A partida pro além do músico e guia turístico Luis Antônio Augusto, 70 anos, o Palheta, deixou o Balneário Camboriú triste ontem. Palheta lutava contra um câncer na cabeça. Ele foi um dos responsáveis por divulgar a Maravilha do Atlântico no Mercosul, nos anos 80, e ajudou a tornar a city um dos polos turísticos do Brasil.
Acredito que foi um choque pra ele saber que o câncer estava voltando, conta dona Maria Terezinha Jasper, responsável pelo lar Betesda, local que abrigou Palheta nos últimos três meses de vida ...
Acredito que foi um choque pra ele saber que o câncer estava voltando, conta dona Maria Terezinha Jasper, responsável pelo lar Betesda, local que abrigou Palheta nos últimos três meses de vida. Foi Maria quem encontrou Palheta sem vida, ontem cedo, quando foi acordá-lo. Ele estava em paz. Dormiu. Enfim, descansou, diz, com lágrimas nos olhos.
Palheta lutava desde 2008 contra o câncer. Por conta da desgraceira, tornou-se fraco, com dificuldades de locomoção e até de falar. O cara, que sempre foi ótimo dançarino e músico, teve que aprender a se conformar com as limitações e os remédios diários do tratamento médico. Sem família, passou a contar com a ajuda de amigos. Foi internado, mas como tava sem grana, conseguiu uma vaga no abrigo de Camboriú, que o acolheu como num lar.
Apesar de fraco, sempre manteve a energia e boa vontade de um jovem saudável. Dona Maria acredita que ele desistiu de lutar pela vida na segunda-feira à tarde, depois duma ida ao médico em Floripa. Na consulta, Palheta descobriu que o tratamento não tava surtindo efeito.
Ontem à tarde, os amigos da noite Sidnei da Silva, 58, o Sid Brasil, e Francisco Pereira, 74, o Chico do Paris Clube, passaram no cemitério da Barra pra dar o último adeus. Eu prometi que levaria ele à praia semana que vem, mas não deu tempo de fazer isso, lamenta Chico.
Sid relembrou das noites em que passaram juntos tocando pros turistas e trampando com os gringos. Ele sempre foi muito educado, simpático, por isso fez fama lá fora, conclui.
História
Criado em orfanato, já muito jovem Palheta tomou gosto pela música. Nos anos 70, ganhou fama se apresentando em bailes e apresentações de viola. Durante os festerês, conheceu gringos e trampou como guia turísticos. Simpático com os turistas, a fama sispalhou pela gringa e chegou até a ganhar passagens e apresentações pra divulgar a city no estrangeiro. Há três meses, já malemal, Palheta contou à reportagem que sonhava em voltar a ter uma vida ativa.