Prostituição, tráfico de drogas, perturbação do sossego e até sacanagem com menores. Parece mentira, mas moradores da rua 200, entre a Terceira e a Quarta avenidas, no centro de Balneário Camboriú, garantem que esses quatro crimes são comuns por lá, principalmente à noite, com o trânsito frenético de transexuais. A denunciante afirma que, além de fazer ponto até altas horas da madruga, os travecos usam dimenores pra vender maconha e cocaína, na maior cara de pau. E são menores mesmo, de sete, oito anos, descasca a x9.
De acordo com a leitora, a prostituição ocorre no local há pelo menos oito anos. O trampo dos transexuais começa às 19h, quando os primeiros chegam pra fazer ponto em frente ao motel Guinza. O point ...
De acordo com a leitora, a prostituição ocorre no local há pelo menos oito anos. O trampo dos transexuais começa às 19h, quando os primeiros chegam pra fazer ponto em frente ao motel Guinza. O point, de acordo com a moradora, é o mais bombado. Eles sabem que vai passar homem ali na frente, então se concentram todos ali, explica.
Há pelo menos quatro anos, além de vender o corpo fake pra macharada de plantão, os travestis teriam se dedicado também ao tráfico de drogas. Maconha e cocaína estão entre as mercadorias. A droga seria entregue por mototaxistas. A gente vê que não é ponto, pois eles [os mototaxistas] chegam, entram no motel e, dali dois minutos, já saem, revela a denunciante, que preferiu não se identificar, com medo de represálias.
Quietinha, ela diz que filmou várias ações dos travecos na rua 200. Na maioria delas, afirma, os caras se utilizam de crianças e adolescentes pra comprar e vender a droga. Um dos flagrantes, que foi feito por uma vizinha da guria, registra o exato momento em que um dos dimenores sai de uma casa abandonada na companhia de um travesti. A imagem foi feita na semana passada.
As negociações rolam na maior cara lavada, em frente às baias. Segunda-feira passada, uma das conversas rolou bem em frente à janela do quarto da leitora, que pescou parte do diálogo. Eles negociavam droga. Deu pra ouvir até o preço: três por 10 [reais], lembra. A maioria dos travestis seria de Camboriú, onde se instalaram, vindos principalmente de estados como São Paulo, Goiás, Rio Grande do Sul e Paraná.
Casarão abandonado virou um baita de fodódromo improvisado
Além do hotel Guinza, que é o ponto de encontro com os clientes, de quatro anos pra cá os travestis passaram a ocupar um casarão abandonado, onde também rolariam os programas. O local serve de moradia pro pessoal, já que tem banheiro e até quartos. Quem não tem dinheiro pra fazer programa num motel, eles levam pra essa casa, acusa. Moradores da rua 200 teriam procurado a prefa pra tentar localizar o dono da residência. Até agora, porém, nada foi feito. Ninguém sabe quem é o dono, conta.
De acordo com o secretário de Planejamento da Maravilha do Atlântico, Auri Pavoni, nenhuma comunicação sobre a residência foi encaminhada à prefa nos últimos meses. Pelo menos não que eu saiba, admite. O abobrão prometeu mandar um fiscal pra bizolhar a situação. Dependendo do caso, podemos chamar a migração ou, se estiver provocando incômodo, até interditar e mandar demolir a casa, explica o secretário.
A situação é tão preta na rua 200 que os moradores desistiram de procurar a polícia Militar pelo telefone de emergência, o 190. O pessoal ficou com o telefone do oficial de dia e, a cada emergência, aciona o fardado de plantão. O problema é que a polícia vai, conversa, manda baixar o som e vai embora. Não prende ninguém, desabafa a muié.
A insatisfação dos moradores foi parar na câmara de Vereadores de Balneário Camboriú. Uma indicação, protocolada pelo vereador Leonardo Piruka (PP) e aprovada por unanimidade, pediu à polícia Militar a instalação de duas câmeras de monitoramento. Enquanto eles não instalam, nós, moradores, nos revezamos filmando o que acontece. Temos vários vídeos, acrescenta a moradora.
Travestis mais espertos, admite PM
De acordo com o aspirante Tony Nelson Passos de Oliveira, responsável pelo departamento de comunicação do Social do batalhão da polícia Militar de Balneário Camboriú, a PM jamais encontrou grandes quantidades de droga com os travecos durante as abordagens. São sempre pequenas quantidades encontradas, apenas pra consumo, justificou.
O milico avalia que a tchurma aprendeu a lidar com a polícia nos últimos anos. Eles tão evoluindo muito nesta questão. Ninguém fica mais com grande quantidade [de droga], acrescenta Tony.
O policial não soube dizer se vai ou não rolar a instalação de bizolhudas na rua 200. Essa informação eu tenho de conferir com o batalhão, respondeu o policial, que prometeu retornar o contato, mas não se manifestou até o fechamento da página.
Procurado pelo DIARINHO, o promotor Jean Michel Forest, da Moralidade, não quis se manifestar por e-mail ou telefone. Já o doutor Mário Vieira Júnior, da vara da Infância, tava em uma audiência ontem à tarde e não pôde atender a reportagem. A assessoria do promotor prometeu procurar o DIARINHO, mas isso não rolou até o fim da tarde de ontem.
A reportagem tentou contato com a travesti Ana Paula, presidente da associação dos Profisssionais do Sexo do Vale do Itajaí (Aprosvi), também ontem à tarde, mas a ligação caiu na caixa de mensagens do celular dela.