Só vou ficar calma depois que ela chegar e eu der um abraço bem forte nela, desabafa dona Márcia Terezinha Silva, 41 anos, ao falar da filha E.S.S.L., 14, desaparecida desde o dia 29 de outubro. O drama da família de Camboriú chegou ao fim na manhã de sexta-feira, quando a polícia Civil de Coronel Domingos Soares, cidade próxima a Palmas, no Paraná, resgatou a adolescente, que estava escondida na casa da suposta sogra. Na sexta-feira mesmo, o pessoal do conselho Tutelar de Camboriú foi ao estado vizinho buscar a garota.
Foram 10 dias sem trabalhar, dormir e sem nem comer direito. A angústia e o sofrimento por não ter informações sobre a filha desaparecida mudou completamente a rotina de Márcia e de Sandro dos Santos ...
Foram 10 dias sem trabalhar, dormir e sem nem comer direito. A angústia e o sofrimento por não ter informações sobre a filha desaparecida mudou completamente a rotina de Márcia e de Sandro dos Santos Lima, 40, pai da adolescente. O drama da família começou na tarde do dia 29 de outubro. Como Ester não estuda nem trabalha, a mãe levou a menina para o trampo, em Balneário Camboriú, onde cuida de um casal de velhinhos. No fim do dia, a adolescente recebeu uma ligação do namoradinho de 16 anos. Poucos minutos depois, ela sumiu.
De lá pra cá, uma série de ligações foram feitas por E. à mãe. Ela dizia que estava bem, que não era pra eu ficar nervosa, que estava com o namorado e logo ia voltar para casa, conta. A mãe, desesperada, registrou boletim de ocorrência na delegacia e foi ameaçada por isso.
Na quinta-feira, ele [namorado da filha] ligou e pediu pra retirar o BO, senão eu não ia mais ver minha filha, contou a muié. A menina chegou até a pedir para a mãe passar sua guarda para a sogra. Mas a suspeita de que tinha algo errado aumentou quando a menina ligou para o cunhado e disse: daqui três dias estou em casa. É meio embaçado pra sair daqui. Márcia não tinha dúvidas de que a filha estava sendo pressionada a mentir para a família.
Fuçada conjunta
O núcleo de Prevenção às Drogas e à Pedofilia, o conselho Tutelar de Camboriú e a divisão de Investigação Criminal (DIC), de Balneário, entraram na jogada para desvendar o mistério. Uma denúncia anônima levou a equipe para o caminho certo: o endereço da mãe do garoto, na cidade de Coronel Domingos Soares. Há dois dias, a polícia Civil e o conselho Tutelar do Paraná começaram as buscas. A mãe do adolescente, namorico da guria, chegou a ser interrogada nestes dois dias, mas negou que E. estivesse lá e ainda inventou para a polícia que o filho também estava sumido. A mulher [mãe do garoto] negou tudo e ainda disse que seu filho tinha sumido também, conta Manoel Mafra, do conselho catarina.
Na manhã de sexta-feira, a busca teve fim. A polícia deu um chego na casa, encontrou E. e resgatou a guria, que estava escondida em um dos cômodos da casa. A equipe do conselho Tutelar de Camboriú foi na sexta-feira ao Paraná para buscar a jovem. A família de E., que mora rua Monte Neblina, no distrito Monte Alegre, não guenta de ansiedade. A gente está parado. Não dormimos, não comemos direito, explica a mãe, que tem mais três filhos: duas moças, de 22 e 18, e um rapaz de 19 anos.
Não foi a primeira vez
Segundo Márcia, E. já havia fugido de casa em outras ocasiões, mas sempre para a casa da tia e da irmã. Mesmo assim, sempre voltava no dia seguinte. Na última vez que falei com ela, pelo tom de voz, eu senti um pouco de medo. Percebi que por trás dela havia outra pessoa; ouvi a voz do namorado ameaçando, conta.
O caso está nas mãos do delegado Osnei Valdir de Oliveira, da DIC de Balneário. Porém, o inquérito será repassado à depê do Monte Alegre, onde foi registrado o sumiço da guria. O próximo passo da polícia Civil será ouvir a mãe do garoto para desvendar o mistério. Se for comprovado que a muié escondeu a menina e não deixava que ela saísse de casa, poderá responder por vários crimes, entre eles cárcere privado.