O vendedor Nilson Luiz Pedro, 72 anos, é morador da Maravilha do Atlântico há mais de 20 anos. Ele ficou de cara com o preço da água de coco. Nilson conta que no mês passado pagou 4 contos. Hoje, a aguinha saudável tá 5 pilas. Sei que é só um real, mas é um aumento significativo.
Os banhistas reclamam que o preço do refri e da água também aumentaram R$ 0,50 no mesmo período e agora são comercializados pelos quiosqueiros a R$ 3,50 e 3 pilas, respectivamente. Pra escapar dos preços, o Jeferson Rodrigues da Silva, 33, procura lanchonetes mais distantes da praia. Só por que é verão, o preço aumenta aqui, reclama.
Os preços tem assustado até os turistas. A advogada Jerusa Biasi, 32, conta que ela, o marido e a filha de quatro anos, não conseguem gastar menos de 80 contos cada dia que passam na beira do mar. É cadeira de praia, refrigerante, água, churros, enumera.
De Campo Mourão, no Paraná, a família Cidral chega a repensar a comilança. Mas, mesmo assim, morre com 100 pilas a cada dia de sol no lombo nas areias da Central. A gente acaba diminuindo o consumo por culpa do preço, afirma a auxiliar de cozinha Sabrina Cidral, 23.
Aumentou !
Uma quiosqueira da Central, que não quis se identificar, admitiu a meteção de faca nesta temporada. Ela justifica que os produtos que mais costumam sair tiveram um aumento de preço pra bancar a continha da licitação do quiosque. A licitação rolou no mês passado e apenas no início de dezembro a galera teve o direito de assumir o posto. Em troca, tiveram que bancar até R$ 220 mil por cada ponto. Não queremos ficar ricos, mas não podemos ter prejuízo, justifica.
Outros cinco quiosqueiros também foram procurados, mas não quiseram comentar o assunto. Ainda não foi formada a nova diretoria da associação dos quiosqueiros da praia.
O secretário de Administração do Reino da Dinamarca, João Batista, justifica que os preços dos quiosques foram tabelados pela comissão municipal de valores imobiliários.
Os caras deram uma olhada em todos os quiosques e avaliaram as casinhas de acordo com o local, tamanho e quantidade de pessoas que transitam por lá. Foram especialistas que determinaram os valores, garante.
De olho
Pra evitar que o aumento nos preços assuste a turistada, o secretário de Turismo do Balneário, Carlos Silva, pretende trocar uma ideia com os quiosqueiros. Ele afirma que sempre faz campanha pra evitar o aumento abusivo e afastar os consumidores. Turista não pode ser explorado, avisa.
Já a procuradoria dos Direitos do Consumidor (Procon) tem checado os valores cobrados nos restaurantes e hotéis por recomendação do Ministério Público.
A chefe da Procon da city, Nena Amorim, afirma que os clientes que se sentirem lesados podem procurar o Procon na segunda-feira com a nota fiscal e fazer a sua reclamação.
Os preços da praia Central do Balneário
Milho R$ 3
Churros R$ 3
Sorvete e picolé R$ 2 e R$ 8
Cadeira R$ 5 a R$ 10
Guarda-sol R$ 5 e R$ 30
Cerveja (350 ml) R$ 3 a R$ 4
Refrigerante (350 ml) R$ 3,50
Coco verde R$ 5
Água (500 ml) R$ 3
Caipirinha (500 ml) R$ 8
Em Itajaí, o povão leva seu rango de casa
O DIARINHO também deu um pulo nas praias de Itajaí pra ver o que o povão acha dos preços dos rangos na orla. O jornal mais lido do sul do mundo descobriu que nas Cabeçudas e Atalaia, os banhistas optam por levar de casa a comida pra não ter despesas extras.
Os preços mais baixos estão na Atalaia, enquanto os quiosques de Cabeçudas metem a faca, principalmente na água de coco.
A turista de Blumenau Kátia Azeredo Coelho, 25 anos, veio pra Cabeçudas curtir a praia com o maridão e os dois filhos, mas pro passeio não passar em branco, comprou só um milho cozido, por R$ 3. Nós trouxemos tudo de casa, porque sabemos que na praia tudo é mais caro, revela.
Já a brusquense Margarete Veneri Cesário, 38, disse que uma vez por ano dá pra abrir a mão e aproveitar as delícias oferecidas na beira-mar. A muié se lambuzava com um churros de chocolate, que custou 3 reales.
No comecinho da praia de Cabeçudas, a reportagem percebeu que os preços dos produtos são mais em conta. O quiosque Floramar e a barraquinha do senhor Celso da Silva, 60, vendem a água de coco por 4 pilas e o milho e churros a 3 reales.
A proprietária do Floramar, Jussara Cabral, a Galega, 46 anos, aproveita ainda pra vender crepes, uma vez que não dispõe de água mineral nem refri pro povão. Ela cobra R$ 4 por espeto. O Celso, há sete anos vendendo na praia, revela que o líquido precioso é vendido por 2 pilas e o refri a 3. Ambos garantem que mantiveram o preço do último ano. Trabalhamos com gente daqui, turista é muito pouco. Então, vamos manter esse preço até acabar a temporada, afirma Celso.
Já perto do hotel Marambaia, na finaleira da praia, os comerciantes aumentaram os preços na caruda. Nessa zona ficam os quiosques mais antigos. No ponto 6, há 31 anos em Cabeçudas, a água de coco custa R$ 5 e a água mineral 3 mangos. A proprietária, que não quis se identificar, disse que apesar do aumento, dá muito desconto aos que catam moedinhas e não conseguem juntar a grana toda. A gente não deixa um pobre sem tomar água de coco só porque ele não tem o dinheiro todo, garante a muié.
Pelas bandas da Atalaia
Já faz 15 temporadas que a família Peuhler vem de Curitiba passar o fim de ano na Atalaia. E todo verão é a mesma coisa: eles enchem o carro de comida e gastam sóo necessário na beira da praia. Dona Ana Cláudia, 41, conta que essa é a melhor maneira de curtir as férias sem comprometer as finanças.
A lanchonete Recanto da Atalaia, há 22 anos no local, é a que tem o preço mais em conta. Lá, a água de coco custa R$ 3,50, milho e refrigerante R$ 2,50 e a água mineral R$ 2.
A família de João Beni, 53, veio em peso de Foz do Iguaçu/PR passar a virada de ano na Atalaia. Segundo o turista, os preços estão ótimos. Aqui dá até gosto gastar, comemora.
Algumas comidinhas vêm mantendo o preço há cinco anos, dizem vendedores
A equipe do DIARINHO deu uma volta pela praia ontem e fez um levantamento dos preços na orla de Balneário Camboriú. A cadeira de praia, guarda-sol, milho e churros, continuam os zóio da cara, mas pelo menos não tiveram aumento (ver tabela).
A responsável pelo ponto 78, Marli Manoel da Silva, 50, conta que o milho e o churros são tabelados e custam 3 contos há cerca de cinco anos. Os valores são cobrados conforme o material investido pra venda.
Já as cadeiras de praia e guarda-sóis também continuam na mesma média de preço. São cobrados de acordo com o bom humor do trabalhadô. Não tem preço fixo. Se alguém pegar mais de uma cadeira a gente até negocia, ou oferece o guarda-sol, conta Marli.