Itajaí

Audiência dos bandidões do PGC é adiada por falta de estrutura

Advogados berraram porque não tinha mesa pra trampar, tomada pra ligar computador ou ventilador pra refrescar o ambiente. Só hoje que criminosos vão depor

A falta de estrutura jogou pra hoje o início do julgamento das 98 pessoas suspeitas de integrar a facção criminosa primeiro Grupo Catarinense (PGC). O pedido foi feito pelos 50 advogados dos réus que chegaram a ameaçar abandonar o fórum enjambrado numa das salas do complexo Penitenciário da Canhanduba, em Itajaí. São ao todo 98 denunciados pelos crimes de associação para o tráfico e quadrilha armada, dentro do processo que tem 12 mil páginas.

O berreiro foi geral e as reclamações eram as mesmas: falta de mesas, de tomadas pra ligar os notebooks, de um banheiro feminino e também, segundo os advogados, um “calor infernal”. Isso fez com ...

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O berreiro foi geral e as reclamações eram as mesmas: falta de mesas, de tomadas pra ligar os notebooks, de um banheiro feminino e também, segundo os advogados, um “calor infernal”. Isso fez com que os advogados se reunissem e, segundo o dotô Apóstolo Nicolau Pitsica, pedissem que a audiência fosse cancelada e transferida pro fórum de Blumenau ou de Floripa. Apóstolo foi um dos primeiros a sair do local, por volta das 15h, indignado.

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A tentativa de cancelamento da mega audiência não colou. Encontrou resistência dos promotores. A juíza Jussara Wandscheer, da 3ª vara Criminal de Blumenau, deu um nananinanão pro pedido.

Às 16h30, os carrões dos advogados começaram a cruzar a barreira policial e veio a confirmação oficial: depois de uma reunião, a dona justa prometeu fazer os ajustes pedidos e o julgamento começava só hoje.

O advogado Marcelo Gonçalves engrossou o coro dos descontentes. “Existe uma desigualdade entre o oferecido para o ministério Público e para os advogados, mas amanhã é pra estar resolvido”, carcou.

Anselmo da Silva Livramento Machado, assessor de Relações Institucionais da ordem dos Advogados do Brasil (OAB) da Santa & Bela, reforçou o berreiro dos colegas. “Não tem a mínima condição de trabalho. Foram colocadas cadeiras de plástico brancas de praia e não tem mesas para apoiar o material de trabalho”, reclamou.

Anselmo garantiu que vão recorrer às instâncias superiores da justiça caso a situação não seja resolvida. Pelo menos 10 dos profissionais que defendem os réus são da defensoria Pública do Estado.

A confirmação de que hoje vai estar tudo certo foi dada por Leandro Lima, chefão do departamento de Administração Prisional (DEAP). “Já estava tudo acertado. Foram feitos alguns pedidos pelos advogados e eles vão ser atendidos”, afirmou, assegurando que hoje vai começar o julgamento dos suspeitos das três ondas de atentado que aterrorizaram a Santa & Bela.

Duas barreiras montadas na entrada da cadeia

Independente do beicinho dos advogados, do lado de fora, tava tudo dominado pelos fardados. Foram montadas duas barreiras pra impedir qualquer acesso à rua que leva ao complexo penitenciário sem identificação. Nada passava por lá sem pentefino da PM.

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O coronel Atair Derner Filho, comandante da 3ª região da PM, coordenou pessoalmente o trampo. Caminhões e carros eram revistados minuciosamente. Quem chegava de moto tinha que tirar o capacete e todos tinham que mostrar a identificação. Só passava gente autorizada pelos agentes do DEAP. “Estamos aqui apenas pra dar segurança. A decisão de quem passa é deles”, explicou.

O estrelado se disse tranquilo quanto à segurança, mas não quis falar em momento algum sobre número de homens ou do armamento empregados na operação. “Estamos trabalhando com o número suficiente de efetivo”, limitou-se a dizer.

A aparente tranquilidade só era quebrada pelo grande número de viaturas que entravam a saíam do complexo e que circulavam pelas ruas do bairro. O único estresse durante a barreira foi dois rapazes que tentaram passar de carango e tavam com um cheiro danado de maconha. Nada foi encontrado com eles.

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Todos os busões que circulavam na comunidade tinham escolta policial.

Pra moradores, julgamento não mudou a rotina

Nem mesmo a agitação provocada pelo julgamento interferiu na rotina dos moradores. Na tarde de ontem, apesar das viaturas e dos fardados que tomaram conta do bairro Canhanduba, o povão parecia bem à vontade. “Não mudou nossa rotina”, garantiu Jorge Passos da Silva, 47 anos, presidente da associação dos moradores. A comunidade abriga 620 famílias.

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Pro eletricista que mora na bairro há 47 anos e que ontem trampava numa obra praticamente nos fundos do complexo, tudo seguia como outro dia qualquer. “Pra gente tá tudo normal. Sabemos que tem o julgamento do PGC, mas tem um monte de polícia circulando. Então tá tudo certo”, afirmou.

A comerciante Celiana Venâncio Ribeiro, 43, que tem um barzinho na principal rua do bairro, disse que a única mudança que houve é que tão passando muitos carros e tem bastante policial por lá. “Tirando isso, nada mudou. Nossa rotina segue a mesma e como tem bastante polícia, não tem motivo pra ter medo”, concluiu.

Advogada tá entre os réus

A advogada Fernanda Fleck Freitas, 28, que é um dos 98 indiciados no processo mas responde em liberdade, cruzou sem problemas a barreira policial. “Sou inocente e nem conheço direito o teor desse processo”, disse ao DIARINHO, assim que foi liberada pela dona justa, já que não rolou a audiência.

Henrique Werner, defensor da colega que advogava pra bandidos do PGC, também reforçou a fala da cliente e disse que a única testemunha que cita Fernanda é alguém que está com a identidade protegida. “Pedi a dispensa dela das audiências pra que ela só venha no dia de dar depoimento”, informou.

Fernanda tava presa até três semanas atrás, acusada de envolvimento na morte da agente penitenciária Deise Alves, em São José, em outubro de 2012. A advogada é apontada como a pessoa que levou a ordem de assassinato, vinda de dentro do presídio de São Pedro de Alcântara, pra criminosos que tavam soltos. A intenção era matar Carlos Alves, diretor do presídio, mas quem morreu foi a mulher do cara, Deise.



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