Itajaí

Menino que levou arma de choque e documento de carro roubado na mochila

Só esta semana, outros dois estudantes foram armados pra sala de aula

Na hora do recreio, um forte barulho chamou a atenção da piazada que brincava no pátio do centro Educacional Ariribá, no bairro do mesmo nome, no Balneário Camboriú. Era uma arma de choque, disparada por um menino de 14 anos. A constatação assustou os professores e funcionários, mas o que estava por vir era ainda pior. O conselho Tutelar e a polícia Militar foram chamados e ao revistar a bolsa do moleque encontraram o documento do carro usado no assalto ao posto Sonho Meu, da avenida do Estado Dalmo Vieira, que aconteceu na noite anterior.

O susto na escola do Ariribá rolou na manhã da terça-feira, quando alunos e profes viram o menino empunhando a arma. “Não ameaçou ninguém, tava só mostrando pros colegas. Pedimos pra ele colocar ...

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O susto na escola do Ariribá rolou na manhã da terça-feira, quando alunos e profes viram o menino empunhando a arma. “Não ameaçou ninguém, tava só mostrando pros colegas. Pedimos pra ele colocar na mesa da diretora, ele foi lá e fez”, contou Elayne Moura, orientadora educacional. O piá disse que a arma era de um primo.

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A direção do colégio chamou o conselho tutelar, a polícia Militar e a família do menor. “A mãe estava trabalhando, quem veio foi um primo que trouxe a nota fiscal da arma”, disse a orientadora. Segundo ela, o parente chegou bufando, estapeando o moleque e o xingando de tudo quanto é palavrão.

Lauro Marcos Pipper, conselheiro tutelar que atendeu a ocorrência, desconfiou do guri e pediu pros policiais militares revistarem a mochila. “Se tinha uma arma poderia ter mais coisa”, argumentou. Dito e feito. Na mochila, os fardados encontraram o documento do Uno vermelho, placa LZO 1437 (Balneário Camboriú) – o carro furtado na madrugada de terça-feira e usado por bandidos no violento assalto ao posto de gasosa Sonho Meu, naquela mesma noite em que um cliente foi espancado e dois cofres levados.

O garoto tinha uma desculpa. “Ele disse que achou no chão”, comentou a orientadora, que ficou de cabelo em pé quando soube que o jovem, até então considerado da paz, pode tá metido num baita assalto. Quanto mais os policiais falavam, mais Elayne se apavorava.

Pra direção da escola os PMs contaram que já conheciam o guri de outros carnavais e que na rua ele é conhecido pelo apelido de Funkeiro. “Me espantei, porque aqui na escola ele tem outro perfil, é tranquilo”, fez questão de dizer a orientadora. “Ontem não consegui comer o dia todo, me preocupo com cada aluno”, completou.

O estudante foi levado pra depê de Proteção à Criança, ao Adolescente e à Mulher da Maravilha do Atlântico, onde os tiras da Divisão de Investigações Criminais (DIC), que apuram a autoria do assalto, foram ter um trelelê de perto com o rapaz. “Na delegacia ele deu alguns nomes”, revelou o conselheiro tutelar.

Por envolver um dimenor e pra não atrapalhar as investigações, a polícia preferiu não comentar o caso.

Vereador quer revista na bolsa dos alunos

Pro vereador itajaiense Carlos Ely (PPS), policial federal aposentado e ex-secretário de Segurança da prefa peixeira, as escolas deveriam ser autorizadas a bizolhar as bolsas dos alunos. “A prevenção didática tem que ser feita em sala de aula, mas se isso não basta, então que se faça a revista nas mochilas de todos os alunos na entrada da escola”, carca Carlos Ely, completando: “Não interessa se tem 10, 15 ou 18 anos, o que não pode é entrar com arma na escola e colocar todos em risco”.

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Há cerca de dois meses, o parlamentar apresentou projeto de lei que apelidou de “antídoto para as leis que defendem apenas os adolescentes infratores”. O texto prevê que professores ou funcionários ameaçados possam ser transferidos ou afastados da escola sem perder a remuneração. O projeto tá sendo analisado pelas comissões da Câmara de Vereadores e ainda não tem data pra ser votado. “Hoje, a lei só protege os menores, é uma legislação enganosa, que não pune o infrator”, descasca.

Nelci Brandt, secretário de Educação do balneário mais badalado do sul do mundo, garantiu que tanto a polícia Militar quanto a guarda Municipal Armada fazem rondas na frente das escolas pra espantar a bandidagem e evitar a circulação de armas e drogas entre a estudantada. “Imagino que a gente não chegue num absurdo futuro que precise de portas detectoras de metal nas entradas das escolas”, carcou o abobrão, também espantado com o episódio do colégio do Ariribá. “Quando situações como essa acontecem, só nos resta seguir o protocolo e chamar o conselho tutelar”, emendou.

O secretário afirmou ainda que rolam trabalhos pedagógicos pra incentivar os alunos a terem respeito e consideração por outras pessoas. “Não podemos sequer revistar a mochila de um aluno, só com a presença de um conselheiro tutelar”, explicou, argumentando a dificuldade de controlar as maldades que possam tá acontecendo.

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Menino veio de Porto Alegre pra morar com a mãe no Balneário

Ontem, o adolescente foi pra aula normalmente. “A primeira coisa foi chamá-lo pra ter uma conversa, pra orientar mais uma vez. Não vamos desistir dele”, avisou a orientadora educacional Elayne Moura. O menino não tem notas boas e é de poucos amigos. Mas é um rapaz tranquilo e nunca apresentou nenhum comportamento agressivo. É o que afirmou a orientadora. “Ele tem bastante respeito com os professores, já teve algumas brigas com os colegas, mas tudo dentro do normal. Tem até uma namoradinha no colégio”, comentou.

O piá começou a estudar no Ariribá no começo deste ano, quando veio de Porto Alegre/RS, onde residia com o pai. Veio pra morar com a mãe, no bairro das Nações. Ele deveria estar na nona série, mas por repetir ou por já ter desistido de estudar no meio do ano letivo, ainda tá no sexto ano, junto com crianças dois anos mais novas.

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De acordo com Elayne, a família do aluno é “ausente”, assim como de muitos outros estudantes do Ariribá. “Os olhos dele são bem de criança, dá pra ver que falta apoio de família. É de cortar o coração”, lamentou.

Outros dois casos

Na segunda-feira desta semana, um menino de 12 anos levou uma faca pra escola Clotilde Ramos Chaves, no bairro Areias, em Camboriú, pra furar a professora de português. O piá chegou a imprensar a profe na parede. A mulher convenceu o guri a largar a arma e tudo acabou numa boa. A mãe do moleque colocou a culpa no jogo de videogame GTA, em que o jogador assume a personagem de um ladrão e assassino.

Também na segunda, um adolescente de 14 anos foi encontrado com uma máquina de choque, um bisturi e um balaço de trezoitão no colégio estadual Nilton Kucker, na Vila Operária, em Itajaí.

Além de armas, as drogas também começam a pipocar nos colégios. “Infelizmente está cada vez mais comum, é normal adolescentes serem pegos com maconha nas escolas”, lamenta o conselheiro Lauro Pipper, do Balneário.



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