Dezesseis dos 20 peruanos que trampam na praça da Bíblia, no centro de Balneário Camboriú, teriam sofrido um baita calote antes mesmo de desembarcarem na Maravilha do Atlântico, no início do mês. Cada um teria pago 1,8 mil pilas pra explorar o espaço público cedido pela prefa da city. O dindim, afirmam, foi pago à peruana Gladys Miguel Villar, organizadora da exposição. A mulher tá sendo investigada pela polícia Civil e já foi chamada pra depor.
A vinda dos peruanos faz parte de um intercâmbio comercial articulado pela fundação Cultural, em parceria com o ministério do Comércio Exterior do Peru e a associação de Mulheres Industriais e Artesãs ...
A vinda dos peruanos faz parte de um intercâmbio comercial articulado pela fundação Cultural, em parceria com o ministério do Comércio Exterior do Peru e a associação de Mulheres Industriais e Artesãs (Amiap), da qual Gladys é presidenta. A ideia era possibilitar aos peruanos expor artesanato e comidas típicas do país, além de manifestações culturais.
De acordo com S., que preferiu não ter seu nome divulgado, os 16 peruanos pagaram 800 dólares a Gladys, ainda no Peru. O valor seria pro aluguel do espaço público que eles ocupariam até 13 de dezembro. Foi um golpe bem feito. Ela fez um contrato com esses peruanos e disse que a prefeitura de Balneário Camboriú ia alugar o espaço, revela S., que é peruana e vive na praia mais desejada do sul do mundo há mais de 20 anos.
Não bastasse o golpe aplicado no Peru, Gladys acompanhou os artesãos até o Brasil e teria explorado os coitados em Balneário Camboriú. Segundo S., a presidenta da Amiap cobrou mais 150 dólares de cada um dos comerciantes pelo aluguel de apartamentos num edifício próximo à praça da Bílblia. Eles dormem no chão e usam todos um banheiro só, acrescenta a denunciante. Segundo ela, Gladys mora no mesmo edifício, mas num apartamento bem mais confortável e limpo que o dos conterrâneos.
Denunciaram à polícia
Todo o drama dos peruanos foi contado por eles mesmos a S., que resolveu procurar o DIARINHO. Segundo ela, Gladys é acusada pelos artesãos de maltratá-los, principalmente os mais idosos. Ela vivia xingando e dizia pra não saírem na rua, pois as pessoas matam qualquer um e a polícia não prende, revela a denunciante.
Os 16 peruanos lesados por Gladys formalizaram uma denúncia contra a muié na polícia Civil de Balneário Camboriú, no início da semana. O DIARINHO entrou em contato com o delegado Márcio Colatto, ontem à tarde, mas ele preferiu não se manifestar sobre o caso. Eu não tenho nada pra dizer a vocês sobre isso, limitou-se a dizer o policial.
Prefa garante que não cobrou um centavo dos peruanos
O presidente da fundação Cultural de Balneário Camboriú, Anderson Beluzzo, afirmou que a prefeitura não cobrou um centavo pelo espaço cedido aos peruanos. A prefeitura cedeu tendas e bancadas para que eles pudessem fazer a exposição dos produtos. O que é oferecido com recurso público não pode ser cobrado, explica Beluzzo, que é advogado.
O abobrão diz que não houve qualquer cobrança indevida dos comerciantes no Brasil e assegura que o caso não compete à dona justa. Acredita, ainda, que o que aconteceu foi um desacordo comercial entre as partes envolvidas. A prefeitura orientou que as reclamações fossem feitas na origem [com a organização peruana]. A participação do município foi apenas no sentido de ofertar o espaço, de forma gratuita, concluiu o superindente.
Gladys acusa os comerciantes de contarem história da carochinha. Por telefone, se defendeu das acusações e qualificou os comerciantes como mentirosos e aproveitadores. Segundo ela, a cobrança dos 800 dólares faz parte de um contrato assinado com os peruanos ainda no Peru. Essa mesma exposição será feita também em Lima [capital peruana]. O valor [800 dólares] é para cobrir as despesas, explica a organizadora.
Gladys acrescenta que apenas cinco comerciantes cumpriram o contrato e pagaram a taxa prevista. Agora, depois de vender os produtos, estão dizendo que não sabem de nada. Estão mentindo e não querem pagar, soltou a peruana. Segundo ela, oito e não 20 comerciantes trampam na praça da Bílblia. Os demais são empregados de cada um deles, garante.
A presidenta da Amiap desmentiu a versão de que teria cobrado 150 dólares dos conterrêneos pelo aluguel de apartamentos. Segundo ela, nenhum deles foi obrigado a pagar pelos 19 dias de estada em Balneário Camboriú. O que estão falando por aí é tudo mentira. Eu não teria por que esconder a verdade, concluiu.