHO que nem tava sabendo que tinha dado rolo no texto da lei. Mesmo assim, ele se isentou de qualquer responsabilidade. Os projetos vão pra aprovação da Procuradoria, e cabe a eles fazer o texto final, salienta.
O procurador Rogério Nassifi Ribas (PP) deve ter levado alguns puxões de orelha. Tanto que ele tava bem nervosinho. Ao ser questionado pela reportagem, o bagrão esculachou. Meu Deus, tão com falta de reportagem? Com tanta coisa importante pra falar, lascou pra cima do repórter. No entanto, recuou pra justificar a falha da pasta que ele comanda. Foi um equívoco. Pegaram a formatação do projeto de Porto Velho e não alteraram. Já nos desculpamos com a câmara de vereadores através de um ofício, conta Rogério. Ele ainda destaca que o erro não afetou em nada a tramitação do orçamento, que vai conseguir ser aprovado dentro do prazo legal.
Agora a minha maior preocupação é se eles não copiaram os números também
Tem mais coisa errada do que a troca do nome das citys
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O procurador do município diz que já pediu pro legislativo trocar Porto Velho por Itajaí e tocar ficha. Mas o DIARINHO comparou o texto daqui com o da city do norte e achou mais coisa errada: os peixeiros copiaram números também. Só no trecho que a reportagem analisou (que está especificado na reprodução ao lado), a diferença do valor apresentado no texto do orçamento de Itajaí extrapola em mais de R$ 1 milhão o valor correto.
Pra Rogério, os vereadores só precisavam arrumar o nome do município no projeto e o problema estaria resolvido. Não houve alteração de valores, só esse equívoco. Mas a certeza dele também foi um equívoco. O mesmo copia e cola que deixou escapar o nome da capital de Rondônia também rolou em outros trechos do projeto da lei orçamentária. Além de alguns textos, números também foram copiados e foram parar na câmara.
Assinou na confiança
Fiquei sabendo do caso. Eles só escreveram o nome da cidade, mas a própria Procuradoria já resolveu tudo, acredita Jandir Bellini (PP). O prefeito disse que não consegue ler todo papel que passa pela sala dele, só dá uma bizolhada na essência do conteúdo e dá o canetaço. A tarefa, neste caso, fica com a Procuradoria-Geral do Município. Ontem, Jandir garantiu que ia procurar quem foi o responsável pela falha. Ele acredita que a pessoa devia estar no mundo da lua pra confundir duas cidades que não tem nada a ver.
Realmente, as citys não têm muitos pontos em comum. A arrecadação estimada dos dois municípios pra 2012 não chega a ser tão distante quanto a geografia, mas dá uma diferença considerável. Enquanto Porto Velho prevê um orçamento de R$ 991.698.000, Itajaí deve arrecadar R$ 880.066.667 sendo que 7,86 milhões de reales devem ficar empenhados na Procuradoria-Geral, no ano que vem. Além disso, em 2012 a capital de Rondônia deve aplicar R$ 426.440.911 na Saúde e na Educação. Já na city peixeira a verba destinada pra essas duas áreas deve ser R$ 315.850.002, conforme consta no tal orçamento.
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