A escola fica na rua Alberto Buchele e tem 898 alunos matriculados do 1° ao 9° ano, de manhã e à tarde. Jeferson André Machado, 34 anos, tem uma filha de oito anos no colégio. Quarta-feira, a menina chegou em casa reclamando de dor na bexiga. O pai perguntou por que ela não foi ao banheiro da escola e a filha contou que não tinha água e, por isso, os banheiros tavam sujos demais.
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Jeferson denuncia que nos últimos dias as crianças tão ganhando apenas achocolatado com bolacha porque não tem como fazer comida. Estou tendo que levar água e comida pra minha filha, assim como outros pais, conta. O perrengue é confirmado pelo soldador Reygner Ramos Santos, 28. O cara tem uma filha de 12 anos. Verdade tem que ser dita, tá faltando água esta semana, afirma. A reportagem também conversou com dois alunos da escola, um de 12 e outro de 13 anos. Pra não morrer de sede, eles tão levando garrafinha de água de casa.
Professores não guentam mais
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Ao chegar na escola, o DIARINHO tentou conversar com funcionários pra esclarecer a denúncia, mas foi impedido pela direção. Do lado de dentro, os profes, desesperados, olhavam pela janela tentando dizer alguma coisa. Jorge Luís de Jesus, 46, professor há oito anos nessa escola, foi além. Ele escreveu numa folha Sem água desde 3ª feira e mostrou pra reportagem. Os alunos também gritavam a mesma coisa. De acordo com o letrado, o problema rola desde 2009. Este ano é a segunda vez que a escola fica uma semana sem o líquido precioso. Em julho, ficamos uma semana sem água e eles dizem que é um problema na caixa dágua.
O professor tá mais indignado porque é uma questão de saúde pública. A escola tem três pisos e 30 vasos sanitários cheios de merda e xixi. Sabemos que isso pode causar doenças, as crianças não têm água pra lavar as mãos, elas tão chorando porque não tem água pra beber. Ontem, eles comeram bolacha salgada seca, a escola tá suja, narra.
Richard Assis, 29 anos, professor do 5° ano, confirma a denúncia do colega de trabalho. Isso vem acontecendo pelo menos nos últimos quatro anos. Mas, agora, a situação se agravou. Não tem como dar aula por causa do cheiro insuportável que vem dos banheiros, lasca.
Os dois profes contaram que ontem, no início da aula, a diretora da escola perguntou pros alunos se alguém tinha pai engenheiro hidráulico pra ajudar a escola. Achei um absurdo a diretora perguntar isso. Poxa, o poder público é que tem que resolver, diz Richard. Nós, professores, não temos nada contra as diretoras. Elas fazem o que podem, mas são comissionadas e ficam quietas. Por isso, nós estamos pensando em amanhã (hoje) fazer uma manifestação com os alunos pra chamar a atenção e ver se algo muda, completou Jorge.
Tá tudo ok
Na escola, quem recebeu o DIARINHO, mas não de braços abertos, foi a diretora-adjunta Keity Fabiana Rodrigues. Ela impediu que os funcionários falassem com a reportagem e foi logo dizendo: O problema já tá sendo solucionado. Ao ser questionada sobre a falta de água, Keity não disse nem que sim, nem que não. Teve sinais de falta de água, mas se concentrou apenas hoje. A diretora garantiu que as crianças não ficaram sem merenda, mas concordou que rolou um transtorno danado.
O gerente de manutenção da secretaria de Educação de Itajaí, Diogo Klock, prometeu que hoje a escola teria água novamente nas torneiras, bebedouros e vasos sanitários. Ele conta que faltou água porque rolou rompimento duma adutora no centro peixeiro. Por causa disso, acabou entrando ar nos canos da escola e como a caixa tava cheia, ficou abastecida até terça-feira à tarde, quando começou a faltar, conta.
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Pra tentar amenizar a situação, foi providenciado um caminhão-pipa, mas a mangueira não chegava até a caixa dagua. Na quarta, os profissionais esperaram pra ver se voltava, mas não voltou. Ontem é que simexeram de verdade. Deu problema no motor da água, mas hoje (ontem) conseguimos solucionar. No começo da tarde já tava enchendo a caixa. Até amanhã (hoje) deve ter água, garante.