Itajaí

Presidente acusada de desviar geladeira baila em eleição cheia de barracos

Chapa Renovação ganha com mais da metade dos votos. Atual presidente, Vera Figueiredo, alega irregularidades na apuração

A eleição pra definir a nova diretoria da associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Itajaí teve até polícia, que foi chamada pra ficar de olho caso os ânimos se exaltassem. Durante a assembleia, os funcionários não puderam entrar, quem não podia votar acabou votando e a imprensa ficou de fora, barrada pelo filho da atual presidente. No final, Vera Lucia Corrêa Figueredo acabou perdendo por quase a metade do total dos votos para Rosane Wendhausen Rothbarth, que deve assumir a direção da Apae em janeiro.

A eleição estava marcada para as 19h de sexta-feira, na sede da Apae, na avenida Joca Brandão, centro de Itajaí. O bafafá começou quando o cinegrafista de uma TV local foi impedido de entrar e gravar ...

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A eleição estava marcada para as 19h de sexta-feira, na sede da Apae, na avenida Joca Brandão, centro de Itajaí. O bafafá começou quando o cinegrafista de uma TV local foi impedido de entrar e gravar na frente do prédio. A equipe de reportagem foi barrada pelo filho da atual presidente, que não tem vínculo com a Apae, mas estava fazendo a segurança por ordens da mãe. Ele enfiou a mão na câmera e disse que ninguém ia entrar.

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Do lado de dentro a situação foi bem mais tensa. O cronograma da assembleia não foi cumprido, uma nova lista de votantes foi feita na hora, os funcionários não puderam participar da assembleia e, ao final da votação, o filho de Vera agrediu verbalmente uma mãe que comemorava o resultado.

Duas chapas estavam concorrendo à diretoria da Apae. A Chapa 1, encabeçada por Vera, atual presidente, e a chapa Renovação, de Rosane, atual diretora financeira. O voto é secreto e apenas os pais, mães e associados que estão em dia com a contribuição financeira há pelo menos um ano poderiam votar. Mas na eleição de sexta-feira esta regra, prevista no regimento interno da associação, não foi cumprida. Do nada apareceu uma nova lista, escrita à caneta, com o nome de 14 alunos da Apae, com mais de 18 anos, que também puderam votar.

Israel de Azevedo, 69 anos, candidato a vice na chapa Renovação e atual membro do conselho administrativo, informa que, de acordo com o estatuto, alunos não têm o direito ao voto, e que essa foi apenas uma das barbaridades que rolam dentro da Apae há muito tempo.

A decisão de montar uma chapa de oposição surgiu após o pedido de funcionários, que não aguentavam mais Vera Lucia. Segundo Israel, no dia 17 de outubro o conselho recebeu uma carta anônima pedindo a saída da presidente. “A partir daí nos reunimos pra montar outra chapa e, se Deus quiser, daqui pra frente a Apae não voltará a participar de escândalos nos jornais”, diz.

A apuração dos votos foi realizada por dois advogados e uma professora, todos indicados pela própria presidente. Das 134 pessoas que votaram, 48 foram a favor da chapa 1 e 81 para a chapa Renovação, que ganhou com mais de 60% dos votos. Houve ainda dois votos em branco e três nulos.

No dia 31 de dezembro, Vera Lucia deixa a diretoria após três anos de mandato e Rosane Rothbarth assume a presidência. Na vice-presidência entra Israel de Azevedo. Fabiana Baldo vai ser a 1a diretora e Marta Maria do Nascimento de Oliveira a diretora financeira. Eles devem assumir a Apae no dia 2 de janeiro.

“Ela se tornou uma ditadora”, diz membro da diretoria

Membro da diretoria há 12 anos e associado mais há 25, Israel de Azevedo é pai de um rapaz de 33 anos, aluno da Apae peixeira. Assim como 80% dos funcionários da atual gestão, Israel não aceitava mais ver tantas irregularidades e ainda ter que aguentar a postura de ditadora de Vera Lucia. “Todos nós fazíamos parte da chapa dela. Mas acho que ela se perdeu e o poder subiu à cabeça. Ela se tornou uma ditadora. Sempre dizia ‘eu ganhei’, e nunca ‘a Apae ganhou’”, desabafa.

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Israel não entrega se houve desvio de dinheiro e bens materiais da associação, mas admite que teve diversas irregularidades e dinheiro mal administrado. Ele diz que até agora não houve prestação de contas do ano de 2012 e que este ano a Apae realizou vários eventos pra arrecadar uma graninha, mas nenhuma reunião foi feita pra mostrar onde foram aplicados os recursos. Também não houve encontros entre o conselho administrativo e a diretoria para ouvir os associados e os 350 alunos.

“Esta é uma das propostas da nova gestão. Tem gente que quando tá na eleição não pensa nos pais. Eu, como pai de aluno, vejo o lado deles. Uma coisa é certa, vamos chamar os pais e ouvir as pessoas, os funcionários, os professores. Cada decisão que a gente tomar, vamos consultar as pessoas antes”, diz.

Lucélia dos Reis, 51, diretora do centro de Atendimento Especializado em Educação Especial (Caesp), trabalha na Apae há 14. Ela conta que no começo da atual gestão foi tudo muito tranquilo. “Ela se mostrava uma pessoa acessível, havia um ambiente de negociação e respeito, mas com o passar do tempo ela teve uma postura de soberana. As coisas foram se perdendo ao ponto de ter uma disputa de poder”, afirma.

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A perda de controle foi tanta que, ao final da apuração e com a vitória da oposição, Lucélia presenciou o filho de Vera agredindo verbalmente uma mãe que comemorava a decisão final. “A diretoria tentou se posicionar, mas chegou um momento que tava difícil negociar. Estamos envergonhados com a reportagem [publicada pelo DIARINHO na sexta-feira, sobre uma geladeira doada à Apae e vendida a um pedreiro por R$ 500], mas a Justiça foi feita e vamos tentar resgatar a imagem da Apae”, promete.

Atual presidente carca que não deixaram ela falar

Vera Lucia Corrêa Figueredo, atual presidente da Apae, nega todas as acusações. Segundo ela, a sacanagem começou com a denúncia de um funcionário sobre o sumiço de uma geladeira, que foi doada à Apae e que Vera vendeu a um pedreiro por R$ 500. Depois ela ficou indignada porque a candidata à presidência estava viajando e não pôde participar da eleição. Também sobrou pro advogado e presidente da OAB peixeira, João Paulo Tavares Bastos Gama, que estava fiscalizando a sessão. “Ele não me deixou fazer a abertura da assembleia, mostrar meu trabalho de três anos, e depois fazer a prestação de contas”, afirma.

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De acordo com o regimento interno da Apae, a assembleia geral deve começar com esses dois procedimentos e depois ir para a votação. “Foi quebrado o protocolo. Não abri minha boca nem no começo, nem no fim”, diz.

Sobre as acusações sobre o filhão, Vera admite. “Eu pedi para ele esperar o pessoal da Codetran e a polícia porque o clima tava pesado. Ele ficou lá fora pra não deixar entrar ninguém da imprensa. É o filho da presidente”, afirma. Ela jura que ia falar com a imprensa depois que acabasse a votação.

Sobre as acusações de irregularidades durante a votação, Vera se defende e diz que tudo é mentira. “Eles não me deixaram falar. Não sei o que vou fazer ainda porque assembleia sem prestação de contas não pode. Não tenho medo. Não tenho nada a esconder”, declara.






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