O autônomo F.G., 31 anos, tá cansado de sair de casa e dar dicara com mendigos pedindo esmolas o tempo todo. O pior, segundo o homem, é que não dá pra suportar o cheiro forte pelas ruas do Balneário Piçarras, especialmente no calçadão da praia, já que os pedintes têm usado o passeio como banheiro ao ar livre.
Tá uma nojeira terrível. Não dá pra andar que vem aquele cheiro, ainda tem que cuidar para não pisar em alguma coisa. Não consigo mais sair pra dar uma volta com a minha família. Eles vêm pra cima ...
Tá uma nojeira terrível. Não dá pra andar que vem aquele cheiro, ainda tem que cuidar para não pisar em alguma coisa. Não consigo mais sair pra dar uma volta com a minha família. Eles vêm pra cima e pedem dinheiro o tempo todo. Deve ter no mínimo uns 30 por aí, tá feia a coisa, lasca.
O número chutado por F. ultrapassou as contas da prefa piçarrana. Segundo o diretor do Bem-Estar Social e coordenador da Defesa Civil de Piçarras, Rogério de Lima, a cidade abriga hoje cerca de 10 moradores de rua. Nós sempre mandamos assistentes sociais falarem com eles. Oferecemos comida, banho. Aí, vemos onde é a casa deles e levamos até na cidade. Faz uns 15 dias que fizemos uma limpa. Mas a gente tira dois e chegam 20. Esses dias vimos um carro da prefeitura de Blumenau deixando três aqui. Assim não dá, né? Mas até o Natal vamos levar todos daqui para a casa deles ou de parentes, conta.
O secretário de Obras, Rubens Batista Pereira, confirmou que os mendigos tão fazendo a maior sujeirada pela cidade. Fazem bastante coisa. Além de fazer as necessidades na rua, amarram roupas nas árvores. Soube até que invadiram casas abandonadas. Nós temos que limpar a praia todos os dias, então acabamos limpando a sujeira deles. Mas o pessoal da defesa civil já tá vendo isso. Até a temporada vai tá tudo certinho, explica.
Prefa da Terra dos Alemóns sidefende
A prefa de Blumenau, através da assessoria de imprensa, afirmou desconhecer que algum morador de rua tenha sido levado pras Piçarras. Porém, não descarta essa possibilidade, já que quando os mendigos solicitam uma ida para outras cidades, eles os encaminham. Hoje, Blumenau oferece um abrigo municipal especialmente pros moradores de rua. Porém, a maioria vai pra lá apenas para tomar banho e volta para as ruas.
Especialista diz que faltam políticas públicas
O sabichão em gestão de políticas públicas da Univali, Eduardo Guerini, contou que a sociedade em geral, inclusive políticos, não está preparada pra lidar adequadamente com moradores de rua.
Temos no nosso meio uma assistência social precária. Ao invés de integrá-los à sociedade, agimos com violência continuada. Um município os joga para outro tentando se livrar de um problema, enquanto deveriam criar programas sociais mais adequados. Tentar educá-los continuamente, mesmo que eles não queiram. Uma política ativa resolveria. Mas não fazem isso, apenas limpezas sociais que excluem e marginalizam. Se essa questão não for tratada de maneira adequada, o problema se manterá até chegar à morte violenta desses indivíduos, lamenta.