Apenas R$ 100. Este seria o preço da vida da adolescente Yasmin Alvarenga Franco Naves, 17 anos, morta a tiros na noite de quarta-feira (20), em Camboriú. De acordo com um colega de vício, Yasmin estaria devendo uma encomenda de crack para um trafica que resolveu fazer a cobrança na base da bala. Foi a Yasmin que mataram. Ela pegou [a droga] e não pagou. Eram umas 10 gramas de pedra, contou o rapaz, na manhã de ontem, prometendo avisar a família da jovem sobre a tragédia. Somente depois que o viciado deu a notícia é que os parentes foram até o instituto Médico Legal (IML), e o cadáver da garota foi finalmente identificado.
Ontem o delegado Rodrigo Coronha repassou o caso ao setor de homicídios da divisão de Investigação Criminal (DIC) da vizinha Balneário Camboriú. O dotô confirma a versão levantada pelo DIARINHO ...
Ontem o delegado Rodrigo Coronha repassou o caso ao setor de homicídios da divisão de Investigação Criminal (DIC) da vizinha Balneário Camboriú. O dotô confirma a versão levantada pelo DIARINHO no local do crime. Pelo que apurei, é isso mesmo: dívida com traficante, afirma.
Era por volta das 21h30 quando Lindalva Andrade, 56, escutou os tiros. Estava assistindo à novela, escutei os barulhos e corri pra ver, conta. A dona de casa mal pôde acreditar no que viu quando chegou no portão da baia de número 332 da rua Imbuia, no Tabuleiro. A menina tava caída no chão. Meu filho dizia pra ela ter calma e respirar, mas ela não conseguia. Foi horrível, relata.
Yasmin foi atingida por três tirombaços: um no antebraço esquerdo, um na barriga e um no peito. A família de dona Lindalva tentou acudir a jovem, mas quando os socorristas do Samu chegaram, era tarde demais: a moça já tinha morrido. Ficou uns 15 minutos agonizando, coitada, lembra a dona de casa, que não conseguiu pregar o olho, porque a cena macabra não lhe saía da cabeça.
De acordo com Manoel Mafra, do conselho Tutelar da Capital da Pedra, apesar de ser usuária de drogas, a adolescente não era acompanhada por nenhum conselheiro. Eu não a conhecia, diz.
Ponto de crackeiros
Dona Lindalva diz que muitos usuários de drogas frequentam o terreno baldio ao lado da casa dela. Os crackeiros ficam escondidos atrás de entulhos e se acabam na pedra. Às vezes a polícia vem aí, mas enquanto o dono do terreno não limpar, não vai ter jeito, eles sempre voltam, reclama a moradora da rua Imbuia. Apesar da presença dos viciados por lá, a dona de casa faz questão de dizer que até hoje nenhum crackeiro mexeu na sua baia ou implicou com sua família.
Já são 24 mortes só neste ano
Camboriú, também conhecida como a Capital da Pedra, é a recordista de assassinatos na região. São 24 mortes neste ano. A grande maioria morreu por conta de dívidas com traficantes ou de disputas por pontos de venda de drogas.
Pelas contas das otoridades, mais de 70% das pessoas vítimas de homicídios em Camboriú foram homens. São 18, ao todo. Yasmin foi a sexta garota assassinada neste ano na cidade.
O 24º homicídio de Camboriú vai ser investigado pelos tiras da DIC, que receberam o caso no final da tarde de ontem. Sobre os autores dos disparos, a única informação que a polícia tem até agora é que estavam numa Biz prata e fugiram em direção à avenida Marmeleiro.