Recebi sua cartinha e fiquei muito feliz em saber que você, apesar de adulta, ainda acredita que eu possa lhe trazer um pouco de alegria. Às vezes fico um pouco cansado de ler cartas que só pedem riquezas e bens materiais. Mas a sua não, a sua é uma bela cartinha, cheia de esperança e muito generosa, ao pensar também em outras pessoas. Sinto que você é uma pessoa boa, que tem se portado bem e que por isso merece uma atenção especial.
A vida de Papai Noel não é fácil. Desde que Mamãe Noel resolveu repensar a relação e experimentar coisas novas cantarolando aquela música do Paulinho da Viola (ao seu lado não me sinto muito criativa, tenho asas, meu amor, preciso abri-las), as salas e quartos dos meus Palácios de Verão no Polo Norte e de Inverno no Polo Sul não foram mais as mesmas.
Aquele silêncio obsequioso que reinava, quando Mamãe Noel estava em casa, foi substituído por uma certa balbúrdia controlada, de jovens seminuas correndo para lá e pra cá, música alta e os elfos, meus ajudantes, meio confusos, sem saber se serviam a cerveja ou olhavam para a bunda das visitas.
Essa vida de amores inconstantes e muito esforço físico, como sabes, cansa. Estou precisando atracar minha velha lancha em um porto mais tranqüilo. Enquanto não encontro, só me resta procurar, no horizonte, algum sinal de terra firme. E a tua cartinha, minha querida, pode ter sido um desses sinais. Por isso apressei-me em respondê-la e ao mesmo tempo fazer um convite: por que a gente não se encontra pessoalmente para trocar uma idéia? Não seria legal?
A gente podia tomar um chá, uma coca light com limão ou um champagne, comer uns petit-fours, saborear uns queijinhos ou jantar à luz de velas.
E quem sabe neste Natal nós dois não teríamos nossos desejos realizados? Você ganhando casa, comida, roupa lavada, carro na garagem, jardineiro musculoso e dinheiro no banco, como estava na sua cartinha e eu ganhando o seu lindo coração, aliás muito bem protegido por esses simpáticos monumentos que aparecem na foto que estava no envelope. Que tal? Topas?
Beijos, PN.
Fotolegenda
Hoje acordei saudosista! Eu sei que vocês adoram a Dilma e pretendem mantê-la mais quatro anos, mas preciso confessar uma coisa: no tempo do Lula a coisa era mais divertida. Ele sabia posar para as fotos de modo a torná-las interessantes. Era (e ainda é), um bom ator, um comediante nato, um craque nos discursos diante de multidões, graças a décadas de sindicalismo. Já a Dilma se esforça, mas tirante a foto com o neto no colo (desrespeitando leis do país que ela governa), não é muito engraçada. Nem facilita a vida dos que, como eu, só querem animar um pouco esta data festiva. Então, pra matar a saudade, aí estão uns cartões de Natal de... 2007!
Crédito:
Molecagem sobre fotos do Ricardo Stuckert/PR