E se, de cara, veio à sua cabeça o bairro São Paulo como o mais violento quando o assunto são assaltos, então é melhor mudar seu conceito. Por lá só rolaram cinco roubos. O centro dengo-dengo é de longe o lugar mais perigoso pra moradores e comerciantes, que, de janeiro a agosto deste ano, sofreram nada menos que 44 ataques da bandidagem.
Apesar disso, pro tenente-coronel Marco Antônio Otávio a maior sensação de insegurança pinta mesmo no bairro Gravatá, que sofreu 17 assaltos a comércios e baias. A região recebe muitos veranistas ou gente que se aposenta em outras citys e vem morar perto da praia, buscando uma vida mais tranquila. E é aí que o bicho pega. As casas ficam escancaradas e a ação policial quase não dá conta, comenta o estrelado.
Na edição de hoje, o DIARINHO publica a segunda e última reportagem sobre a criminalidade em Navega. Lideranças empresariais, gestores públicos e policiais dão sua visão sobre as causas do problema e apontam as possíveis soluções. Na edição de ontem, o tema foi o número assustador de assassinatos na city dengo-dengo: 16, somente este ano.
Com medo, comerciantes fecham as portas mais cedo
O medo da bandidagem já atingiu os comerciantes de Navega, afirma João Luiz Rescaroli, presidente da câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) de Navegantes. Muita gente fecha o comércio mais cedo, antes das 18h, com medo de assaltos, diz.
Pro chefão da CDL, o que tem ajudado no aumento da criminalidade são a falta de policiamento nas ruas e o velho problema de infraestrutura, principalmente em bairros mais afastados. Tem ruas que não têm iluminação pública suficiente, então o comerciante é obrigado a se prevenir, argumenta.
João Luiz conta que a entidade que comanda encaminhou este ano um pedido à PM solicitando uma escola de soldados no batalhão dengo-dengo pra poder formar mais policiais. O efetivo atual, a meu ver, tem de ser dobrado pra dar conta da segurança, concluiu.
Pra abobrão, tá faltando polícia nas ruas
Pra Joab Bezerra Duarte Filho, secretário de Segurança Pública da prefeitura de Navegantes, o calcanhar de Aquiles do combate à criminalidade na city é a falta de efetivo policial. Na cidade, que tem pouco mais de 67 mil habitantes, trampam cerca de 60 fardados: menos de um policial pra cada mil moradores. A falta de policiamento encoraja os criminosos e inibe as pessoas. E não é culpa das polícias Civil e Militar, analisa o secretário.
Joab avalia que os investimentos feitos em educação e infraestrutura na city melhoraram a qualidade de vida do povo dengo-dengo, apesar do crescimento populacional e do desenvolvimento da city. Nós fizemos de 500 a 600 carteiras de identidade por mês. Mesmo assim, caímos de 2º para 12º lugar no ranking de homicídios [no estado] desde 2008, ressalta o secretário.
Preocupadas, otoridades fazem reunião pra exigir solução
Preocupados com o alto índice de criminalidade, as otoridades de Navega se reuniram esta semana pra botar o dedo na ferida. O encontro rolou na na sede da associação Empresarial de Navegantes (Acin). Durante o plá foram apresentadas propostas pra tentar reduzir as estatísticas de crimes do outro lado da vala. Entre outras questões, chegamos ao ponto consensual de que o efetivo da polícia Militar é insuficiente, resume Rinaldo Luiz de Araújo, presidente da Acin.
A conclusão do empresário é baseada numa pesquisa feita pelo coronel da reserva Humberto Mário Garcia, vice-presidente para Assuntos Comunitários e Segurança da associação. O projeto enumera as principais necessidades na área da segurança pública na city e como as autoridades dengo-dengo deveriam solucioná-las. O projeto diz que Navegantes precisa de 250 policiais. Verbalmente, durante a reunião na Acin, o coronel Otávio [Marco Antônio Otávio, comandante do batalhão da PM] adiantou que nós temos 58, comentou Rinaldo.
Fardado pede delegacia no Gravatá
Além da necessidade de se aumentar o contingente policial, entre outras propostas apresentadas pelo coronel Humberto estão a implantação do programa Educacional de Resistência às Drogas [Proerd] direcionado aos pais, a criação de uma delegacia no bairro Gravatá e a aproximação do Ministério Público e do legislativo nas discussões sobre segurança.
Na opinião do coronel Humberto, a criação de uma delegacia no bairro Gravatá é necessária não apenas em virtude do número elevado de roubos a baias de veranistas. Para registrar um boletim de ocorrência, quem mora no Gravatá precisa se deslocar 16 quilômetros até o centro. É muito longe, argumenta o coronel.
O fardado explica que o número proposto, de 250 homens, é baseado num estudo da organização das Nações Unidas (ONU) segundo o qual o efetivo ideal é aquele com a relação de um policial pra cada 250 habitantes. O que se vê atualmente é algo bem diferente disso. A estrutura policial não dá conta, afirma.