Itajaí

Alzheimer não tem cura, mas pode ser controlado

Doença afeta a memória e destrói recordações e a convivência em família. Dia mundial de conscientização sobre o mal rola neste sábado

Chegar em casa, largar a chave em algum canto e depois não lembrar onde colocou o chaveirinho. Muita gente já passou por isso e, provavelmente, o incômodo maior talvez tenha sido o de fazer novas cópias. Mas na rotina de dona Albana Vieira de Andrade, ou melhor, dona Nita, 80 anos, esse esquecimento tem nome próprio e consequências graves: Alzheimer, doença lembrada neste sábado no dia mundial de conscientização da doença que arranca dos pacientes as doces lembranças da vida.

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Sempre conversadeira, dona Nita não deixava escapar uma piada. Contudo, há quatro anos parece que jogaram um balde de água fria na vovó de quatro netos e um bisneto. Ela perdeu o ânimo, a fissura ...

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Sempre conversadeira, dona Nita não deixava escapar uma piada. Contudo, há quatro anos parece que jogaram um balde de água fria na vovó de quatro netos e um bisneto. Ela perdeu o ânimo, a fissura por assistir novelas e o prazer de jogar baralho. Nas conversas depois do almoço, dona Nita parecia deixar a casa na rua Francisco de Paula Seara, no São Judas, em Itajaí, e aterrissar em outro mundo. O olhar distante da vovó denunciava o desligamento com o ambiente.

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“Nós começamos a observar essas pequenas coisas e logo levamos ao médico. O diagnóstico foi de Alzheimer”, comenta Márcia de Andrade, 53, a filha mais velha. Na época, dona Nita tinha recém descoberto que sofria de Parkinson e passou a se locomover numa cadeira de rodas.

Nos últimos dias dona Nita tem se lembrado muito da mãe e pensa que a falecida tá viva e ainda mora em Barra Velha, cidade onde cresceu. Essa semana pediu a todos que a levassem pra tomar café com a mãezinha. Quando a filha mais velha explicou que ela já tinha morrido, dona Nita botou pra chorar. Com seus cabelos grisalhos e pele enrugada pelas oito décadas já vividas, chorava igual criança.

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Márcia avalia o quadro da mãe como positivo, pois apesar da velhinha divagar em lembranças passadas e acordar de madrugada pensando que é dia, ainda reconhece todos os familiares. “A coisa mais triste do Alzheimer é que, ao mesmo tempo em que tu tens o teu ente querido, tu também não o tens mais. Tu viras um estranho pra ele. E nós estamos lutando pra evitar que isso aconteça”, desabafa Márcia.

Ela acredita que não perdeu a mãe porque tratou a doença desde cedo, quando os primeiros sinais começaram a aparecer. “O convívio familiar é a coisa mais importante. Não dá pra deixar o paciente isolado, senão ele vai piorando. A família tem que estar junto”, opina.

Usar a memória ajuda a controlar a doença

Demência. Esquecimento. Alzheimer. A doença é desencadeada pela falha de um neurotransmissor cerebral que não libera mais as substâncias que ativam as lembranças das coisas. De acordo com o geriatra Esmael Tarcílio Linhares, há 23 anos trampando com velhinhos em Itajaí, o quadro é irreversível e não tem cura. No entanto, com um diagnóstico precoce, é possível estacionar o grau de esquecimento e o paciente pode se manter lúcido por um longo período de tempo.

O dotô ressalta que o Alzheimer pode ser desencadeado por uma questão genética. Por isso, se há histórico da doença na família, é preciso ficar atento aos pequenos esquecimentos. O início da doença também é marcado pelo isolamento, irritabilidade, agressividade e dificuldade pra dormir à noite. Com o agravamento, o paciente chega a pensar que é criança de novo. No caso das mulheres, é comum as velhinhas acharem que a filha é sua mãe. Já na fase terminal, o paciente só quer ficar na cama e não responde aos estímulos. “A doença de Alzheimer não tem cura, mas tem manutenção, que permite a pessoa ficar o mais independente possível”, explica.

O uso de medicamentos auxilia na memória e também no comportamento. O dotô conta que os pacientes costumam ficar mais agressivos com o Alzheimer. “Mesmo nos níveis mais avançados é importante continuar com a medicação. Talvez não melhore a memória, mas ajuda a pessoa ficar mais dócil”.

De acordo com o médico Esmael, o principal fato pro agravamento da doença é o não uso da memória. “Muitas pessoas se aposentam e não leem mais um livro, não estudam e não têm mais afazeres. Quando se tem uma vida social e mental mais elaborada, as chances são menores de desenvolver a demência”, destaca.

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Grupos de apoio ajudam familiares a entender e a enfrentar a doença

O geriatra Esmael conta que, quando os familiares supeitam do Alzheimer, a maioria se revolta porque não entende a doença. Muitos acabam pensando que o paciente tá fingindo. “Ah, meu pai tá se fazendo, minha mãe tá fazendo birra. Ele só tá me provocando”, narra o dotô, que reconhece que a situação é realmente difícil. Por isso, ele recomenda que os parentes frequentem grupos de apoio.

Aqui em Itajaí, os encontros são oferecidos na Univali. O grupo é voltado pra familiares e cuidadores. Os encontros rolam sempre na segunda terça-feira de cada mês, das 14h30 às 17h. Pra participar, basta ir diretamente ao bloco F6, sala 303. Outras dúvidas podem ser esclarecidas pelo fone (47) 3341-7935.

Já em Balneário Camboriú as palestras são semanais. A iniciativa é do instituto de Psicologia Sentir, que recebe o povão sempre às segundas, das 14h às 16h, na rua 1950, 901. O telefone pra contato é (47) 3363-4590.

De acordo com a psicóloga e coordenadora do grupo de Itajaí, Kátia Ploner, os participantes são orientados a lidar com a doença nas primeiras fases e também no período terminal. Em todos os casos, a orientação básica repassada é que não dá pra deixar toda a responsabilidade de cuidar do velhinho doente com uma única pessoa. “Chega ao final da doença, o paciente tá bem e o cuidador tá mal. Pra isso, é preciso ter mais pessoas pra ajudar. Nem sempre isso é aceito, então precisamos conversar, conversar e conversar”, comenta.

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