Mesmo após o fim da novela entre sindicato dos conferentes e APM Terminals, empresa responsável pela operação em berços do porto de Itajaí, o porto peixeiro continua feio na foto. Quase uma semana após o término da greve dos peões, que parou o porto por 23 dias e deixou um rombo financeiro de mais de R$ 25 milhões, a city está recebendo menos navios do que deveria. Um dos palpites dos bagrões é que isso já é reflexo da queda na credibilidade no terminal itajaiense, por causa dos últimos fatos, como greve e enchente. Pra piorar, do outro lado do rio Itajaí-açu, o Portonave, de Navega, opera no limite, atendendo inclusive alguns navios que deveriam atracar em Itajaí.
De acordo com Rafael Stein Santos, que trampa na praticagem do porto peixeiro, mesmo com o fim da cruzada de braços dos conferentes, o número de navios que o terminal recebe continua abaixo do normal ...
De acordo com Rafael Stein Santos, que trampa na praticagem do porto peixeiro, mesmo com o fim da cruzada de braços dos conferentes, o número de navios que o terminal recebe continua abaixo do normal, comparado com o porto vizinho. Desde a última segunda-feira, quando o porto de Itajaí recebeu o primeiro navio após a greve, já são quatro navios que passaram por Itajaí e sete em Navegantes. A diferença está maior do que o normal, calcula Rafael. Além disso, até o final do mês, o Portonave deve receber quase o dobro de navios de Itajaí: serão 21 cargueiros atracando no terminal dengo-dengo e apenas 12 no peixeiro, de acordo com a previsão de movimentação portuária do saite do porto de Itajaí.
Pro superintendente do porto peixeiro, Antônio Ayres, ainda é cedo pra fazer previsões sobre a situação, mas a expectativa não é muito boa. Já soube que duas linhas, uma da Ásia e outra da Europa, foram transferidas para o porto de Itapoá, mas isso pode ter acontecido por outros motivos. O momento ainda é prematuro para fazer uma avaliação concreta do resultado da última greve, mas o porto perdeu cerca de 40 navios nos 23 dias de paralisação, e isso é muito preocupante, alerta o bagrão.
A administração do Portonave informou que, durante o período da grevona, 54 navios atracaram no porto de Navega, obrigando os dengo-dengos a trabalhar no limite da capacidade. Ainda segundo a empresa, desse número, 18 navios deveriam ter parado do outro lado do Itajaí-açu, na city peixeira.
O início da bronca
No final de setembro, o contrato entre o sindicato dos conferentes e a APM chegou ao fim. Os trabalhadores fizeram, então, através do sindicato, um dissídio coletivo e deram entrada na delegacia Regional do Trabalho com o documento. Mas a empresa, ao invés de renovar o contrato com os peões, abriu um edital pra contratação de 24 conferentes. No edital, o salário era 30% menor do que o do acordo firmado com a categoria. Desde então, várias reuniões foram marcadas, mas nenhuma terminava em consenso. Os conferentes chegaram a fazer duas paralisações antes de decidir entrar em greve.
A paralisação durou 23 dias e só encerrou no último sábado, quando finalmente rolou o acordo. A APM prometeu mandar pra rua os 19 trabalhadores avulsos que foram contratados durante a paralisação da classe. Além disso, os conferentes conseguiram, pelos próximos dois anos, a manutenção dos pagamentos por produção. A APM concordou ainda em reajustar o salário deles conforme o índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).