Todos os dias ela fazia a mesma coisa. Saía duas ou três vezes de seu apartamento no bloco B do edifício Boston, na rua 1401, em Balneário Camboriú, pra levar o cãozinho de estimação pra um passeio. Ontem não foi diferente. Mas o que a aposentada Oracy Dall Pizzol Zanini, 86 anos, não imaginava é que aquele passeio seria o último. Ela foi atropelada na avenida Brasil por um caminhãozinho da fábrica de chope Germânia, dirigido por José Alexandre Machado, 19, e acabou morrendo logo depois. A filha, que estava perto, foi ver o acidente de curiosa e acabou desmaiando, ao ver que era a sua mãe.
As imagens da câmera de segurança de uma loja que fica na esquina da avenida Brasil com a rua 1401 registrou os últimos instantes da velhinha, às 13h53. A idosa, que levava o cãozinho de estimação ...
As imagens da câmera de segurança de uma loja que fica na esquina da avenida Brasil com a rua 1401 registrou os últimos instantes da velhinha, às 13h53. A idosa, que levava o cãozinho de estimação pela coleira, atravessava a avenida em sentido à praia, com intenção de voltar pra casa. O bondindinho parou pra embarque e desembarque de passageiros, e dona Oracy aproveitou pra atravessar. Só que cometeu uma imprudência: passou pela frente do buso, sem conferir se vinha ou não algum outro veículo.
O caminhãozinho Hyunday placa MIK-7187 (Balneário Camboriú), acabou atingindo a velhinha em cheio. As marcas de freadas no asfalto, de aproximadamente 30 metros, podem dar uma ideia da velocidade do veículo. Ao atingir dona Oracy, o caminhãozinho ainda a arrastou por cerca de seis metros.
José desceu do bruto e andou de um lado para o outro, sem saber o que fazer. A reação de desespero foi a mesma de muitas pessoas que caminhavam pela Brasil e de quem trampa por lá e presenciou o atropelamento.
A filha da velhinha, que estava em uma loja próxima, ao escutar o barulho, correu pra ver o que que acontecia. Ao ver que a pessoa caída no asfalto era sua mãe, ela teve um piripaque e desmaiou.
Dona Oracy foi socorrida pelo Samu e levada ao hospital Ruth Cardoso. A idosa morreu logo depois do acidente. O médico legista Hugo Pretto, do instituto Geral de Perícias (IGP), informou que a idosa teve uma parada cardíaca ainda no local do acidente e foi levada ao hospital já com equipamentos de oxigenação. Os médicos do pronto-socorro tenteram reanimar dona Oracy por 40 minutos. Mas a velhinha não resistiu à hemorragia interna e à parada cardíaca. A aposentada também quebrou a bacia.
Local do atropelamento tinha faixa e lombada até 10 dias atrás
Alguns comerciantes e moradores da região onde rolou a morte de dona Oracy Zanini reclamaram da falta de uma faixa de segurança na esquina da avenida Brasil com a rua 1401. O povão diz que até o dia 15 de novembro havia tanto a área demarcada pra travessia de pedestres quanto uma lombada. Mas, ao recapear a Brasil, a prefa retirou os equipamentos de segurança e não os reinstalou.
Jaime Mantelli, gestor do fundo Municipal de Trânsito (Fumtran) da prefa de Balneário, admitiu que várias faixas e lombadas foram retiradas por conta das obras de drenagem pluvial. Mas garantiu que quando o recapeamento de asfalto estiver pronto, elas serão recolocadas.
Para o chefão da Fumtran, no entanto, a tragédia não rolou em função da falta de faixa de segurança. Acidentes ocorrem até na faixa de segurança. Independente da sinalização, alguém se comportou mal, comentou, referindo-se ao acidente.
O arquiteto Osni Antônio Correa, 48, lamenta a morte da vizinha, com quem convivia há um ano e dois meses, desde que se mudou para o edifício Boston. Osni contou que dona Oracy morava com a filha num dos apês no andar abaixo do seu. Ele viu o atropelamento e, revoltado, afirma que José estava em alta velocidade. Por isso, na visão do arquiteto, não conseguiu parar o caminhãozinho. Na hora em que ela foi atravessar, o caminhão vinha a uns 80 quilômetros e só viu ela na hora que freou, relata.