Policiais militares de Itajaí se depararam com uma situação pouco comum na noite de quarta-feira, no bairro São João. O motorista Roberto Carlos da Silva, 33 anos, acusado de matar um homem pra roubar e que tava foragido da dona justa há nove meses, se entregou de livre e espontânea vontade. Casado e pai de três filhos, ele conversou ontem com o DIARINHO e disse que tava cansado de se esconder. Mais cedo ou mais tarde, isso iria acontecer, mesmo, disse, sem jeito e emocionado, depois de prestar depoimento.
Cansou de viver procurado
O caso, pra lá de raro, rolou às 22h30, na rua São Vicente, no bairro do mesmo nome. Ele avistou a viatura da polícia Militar e fez sinal para que parasse. Explicou que tinha mandado de prisão ...
Cansou de viver procurado
O caso, pra lá de raro, rolou às 22h30, na rua São Vicente, no bairro do mesmo nome. Ele avistou a viatura da polícia Militar e fez sinal para que parasse. Explicou que tinha mandado de prisão em aberto e que queria se entregar, contou um agente da polícia Civil.
Roberto Carlos é acusado pelo crime de latrocínio, que é quando alguém mata pra roubar. Foi praticado em janeiro deste ano. O motorista atacou Jean Correia da Silva dentro de um boteco, atirou no coitado e ainda teria tomado seus pertences. O criminoso fugiu depois do assassinato e em 8 de fevereiro, depois que a polícia descobriu a autoria do assassinato, a dona justa mandou caçá-lo.
Tava a fim de ser punido
Aparentemente sereno, Roberto Carlos disse ao DIARINHO que teve um surto de honestidade e por isso resolveu se entregar. Não adiantava estar fugindo, né? Já estava com um mandado de prisão, e, mais cedo ou mais tarde, me pegariam, argumentou, logo depois de prestar depoimento na 2ª depê e antes de ser levado pro presídio regional da Canhanduba.
Roberto Carlos fez questão de dizer que não tava sendo ameaçado ou passando dificuldades financeiras, nem teria qualquer outra motivação pra se entregar que não fosse a de pagar pelo crime que cometeu. Eu estava trabalhando. Era motorista. Tenho esposa e três filhos, comentou, com os olhos marejados. Pensei muito neles quando me entreguei. Minha menina (esposa) ganhou neném agora. Uma hora tinha que me entregar, concluiu.
O motorista tá preso preventivamente. A Justiça ainda não decidiu se ele vai ou não responder pelo crime enfrentando um tribunal de júri.
Empresários podem ajudar ex-detentos
Os criminosos que se arrependem e tentam se reintegrar à sociedade têm uma chance de trabalhar e reconstruir a vida por meio do projeto chamado Começar de Novo. Criada em dezembro de 2008 pelo conselho Nacional de Justiça (CNJ), a ação consiste em sensibilizar os governos e as empresas a dar trampo e cursos de capacitação profissional pros apenados.
O advogado barriga-verde Jefferson Luís Kravchychyn, que integra o CNJ, diz que as empresas interessadas em aderir ao projeto devem entrar no saite do CNJ e por lá mesmo fazer a adesão ao Começar de Novo. O projeto pega o preso que sai dos presídios e quer se ressocializar. Se ele não tiver uma ocupação, acaba indo para a bandidagem de novo, comenta o dotô Jefferson. A Hering e o clube de futebol Corinthians estão entre as instituições que empregam ex-presidiários.