Terminou em bafafá a transferência dos 14 menores que viviam no abrigo Passos da Integração, no bairro Dom Bosco, ontem de manhã. O presidente da Ong, Raciel Gonçalves, teria impedido o pessoal da Oscip Estrela de Isabel, que vai abrigar 10 dos 14 jovens, de levar os móveis e os brinquedos da gurizada. Até a polícia foi chamada. A transferência rolou porque a Passos da Integração anunciou o fim do convênio pra cuidar da molecada.
A juíza criminal peixeira, Sônia Moroso Terres, madrinha e fundadora da Estrela de Isabel, explicou que o presidente da Passos da Integração se negou a aparecer na casa ontem. Liguei para ele hoje ...
A juíza criminal peixeira, Sônia Moroso Terres, madrinha e fundadora da Estrela de Isabel, explicou que o presidente da Passos da Integração se negou a aparecer na casa ontem. Liguei para ele hoje [ontem], mas ele disse que não viria. Disse que não queria que retirássemos a mobília, explicou. A dotora lascou que os móveis foram adquiridos por meio do convênio com a prefa, ou seja, não pertenceriam à entidade. São bens destinados às crianças, acrescentou.
Apesar de o convênio da Passos da Integração acabar só no próximo dia 31 de dezembro, a Estrela de Isabel teria sido comunicada na quarta-feira de que deveria assumir o cuidado dos menores a partir da manhã de ontem. Em menos de um dia, tivemos de nos organizar para alugar uma casa [no bairro São João] e nos preparar. Como a gente não vai levar as mobílias e os brinquedos junto?, questionou. A madrinha da Oscip prefere não divulgar, por questão de segurança, o endereço da baia que irá abrigar as 10 crianças.
Roselene Figueiredo de Liz, secretária da Estrela de Isabel, garante que nem mesmo as funcionárias da Passos da Integração sabiam da transferência. Ontem, quando o pessoal da Oscip chegou na casa, o trampo seguia em ritmo normal. Elas nem haviam encaixotado os móveis, garante Roselene. As 14 crianças e adolescentes foram levados pra um passeio, enquanto rolava a mudança.
Ao DIARINHO, o presidente da Passos da Integração, Raciel Gonçalves, classificou a intervenção da Estrela de Isabel como um assalto. A gente não impediu nada, até porque não tivemos condições de impedir. Estou tratando a situação como um assalto, lascou.
O presidente da Ong justificou que os móveis são patrimônio da entidade. Segundo ele, assim que a molecada fosse transferida, seria feito um inventário de toda a mobília pra saber o que pertencia ao abrigo e o que pertencia a casa que ocupavam e que é alugada. Registramos em ata que temos o direito de doar para entidade ou para o próprio poder público, mas quem decidiria o destino era a secretaria da Criança do Adolescente e da Juventude, explica Raciel, que registrou um boletim de ocorrência na delegacia sobre o caso.
A ata da reunião de sexta-feira passada entre o Ministério Público, representantes da Estrela de Isabel e o juizado da Infância e da Adolescência, no entanto, deixa claro que todos os móveis, inclusive brinquedos, seriam destinados à Estrela de Isabel. ...O recanto infantil também se compromete a doar todo o material existente no abrigo (tais como móveis, roupas, brinquedos, etc) à instituição que assumir o trabalho, afirmava o documento.
A Estrela de Isabel passará a acolher 10 dos menores com idades entre nove e 15 anos que viviam no abrigo. As outras quatro, três irmãos e um garoto de 12 anos vão pro abrigo Novo Amanhecer, da prefa peixeira, que fica na Vila Operária.