O DIARINHO recebeu a denúncia de que o dinheiro foi dado à ONG por conta da representante ter sido partidária de Bellini. A grana foi liberada por meio do projeto de lei 5936, de 16 de novembro. A matéria passou pela câmara e consta no Jornal do Município que o texto foi sancionado pelo prefeito. Eu desconheço isso aí. Eu jamais liberaria dinheiro pra ONG fazer festa de final de ano. Vou cancelar o depósito, afirmou o prefeito.
A reportagem apurou ontem que a tal festa rolou no último domingo, na rua Victor Zaguini, bairro Dom Bosco. A sede da ONG fica nessa rua, no número 367. Quatro vizinhos afirmaram ao DIARINHO que a festa rolou durante toda a tarde de domingo, 20.
Os 20 mil reales dados pela prefa à AAPCI foram depositados na conta da entidade dia 18 de novembro, dois dias antes do evento, afirmou o coordenador da Moralidade Administrativa da prefa do Itajaí, Márcio Murilo Sagaz. Segundo o abobrão, a ONG sinquadrou nas exigências da administração municipal e foi premiada com a bolada. Temos uma normativa que determina que a entidade não precisa ser de utilidade pública para receber o dinheiro. Agora, a ONG tem até 45 dias, contados do depósito da verba, pra comprovar todos os gastos por meio de cheques nominais, explicou Sagaz.
Os cheques que deverão ser apresentados são dos fornecedores da festa. Conforme documento da coordenadoria da Moralidade Administrativa, ao qual a reportagem teve acesso, os 20 mil reales foram usados para comprar guloseimas para festa, lazer para crianças, prevenção contra chuva, animação e divulgação do evento. Segundo a presidente da entidade, Maria Cecília Coelho Cordeiro, o dinheiro dado pela prefa ainda não foi sacado da conta da entidade. Vou tirar para pagar os fornecedores, disse. Ela afirmou que a divulgação do evento só ocorreu na rádio 106.7 FM e na TV Brasil Esperança.
Como a ONG conseguiu a grana
Foi o vereador Renato Ribas (PSD) quem encaminhou à prefa o pedido de liberação de grana pra AAPCI. Segundo o político, ele recebe inúmeros pedinchos e sempre os encaminha à administração municipal, que bizolha a possibilidade. Eu não vi se a ONG foi criada há pouco tempo. Isso não importa. Se ela passou pelo crivo da prefeitura e o projeto foi aprovado na câmara, não vejo problema, opina.
O procurador do município, Rogério Nassif Ribas, que é Ribas mas não é parente do Renato, disse que iria checar hoje o perrengue. Confrontado com a afirmação do prefeito, de que não viu o projeto e jamais liberaria grana pra ONG festeira, o abobrão disse que todos os projetos têm que passar pela mão do prefeito. Mas eu preciso ver isso com mais precisão. Pode me ligar amanhã, avisa.
A chefe do gabinete do prefeito Jandir, Sônia Maria Alves, citada pela presidente da ONG como intermediária entre o pedido do vereador Renato Ribas e o chefe da city, disse ontem, por volta das 18h30, que estava no supermercado e não poderia comentar o perrengue com a reportagem.
Minha peregrinação é pelo povo. É nele que eu penso, afirma ongueira
Maria Cecília Coelho Cordeiro, presidente da associação de Assistência Às Pessoas Carentes de Itajaí (AAPCI), afirma que se preocupa com as necessidades dos outros. Ela foi eleita vereadora em 1996 com 801 votos e ficou no cargo até o final de 2000. Metade do meu ordenado é pra ajudar o povo. Sou muito íntegra, fala. A muié é aposentada e também recebe pensão.
Segundo ela, na época de vereadora fez muito pelo povo. Mas não é o que consta no arquivo do saite da câmara peixeira. Lá consta que, em março de 1999, Cecília propôs a denominação de uma rua, a Christiane do Nascimento, no bairro Cordeiros. Seis meses depois, entrou com pedido de licença do cargo. A minha ONG não tem partido e não vai fazer campanha pra ninguém. E, eu, como cidadã, não fui procurada por nenhum partido. Estou muito ocupada na minha peregrinação com o povo, resume.
Maria Cecilia explica que a grana da prefa foi usada para festa de crianças carentes. Ela usou o dinheiro para comprar pipoca, algodão doce, cachorro quente, picolé, pro aluguel de cama elástica, tobogã e pintura de rosto. Vieram crianças de vários bairros. A rua ficou cheia, deu cerca de 400 pessoas. Teve uma criança que comeu uns nove cachorros-quentes. Tu consegues imaginar isso?, concluiu a ex vereadora.